ROSS et al - Administracao Financeira - Gestão Financeira (2024)

administração

financeira

Ross Westerfi eld Jaffe LambRoss Westerfi eld Jaffe Lamb

Escola de

Administração

da UFRGS

O conhecimento sobre mercados fi nanceiros está mais integrado do que nunca.

A teoria e a prática das fi nanças corporativas têm alcance global. O pensamento em

Finanças tem quadros de referência estabelecidos. Já o valor está no conhecimento

das práticas locais.

Líder de mercado nos Estados Unidos, Corporate Finance chega ao Brasil em uma

nova versão que incorpora o conhecimento e as práticas brasileiras. Com revisão

técnica e adaptação ao mercado brasileiro do prof. Roberto Lamb, da Escola de

Administração da UFRGS, a obra contextualiza o conteúdo norte-americano à

realidade brasileira.

O livro ainda conta com a contribuição do Instituto Educacional BM&FBOVESPA,

com conteúdos sobre o funcionamento da bolsa de valores e sobre as práticas do

mercado brasileiro de títulos mobiliários.

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fi nance [recurso eletrônico] / Stephen A. Ross ... [et al.] ;

tradução : [Evelyn Tesche ... et al]. – 10. ed. – Porto Alegre

: AMGH, 2015.

Editado também como livro impresso em 2015.

ISBN 978-85-8055-432-8

1. Finanças. 2. Administração. I. Ross, Stephen A.

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Steph en A. Ross

Massachusetts Institute of

Technology

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Westerfield

University of Southern

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Roberto Lamb

Escola de Administração

UFRGS

2015

Versão impressa

desta obra: 2015

Versão brasileira da obra originalmente publicada sob o título

Corporate Finance, 10th Edition

ISBN 0078034779 / 9780078034770

Original edition copyright ©2013, The McGraw-Hill Companies, Inc., New York, New York 10020. All rights reserved.

Portuguese translation edition copyright ©2015, AMGH Editora Ltda., a Grupo A Educação S.A. company.

All rights reserved.

Gerente editorial: Arysinha Jacques Affonso

Coordenadora editorial: Verônica de Abreu Amaral

Assistente editorial: Danielle Oliveira da Silva Teixeira

Tradução: Scientific Linguagem Ltda.: Evelyn Tesche, Flávia Pritsch Simões Pires, Gabriel Rios Borges,

Patrícia Varriale da Silva, Mauni Lima Oliveira, Laura Barcelos Martins e Janisa Scomazzon Antoniazzi

Equipe BM&FBOVESPA: Gustavo de Souza e Silva, José Alberto Netto Filho, Marcelo Cambria, Pedro Bustamante,

Renato Tokiharu Issatugo, Tamara Ferreira Schmidt e Marita Bernhoeft

Preparação de originais: Edirnelis Moraes dos Santos e Silvana Silva

Leitura final: Cristhian Matheus Herrera

Capa: Maurício Pamplona (arte sobre capa original)

Imagem de capa: ©getty images / Allan Baxter

Editoração: Techbooks

Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à

AMGH EDITORA LTDA., uma parceria entre GRUPO A EDUCAÇÃO S.A. e McGRAW-HILL EDUCATION

Av. Jerônimo de Ornelas, 670 – Santana

90040-340 – Porto Alegre – RS

Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070

É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer

formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web

e outros), sem permissão expressa da Editora.

Unidade São Paulo

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Vila Anastácio – 05095-035 – São Paulo – SP

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IMPRESSO NO BRASIL

PRINTED IN BRAZIL

Os autores

STEPHEN A. ROS S Professor da cátedra Franco Modigliani de Economia e Finanças na Sloan

School of Management do Massachusetts Institute of Technology. Um dos autores mais respei-

tados nas áreas de finanças e economia, o professor Ross é reconhecido por seu trabalho no

desenvolvimento da Teoria de Precificação por Arbitragem (Arbitrage Pricing Theory – APT)

e contribuiu muito para essa disciplina com sua pesquisa em sinalização, teoria de agência,

precificação de opções a teoria da estrutura a termo das taxas de juros, além de outros assuntos.

Ex-presidente da American Finance Association, atualmente trabalha como editor associado de

vários periódicos acadêmicos. Também é membro do Conselho Consultivo da CalTech.

RANDOLPH W. WESTERFIELD Marshall School of Business, University of Southern California.

Randolph W. Westerfield é diretor emérito da Marshall School of Business da University of

Southern California e é professor da cátedra Charles B. Thornton de Finanças.

Ele entrou para a USC após passar pela Wharton School da University of Pennsylvania,

onde atuou como chefe do Departamento de Finanças e foi membro do corpo docente da fa-

culdade de finanças por 20 anos. O professor Westerfield é membro de muitos conselhos de

administração de empresas abertas, incluindo a Health Management Associates, Inc., a William

Lyons Homes e o fundo de investimento Nicholas Applegate. Atua nas áreas de finanças corpo-

rativas, gestão de investimentos e comportamento do preço das ações.

JEFFREY F. JAFFE Wharton School of Business, University of Pe nnsylvania. Jeffrey F. Jaffe é

um colaborador frequente para a literatura de finanças e economia em revistas como a Quar-

terly Economic Journal, The Journal of Finance, The Journal of Financial and Quantitative

Analysis, The Journal of Financial Economics e The Financial Analysts Journal. Seu trabalho

mais conhecido trata de transações com informações privilegiadas e mostrou que insiders de

empresas têm ganhos anormais com suas transações com ações, e que a regulamentação tem

pouco efeito sobre esses ganhos. Ele também contribuiu para os temas ofertas públicas iniciais,

regulamentação de concessões, comportamento de formadores de mercado, flutuação dos pre-

ços do ouro, efeito

,

não precisam ser pagas dentro de um ano e, no balanço patrimonial, são cha-

madas de passivo não circulante. O patrimônio líquido dos acionistas representa a diferença

entre o valor dos ativos e as dívidas da empresa. Nesse sentido, ele é um direito residual sobre

os ativos da empresa.

A partir do modelo do balanço patrimonial da empresa, é fácil observar por que as finanças

podem ser pensadas como o estudo das três questões a seguir:

1. Em que ativos de longa duração a empresa deveria investir? Essa questão diz respeito ao

lado esquerdo do balanço patrimonial. Obviamente, o tipo e a proporção de ativos de que a

empresa necessita costumam ser estabelecidos pela natureza do negócio. Usamos o termo

Passivo não

circulante

Ativo circulante

Ativos não

circulantes

1. Ativos não circu-

lantes tangíveis

2. Ativos não circu-

lantes intangíveis

Capital

circulante

líquido

Passivo circulante

Patrimônio líquido

dos acionistas

Valor total da empresa

para os investidores

Valor total dos ativos

FIGURA 1.1 O modelo patrimonial da empresa.

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Capítulo 1 Introdução às Finanças Corporativas 3

orçamento de capital para descrever o processo de realizar e gerir as despesas envolvendo

ativos de longo prazo.

2. Como a empresa pode reunir fundos para as despesas de capital exigidas? Essa questão diz

respeito ao lado direito do balanço patrimonial. A resposta a essa questão envolve a estru-

tura de capital da empresa, representada pelas proporções do financiamento por dívidas

com vencimentos de curto e de longo prazos e pelo capital dos acionistas.

3. Como fluxos de caixa de curto prazo devem ser administrados? Essa questão diz respeito à

parte superior do balanço patrimonial. Muitas vezes, há um desequilíbrio entre a distribui-

ção no tempo dos fluxos de entrada e de saída de caixa durante as atividades operacionais.

Além disso, a quantidade e a distribuição no tempo dos fluxos de caixa operacionais não

são totalmente conhecidas. Gestores financeiros devem tentar administrar as defasagens

dos fluxos de caixa. Da perspectiva do balanço patrimonial, a gestão de curto prazo para o

fluxo de caixa está associada à gestão do capital de giro da empresa. O valor do capital

de giro é igual ao valor do capital circulante líquido. O capital circulante líquido é definido

como os ativos circulantes menos os passivos circulantes, enquanto o capital de giro é igual

à soma do patrimônio líquido e do passivo não circulante deduzida do ativo não circulante.

O capital de giro é um recurso de longo prazo não aplicado em ativos imobilizados e, por-

tanto, disponível para financiar as aplicações circulantes. De uma perspectiva financeira, os

problemas de fluxo de caixa de curto prazo surgem do desequilíbrio de fluxos de entrada e

saída de caixa. Esse é o tema de finanças de curto prazo.

O gestor financeiro

Em grandes empresas, a atividade f inanceira é geralmente associada com os cargos mais altos,

tais como vice-presidente, diretor financeiro e alguns cargos um pouco abaixo desses. A Figu-

ra 1.2 (p. 4) representa uma estrutura organizacional geral, enfatizando as atividades financeiras

dentro da empresa.

O tesoureiro e o controller reportam-se ao diretor financeiro. O tesoureiro é responsável

por lidar com fluxos de caixa, gerenciar as decisões de despesas de capital e executar os planos

financeiros. O controller lida com funções contábeis, o que inclui tributos, custos, contabilidade

financeira e sistemas de informação.

1.2 A empresa de capital aberto

A empresa é uma forma de organizar a atividade econômica de muitas pessoas. Um problema

básico da empresa é como captar fundos. A organização de negócios na forma de empresa de

capital aberto – isto é, organizar a empresa na forma de uma sociedade por ações de capital

aberto (S/A aberta) – é o método padrão para resolver problemas encontrados no levantamento

de grandes quantias de dinheiro (o termo “aberto” significa que a esse tipo de empresa é autori-

zado a buscar financiamento diretamente junto ao público investidor). Os negócios, no entanto,

podem tomar outras formas. Nesta seção, consideramos três formas básicas legais de organizar

uma empresa e observamos como cada uma delas se comporta diante da tarefa de levantar gran-

des quantias de dinheiro.

A empresa individual

Uma empresa individual é aquela que pertence a apenas uma pessoa. Su ponha que você deci-

da abrir um negócio para fabricar ratoeiras. Iniciar o negócio é simples: você anuncia para todos

que estiverem escutando “Hoje, irei construir a melhor ratoeira”.

Você pode optar entre ser um microempreendedor individual ou um empresário indivi-

dual. O microempreendedor individual trabalha por conta própria como pequeno empresário e

pode ter um empregado contratado. Porém, seu faturamento anual máximo é R$ 60.000,00, e

não poderá ter participação em outra empresa como sócio ou titular. Se optar por ser um empre-

Para questões atuais

enfrentadas pelos

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Estados Unidos, acesse

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individuais consulte:

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4 Parte I Visão Geral

sário individual, constituirá uma EIRELI1. Você precisa registrar a empresa na Junta Comercial

e, em função da natureza das atividades constantes do objeto social, fazer inscrições em outros

órgãos, como Receita Federal (CNPJ), Secretaria de Fazenda do Estado (inscrição estadual e

ICMS) e Prefeitura Municipal (concessão do alvará de funcionamento e autorização de órgãos

responsáveis pela saúde, segurança pública, meio ambiente e outros, conforme a natureza da

atividade). Após isso, você pode começar a contratar as pessoas necessárias e talvez buscar em-

préstimos em dinheiro para o que precisar. Ao final do ano, todos os lucros e perdas serão seus.

Aqui estão alguns fatores importantes que devem ser considerados para uma empresa

individual:

1. Uma empresa individual é a forma de negócio mais barata. Poucas características formais

são exigidas e, na maioria dos setores, há poucas regulamentações governamentais a serem

cumpridas.

2. Uma empresa individual paga impostos simplificados, e todos os lucros do negócio são

tributados como renda de pessoa jurídica, no caso da EIRELI.

1 Criada pela Lei no 12.441, de 11 de julho 2011, a empresa individual de responsabilidade limitada é constituída por

uma única pessoa titular da totalidade do capital social integralizado, não inferior a 100 vezes o maior salário-mínimo

vigente no país. O nome empresarial deve ser formado pela inclusão da expressão “EIRELI” após o nome da firma

ou da denominação social (Brasil, 2011). O patrimônio da EIRELI é apartado do patrimônio do titular de seu capital

social; porém, quem constituir esse tipo de empresa só pode figurar em uma única empresa dessa modalidade.

Conselho de administração Conselho fiscal

Assembleia de acionistas

Diretor-presidente

Vice-presidente ou

diretor financeiro

ControllerTesoureiro

Gerente de conta-

bilidade de custos

Gerente de

sistemas de

informação

Gerente de

contabilidade

financeira

Planejamento

financeiro

Despesas

de capital

Gerente de caixa

Gerente

de crédito

Gerente

de tributos

FIGURA 1.2 Quadro organizacional hipotético da função financeira.

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Capítulo 1 Introdução às Finanças Corporativas 5

3. Em decorrência da segregação de

,

dívidas e obrigações decorrentes dos negócios na pessoa

jurídica, a empresa individual tem passivos limitados à EIRELI, sem confundir os ativos

pessoais do empresário individual e os do negócio.

4. A vida da empresa individual é limitada pela vida do proprietário.

5. Em razão de que o único dinheiro investido na empresa é o do proprietário, o capital pró-

prio que pode ser levantado está limitado aos recursos do proprietário.

A sociedade

Duas ou mais pessoas podem formar uma sociedade. Elas se enquadram em duas categorias:

(1) sociedades sem limitação de responsabilidades para os sócios e (2) sociedades com respon-

sabilidades limitadas para os sócios.

Em uma sociedade sem limitação de responsabilidades para os sócios, todos concordam em

contribuir com alguma parte do trabalho e do dinheiro e compartilhar os lucros e os prejuízos.

Cada sócio é responsável por todas as dívidas da sociedade. O contrato social especifica a natureza

do acordo. Para que o acordo seja estabelecido, deve ser redigido um documento formal que deve

ser registrado na Junta Comercial, ou em Cartório, ou em um órgão de representação de classe,

como é o caso de empresas de advogados, cujo registro deve ser feito na OAB; um CNPJ deve

ser obtido na Secretaria da Receita Federal; as empresas comerciais devem ter registro no órgão

estadual que controla o ICMS; alvarás de funcionamento devem ser obtidos junto à prefeitura.

Sociedades com responsabilidade limitada para os sócios permitem que as obrigações de

alguns sócios limitem-se à quantidade de dinheiro contribuído. Sociedades limitadas frequente-

mente exigem que (1) no mínimo um sócio seja sócio sem limitação de responsabilidades e (2)

que os sócios de sociedades com responsabilidade limitada não participem da gestão do negó-

cio. Os passos e registros exigidos das sociedades sem limitação de responsabilidade também

são exigidos para as com responsabilidade limitada. Aqui estão alguns fatores importantes que

devem ser considerados em uma sociedade:

1. Sociedades geralmente não têm custo elevado para serem formadas e são relativamente

fáceis de formar. Além do contrato social, pode haver um Estatuto e, em acordos mais com-

plexos, um acordo de sócios. Além dos registros de praxe, licenças podem ser necessárias

em alguns ramos. Há taxas de registro e custos administrativos, além do pagamento de

eventuais licenças necessárias.

2. Em sociedades sem limitação de responsabilidades, todos os sócios têm responsabilidades

ilimitadas e são solidários em relação a todas as obrigações da sociedade. Em algumas

sociedades (sociedades por comandita), há duas categorias de sócios, os com responsabili-

dade limitada à contribuição em capital que cada um fez à sociedade (comanditários) que

participam das deliberações, mas não participam da gestão e não podem ter seu nome na

firma, e os sócios com responsabilidade ilimitada, responsáveis pela gestão.

3. Em sociedades limitadas, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao capital que aportou

à sociedade; o capital social é dividido em cotas iguais ou desiguais. A administração é de

uma ou mais pessoas designadas no contrato social, ou em ato separado. É admitida a figu-

ra do administrador não sócio.

4. É difícil para uma sociedade levantar grandes quantias de dinheiro. Contribuições para

o patrimônio da sociedade são geralmente limitadas à capacidade e vontade do sócio em

contribuir com a sociedade. Muitas grandes empresas globais, como a Apple, começaram

a vida como uma empresa individual ou uma pequena sociedade, mas, em algum ponto,

escolheram mudar para uma empresa de capital aberto.

5. O lucro de uma sociedade é tributado na empresa, e a distribuição de lucros para os sócios é

considerada rendimento tributado na fonte, isento de tributação na pessoa física dos sócios.

6. O controle de gestão está nas mãos dos sócios que não têm limitação de responsabilidades.

Normalmente, o contrato social (ou o estatuto) exige o voto majoritário em assuntos impor-

tantes, tais como a quantidade de lucro a ser retida nos negócios.

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6 Parte I Visão Geral

É difícil para organizações de grande porte existir como empresas individuais ou socie-

dades. A principal vantagem de uma empresa individual ou sociedade é o custo para iniciar.

Por outro lado, as desvantagens, que podem se tornar severas, são (1) obrigação ilimitada dos

sócios, (2) vida limitada do empreendimento e (3) dificuldade na transferência de proprietário.

Essas três desvantagens levam a outra: (4) dificuldade em levantar dinheiro.

A empresa de capital aberto

Dos diversos tipos de empreendimentos empresariais, a empresa de capital aberto, ou socie-

dade por ações de capital aberto (S/A aberta), é, d e longe, a mais importante. É uma entidade le-

gal com vida própria. Esse tipo de empresa pode ter um nome e usufruir de muitos dos poderes

legais de que uma pessoa física usufrui. Por exemplo, ela pode adquirir e trocar propriedades,

celebrar contratos, processar e ser processada. Para fins jurisdicionais, a empresa de capital

aberto é um cidadão do país em que está constituída (porém, ela não pode votar).

Iniciar empresas de capital aberto é mais complexo do que iniciar empresas individuais ou

sociedades. A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da

emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com

a intermediação de instituição financeira. O pedido de registro de emissão junto à Comissão de

Valores Mobiliários deve incluir os seguintes documentos: o estudo de viabilidade econômica

e financeira do empreendimento; o projeto do estatuto social; e o prospecto, organizado e assi-

nado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária. O estatuto deve incluir (com

a observância da Lei Societária Brasileira e as normas da Comissão de Valores Mobiliários,

CVM, no que couber) o que segue:

1. Nome da empresa, sede e duração.

2. Objeto social (quais os negócios em que a empresa atuará).

3. Composição do capital, número e classes de ações, forma e condições para a emissão de

novas ações.

4. Direitos garantidos a cada classe de acionistas.

5. Normas gerais para a administração da empresa, para eleição e composição do conselho de

administração e diretoria, atribuições do conselho de administração e diretoria e comitês do

conselho de administração ou comitês executivos.

6. Número de componentes do conselho fiscal, suas atribuições e definição de seu funciona-

mento permanente ou instalação a cada assembleia geral ordinária.

7. Procedimentos para instalação da Assembleia Geral (Ordinária e Extraordinária) e seus

poderes.

8. Previsão dos procedimentos em caso de liquidação da empresa.

As normas estabelecidas no Estatuto são as regras a serem usadas pela empresa a fim de regular

a própria existência; elas atingem acionistas, conselheiros, diretores e funcionários. Elas vão

desde regras simples e breves sobre a gestão da empresa até centenas de páginas de texto.

Em seu formato simples, a empresa de capital aberto abrange três grupos diferentes: os

acionistas (os proprietários), os conselheiros de administração e a diretoria (alta administração).

Os acionistas tradicionalmente controlam a direção, as políticas e as atividades da sociedade,

por meio da eleição dos membros do conselho de administração que, por sua vez, elege a di-

retoria. Membros da diretoria trabalham como funcionários estatutários da empresa e dirigem

as operações da empresa tendo em vista o interesse dos acionistas. Em empresas de capital

fechado com poucos acionistas, pode haver uma grande sobreposição entre acionistas controla-

dores, conselheiros

,

de administração e diretoria. No entanto, em grandes sociedades por ações,

os acionistas, os conselheiros de administração e a diretoria costumam ser formados por grupo

diferentes. No caso brasileiro, em um grande número de empresas de capital aberto, o acionista

controlador ou acionistas controladores podem ter controle quase total sobre a administração.

Essa é a principal razão da existência do conselho fiscal, um órgão subordinado somente à

Para informações sobre a

organização de

sociedades, consulte o

Código Civil Brasileiro:

http://www.planalto.gov.

br/ccivil_03/Leis/2002/

L10406.htm.

Para saber

mais sobre a organização

de empresas de capital

aberto, consulte a Lei das

Sociedades por Ações:

http://www.planalto.gov.

br/ccivil_03/Leis/

L6404consol.htm.

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Highlight

Capítulo 1 Introdução às Finanças Corporativas 7

assembleia de acionistas. No caso de empresas norte-americanas, acionistas, conselho de admi-

nistração e diretoria podem constituir grupos com interesses distintos.

A possibilidade de separação entre a propriedade e a gestão dá às empresas de capital aber-

to muitas vantagens sobre empresas individuais e sociedades.

1. Como a propriedade em uma empresa de capital aberto é representada por ações, ela pode

ser transferida facilmente para novos donos. Pelo fato de a empresa existir independen-

temente daqueles que detêm as ações, não há limites para a transferência de propriedade

como há em outras sociedades.

2. A empresa de capital aberto tem uma vida ilimitada. Como ela está separada de seus pro-

prietários, a morte ou a desistência de um proprietário não afeta sua existência legal. A

empresa pode continuar após os proprietários originais terem se retirado.

3. A obrigação dos acionistas está limitada à quantidade investida na fatia de propriedade repre-

sentada pelas ações. Por exemplo, se um acionista comprou $ 1.000 em ações de uma empre-

sa de capital aberto, a sua perda potencial seria de $ 1.000. Em outro tipo de sociedade, um

sócio sem limitação de responsabilidades, com uma contribuição de $ 1.000, poderia perder

esse valor e mais o que vier a ser responsabilizado por dívidas assumidas pela empresa.

A responsabilidade limitada, a facilidade de transferência da propriedade e a sucessão de

caráter perpétuo são a maior vantagem da organização de negócios na forma de uma empresa de

capital aberto. Isso dá à empresa uma maior capacidade para levantar recursos.2 O Quadro 1.1

(p. 8) resume nossa discussão sobre empresas de capital aberto e sociedades limitadas.

Uma empresa de capital aberto com outro nome...

A organização de negócios na forma de empresa de capital aberto apresenta muitas variações

ao redor do mundo. Obviamente, as leis e as regulamentações exatas diferem de um país para

outro, mas as características essenciais do domínio público e da responsabilidade limitada per-

manecem. Essas empresas quase sempre são chamadas de sociedades por ações, sociedades

abertas ou sociedades de responsabilidade limitada, dependendo da natureza específica da

empresa e do país de origem.

O Quadro 1.2 (p. 8) mostra os nomes de algumas conhecidas empresas internacionais de

capital aberto, seus países de origem e uma tradução da abreviação que acompanha cada nome.

1.3 A importânc ia do fluxo de caixa

A tarefa mais importante de um gestor financeiro é criar valor com as atividades de orçamento

de capital, estrutura de capital e capital de giro da empresa. Como os gestores financeiros criam

valor? Para responder a essa pergunta, considere que a empresa deveria:

1. Tentar comprar ativos que gerem mais caixa do que o gasto no seu custo.

2. Emitir títulos de dívida, ações e outros instrumentos financeiros que levantem mais caixa

do que o seu custo.

2 Nos Estados Unidos, atualmente, todos os Estados possuem leis que permitem a criação de uma forma de

organização de negócios relativamente nova lá: a companhia limitada (limited liability company – LLC). O obje-

tivo dessa entidade é operar e ser tributada como uma sociedade, mas conservar a responsabilidade limitada dos

proprietários; assim, a LLC é essencialmente um híbrido entre outras formas de sociedade e empresas de capital

aberto. Embora os Estados tenham definições diferentes para as LLCs, o que importa é a Receita Federal (Inter-

nal Revenue Service – IRS). O IRS a considera uma empresa de capital aberto, sujeitando-a a dupla tributação,

a menos que ela atenda a determinados critérios específicos. Fundamentalmente, a LLC não pode ter muitas ca-

racterísticas de empresa de capital aberto; caso contrário, será tratada como uma corporação pelo IRS. As LLCs

tornaram-se comuns. Por exemplo, a Goldman, Sachs and Co., uma das poucas sociedades remanescentes em

Wall Street, resolveu passar de sociedade privada para LLC (mais tarde ela “tornou-se aberta”, transformando-se

em uma companhia de capital aberto). A maioria das grandes empresas de contabilidade e escritórios de advo-

cacia se converteu em LLCs. Para saber mais sobre as LLCs nos Estados Unidos, visite www.incorporate.com.

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8 Parte I Visão Geral

Uma empresa, portanto, deve criar fluxos de caixa maiores do que o que consome. Os fluxos de

caixa pagos aos credores e aos acionistas de uma empresa deveriam ser maiores do que os flu-

xos de caixa colocados na empresa pelos credores e acionistas. Para entendermos como isso é

feito, podemos seguir os fluxos de caixa da empresa até os mercados financeiros e, em seguida,

fazer o caminho inverso.

A interação das atividades da empresa com os mercados financeiros é ilustrada na Figu-

ra 1.3 (p. 10). As flechas na Figura 1.3 indicam o fluxo de caixa da empresa até os mercados

financeiros e o caminho inverso.

QUADRO 1.1 Uma comparação entre empresas de capital aberto e sociedades

Empresas de capital aberto Sociedades

Liquidez e negociabilidade Ações podem ser trocadas sem o encerramento da

empresa. A ação de empresas abertas é listada

em bolsas de valores.

Cotas estão sujeitas a restrições substanciais

sobre sua transferência. Normalmente, não há

mercado estabelecido para cotas de sociedades.

Direito de voto Normalmente, cada ação dá ao titular o direito

a um voto no assunto em questão e permite

um voto na eleição dos conselheiros de

administração. Os conselheiros determinam a

composição da diretoria.

Sócios com responsabilidade limitada têm direito

a voto; no entanto, o sócio sem limitação de

responsabilidade tem o controle exclusivo

sobre a gestão das operações.

Tributação O lucro é tributado nas empresas; dividendos não

são tributáveis para os acionistas. Juros sobre

capital próprio são classificados como despesas na

empresa e rendimento tributável para os acionistas.

O lucro é tributado nas empresas; a distribuição

de lucros pra os sócios é classificada como

rendimento tributado exclusivamente na fonte,

isentos como rendimento de pessoas físicas.

Reinvestimento e

pagamento de dividendos

Dividendos devem ser pagos conforme

determinado pelo Estatuto. A lei estabelece

percentuais mínimos no caso de não previsão

no Estatuto. O reinvestimento de lucros deve ser

suportado por um orçamento de capital aprovado

pelo conselho de administração.

Os lucros são distribuídos ou reinvestidos

conforme decisão dos sócios.

Responsabilidades Os acionistas não são pessoalmente responsáveis

pelas obrigações da empresa.

Sócios de responsabilidade limitada não são

responsáveis por obrigações da sociedade.

Sócios sem limitação de responsabilidade

podem ter obrigações ilimitadas.

Tempo de existência Podem ter vida perpétua. Tempo de vida limitado.

QUADRO 1.2 Empresas es trangeiras de capital aberto

Tipo de empresa

,

Empresa País de origem No idioma original Tradução

Bayerische Motoren

Werke (BMW) AG

Alemanha Aktiengesellschaft Empresa de capital aberto.

Red Bull GmBH Áustria Gesellschaft mit

Beschränkter Haftung

Companhia com características híbridas entre uma

sociedade limitada e uma companhia aberta.

Rolls-Royce PLC Reino Unido Public Limited Company Companhia aberta; os acionistas têm

responsabilidade limitada ao capital.

Shell UK Ltd. Reino Unido Limited Empresas de capital aberto.

Unilever NV Holanda Naamloze Vennootschap Misto de sociedade por ações de capital aberto

e companhia limitada; os acionistas têm

responsabilidade sobre as dívidas da sociedade.

Fiat SpA Itália Società per Azioni Misto de sociedade por ações de capital aberto

e companhia limitada; os acionistas têm

responsabilidade sobre as dívidas da sociedade.

Volvo AB Suécia Aktiebolag Misto de sociedade por ações de capital aberto

e companhia limitada; os acionistas têm

responsabilidade sobre as dívidas da sociedade.

Peugeot SA França Société Anonyme Misto de sociedade por ações de capital aberto

e companhia limitada, os acionistas têm

responsabilidade sobre as dívidas da sociedade.

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Capítulo 1 Introdução às Finanças Corporativas 9COM A PALAVRA, OS EXECUTIVOS:

Habilidades necessárias para um diretor financeiro segundo a eFinance.com

Diretor estrategista: Diretores financeiros precisam usar in-

formações financeiras em tempo real para tomar decisões

cruciais.

Diretor negociador: Diretores financeiros devem ser espe-

cialistas em venture capital, fusões, aquisições e parcerias

estratégicas.

Diretor de riscos: Limitar os riscos será ainda mais impor-

tante à medida que os mercados tornam-se mais globais e

os instrumentos de proteção (hedge) mais complexos.

Diretor comunicador: Ganhar a confiança de Wall Street e

da mídia é fundamental.

Fonte: BusinessWeek, August 28, 2000, p. 120.

Imagine que iniciemos com as atividades de financiamento da empresa. Para levantar dinhei-

ro, a empresa vende títulos de dívidas e ações a investidores no mercado financeiro. Isso resulta

em fluxos de caixa que partem dos mercados financeiros em direção à empresa (A). Esse caixa é

investido em atividades de investimento (ativos) da empresa (B) pela administração da empresa.

O caixa gerado pela empresa (C) é pago a acionistas e credores (F). Os acionistas recebem caixa

na forma de dividendos e juros sobre o capital próprio; os credores recebem juros e, quando os

empréstimos são pagos, recebem o valor principal dos empréstimos. Nem todo o caixa da em-

presa é utilizado para pagamentos a investidores. Uma parte é retida (E), e outra parte é paga ao

governo em forma de impostos (D).

Com o tempo, se o caixa pago aos acionistas e credores (F) for maior do que o caixa levan-

tado no mercado financeiro (A), terá sido criado valor.

Identificação de fluxos de caixa Infelizmente, não é fácil observar os fluxos de caixa direta-

mente. Grande parte da informação que obtemos está na forma de demonstrações contábeis, e

grande parte do trabalho da análise financeira é obter informações sobre fluxos de caixa a partir

das demonstrações contábeis. O exemplo a seguir ilustra como isso funciona.

EXEMPLO 1.1 Lucro contábil versus fluxos de caixa

A Companhia Midas refina e negocia ouro. Ao final do ano, ela vendeu 25 kg de ouro por $ 1

milhão, adquiridos por $ 900.000 no começo do ano. Ela pagou à vista pelo ouro, na compra.

Infelizmente, ela ainda tem que cobrar do cliente para quem o ouro foi vendido. A seguir, te-

mos o quadro contábil da situação da Midas ao final do ano:

Companhia Midas

Demonstração de resultados do exercício (visão contábil)

Ano encerrado em 31 de dezembro

Venda $ 1.000.000

− Custo − 900.000

Lucro $ 100.000

Pelas normas contábeis, a venda é registrada mesmo que o cliente ainda tenha que pagar. Es-

pera-se que o cliente pague em breve. Da perspectiva contábil, a empresa parece ser rentável.

No entanto, na perspectiva das Finanças Corporativas, é diferente – o foco é nos fluxos de caixa:

Companhia Midas

Demonstração de resultados do exercício (visão financeira)

Ano encerrado em 31 de dezembro

Entrada de caixa $ 0

Saída de caixa −900.000

−$ 900.000

Na perspectiva de Finanças Corporativas, estaremos interessados em saber se estão sendo

criados fluxos de caixa com os negócios de venda do ouro. A criação de valor depende de

fluxos de caixa. Para a Midas, o valor criado depende de se e quando ela recebe o pagamento

de $ 1 milhão.

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10 Parte I Visão Geral

Distribuição dos fluxos de caixa no tempo O valor de um investimento realizado por uma

empresa depende da distribuição dos fluxos de caixa no tempo. Um dos princípios mais impor-

tantes em Finanças é que as pessoas preferem receber os fluxos de caixa o quanto antes. Um

real recebido hoje vale mais do que um real recebido no ano que vem.

EXEMPLO 1.2 Distribuição de fluxos de caixa no tempo

A Midas está tentando escolher entre duas propostas para um novo produto. Ambas as

propostas fornecerão fluxos de caixa em um período de quatro anos e custarão inicialmente

$10.000. Os fluxos de caixa das propostas estão destacados seguir:

Ano Produto novo A Produto novo B

1 $ 0 $ 4.000

2 0 4.000

3 0 4.000

4 20.000 4.000

Total $ 20.000 $ 16.000

A primeira impressão é a de que o produto novo A seria melhor. No entanto, os fluxos de caixa

da proposta B chegam antes do que os da A. Sem outras informações, não podemos decidir

qual grupo de fluxos de caixa criaria o maior valor para os credores e para os acionistas. Isso

depende de se o valor de caixa conseguido com o produto B supera o caixa extra total do

produto A. Os preços dos títulos de dívida e das ações refletem essa preferência por caixa a

receber antes, e veremos como usar isso para então decidirmos entre A e B.

Risco de Fluxo s de Caixa A empresa deve considerar o risco. A quantia e a distribuição dos

fluxos de caixa no tempo geralmente não são totalmente conhecidas. A maioria dos investidores

tem aversão ao risco.

EXEMPLO 1.3 Risco

A Midas está considerando expandir suas operações para outros países. Ela está avaliando

a Europa e o Japão como lugares possíveis. A Europa é considerada um local seguro, en-

quanto o Japão é visto como um local muito arriscado. A empresa encerraria as operações

após um ano em ambos os casos.

Após realizar uma análise financeira completa, a Midas chegou aos seguintes fluxos de

caixa para os planos alternativos de expansão em três cenários – pessimista, possível e oti-

Valor total dos ativos

Investimentos

da empresa em

ativos (B )

Ativos circulantes

Ativos não

circulantes

Caixa dos títulos de dívida emitidos pela empresa (A )

Fluxos de caixa retidos (E )

Tr

ib

ut

os

Governo

(D )

Fluxo de caixa

da empresa (C )

Dividendos e pagamentos

de dívidas (F )

Mercados

financeiros

Dívidas de

curto prazo

Dívidas de

longo prazo

Ações

Valor total da empresa

para os investidores nos

mercados financeiros

FIGURA 1.3 Fluxos de caixa ent re empresa e mercados financeiros.

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Capítulo 1 Introdução às Finanças Corporativas 11

mista: Se ignorarmos o cenário pessimista, talvez o Japão seja a melhor alternativa. Quando

incluímos o cenário pessimista, as escolhas são incertas. O Japão parece arriscado, mas ele

também oferece uma expectativa de fluxos de caixa maiores. O que é o risco e como pode

ser definido? Devemos tentar responder a essa importante questão. As Finanças Corpora-

tivas não podem deixar de enfrentar alternativas com risco, e grande parte deste livro está

voltada ao desenvolvimento de métodos para avaliar oportunidades com risco.

Pessimista Possível

,

Otimista

Europa $ 75.000 $ 100.000 $ 125.000

Japão 0 150.000 200.000

1.4 O objetivo da administração financeira

Se restringirmos nossa discussão aos negócios com fins lucrativos, o objetivo da administração

financeira é ganhar dinheiro ou agregar valor para os proprietários. Obviamente, esse objetivo

é um pouco vago, e examinaremos algumas maneiras diferentes de formulá-lo para chegarmos

a uma definição mais exata. Tal definição é importante porque leva a uma base objetiva para

tomar e avaliar decisões financeiras.

Objetivos possív eis

Se pensarmos nos objetivos financeiros possíveis, chegaremos a algumas ideias como as se-

guintes:

• Sobreviver.

• Evitar problemas financeiros e falência.

• Superar a concorrência.

• Maximizar as vendas ou a participação de mercado.

• Minimizar os custos.

• Maximizar os ganhos.

• Manter o crescimento constante dos lucros.

Esses são apenas alguns dos objetivos que poderíamos listar. Além disso, cada uma dessas pos-

sibilidades como objetivos do administrador financeiro apresenta problemas.

Por exemplo, é fácil aumentar a participação de mercado ou as vendas unitárias: basta

diminuirmos nossos preços ou facilitarmos nossas condições de crédito. Da mesma forma, po-

demos cortar os custos simplesmente eliminando pesquisa e desenvolvimento e podemos evitar

a falência se não tomarmos dinheiro emprestado nem assumirmos riscos, etc. Não está claro se

alguma dessas ações busca o melhor interesse dos acionistas.

A maximização dos lucros provavelmente seria o objetivo mais citado, mas mesmo esse

objetivo não é muito preciso. Trata-se dos lucros deste ano? Se for isso, devemos considerar

que algumas atitudes, tais como postergar manutenções, permitir que os estoques se esgotem ou

assumir outras medidas de corte de custos no curto prazo, tenderão a aumentar os lucros agora,

mas essas atividades não são obrigatoriamente desejáveis.

O objetivo de maximizar os lucros pode se referir a algum tipo de lucro “médio” ou “de

longo prazo”, mas ainda não está muito claro o que isso significa. Primeiramente, estamos nos

referindo a algo como lucro líquido contábil ou ganhos por ação? Como veremos com mais

detalhes no próximo capítulo, números contábeis podem estar pouco relacionados com aquilo

que é bom ou ruim para a empresa. Na verdade, estamos mais interessados nos fluxos de caixa.

Em segundo lugar, o que queremos dizer com longo prazo? Como já observou um famoso eco-

nomista, no longo prazo estaremos todos mortos! Mais precisamente, esse objetivo não nos diz

qual é a ponderação apropriada entre lucros correntes e lucros futuros.

Os objetivos que listamos aqui são todos diferentes, porém tendem a se enquadrar em duas

classes. A primeira delas diz respeito à lucratividade. Os objetivos que envolvem vendas, partici-

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Highlight

12 Parte I Visão Geral

pação de mercado e controle de custos se relacionam, pelo menos potencialmente, às diferentes

maneiras de ganhar ou aumentar os lucros. Os objetivos do segundo grupo, que envolvem evitar

a falência, manter a estabilidade e a segurança, relacionam-se, de alguma maneira, ao controle

do risco. Infelizmente, esses dois tipos de objetivos são um pouco contraditórios. A busca dos

lucros normalmente envolve algum elemento de risco, de modo que não é possível maximizar

tanto a segurança quanto os lucros. Assim, precisamos de um objetivo que inclua os dois fatores.

O objetivo da administração financeira

O administrador financeiro toma decisões para os aci onistas da empresa. Por isso, em vez de lis-

tar os possíveis objetivos do administrador financeiro, queremos realmente responder a uma per-

gunta mais fundamental: do ponto de vista dos acionistas, o que é uma boa decisão financeira?

Supondo que os acionistas comprem ações porque buscam ganhos financeiros, então a

resposta é óbvia: as decisões boas aumentam o valor das ações da empresa, e as decisões ruins

diminuem o seu valor.

De acordo com nossas observações, o administrador financeiro age em busca do melhor

interesse dos acionistas, tomando decisões que aumentam o valor das ações da empresa. O ob-

jetivo apropriado para o administrador financeiro pode, então, ser expresso facilmente:

O objetivo da administração financeira é maximizar o valor unitário corrente das

ações existentes.

O objetivo de maximizar o valor das ações da empresa evita os problemas associados aos

diferentes objetivos listados anteriormente. Não há ambiguidade de critério nem problemas do

tipo curto prazo versus longo prazo. Queremos dizer explicitamente que nosso objetivo é maxi-

mizar o valor atual das ações da empresa.

Se esse objetivo parece um pouco forte ou unidimensional, lembre-se de que os acionistas

de uma empresa são proprietários residuais. Isso quer dizer que eles têm direito apenas àquilo

que sobra depois que funcionários, fornecedores e credores (e todos que tenham um direito le-

gítimo de receber algo) forem devidamente pagos. Se qualquer um desses grupos não for pago,

os acionistas não recebem. Assim, se os acionistas estão ganhando porque a parte residual está

crescendo, então é porque todos os outros também estão ganhando.

Como o objetivo da administração financeira é maximizar o valor da ação, precisamos

aprender como identificar os investimentos e combinações de financiamento que tenham im-

pacto favorável sobre o valor das ações. É exatamente isso que vamos estudar. Nas seções ante-

riores, enfatizamos a importância dos fluxos de caixa na criação de valor. De fato, poderíamos

ter definido Finanças Corporativas como o estudo da relação entre as decisões de negócios, os

fluxos de caixa e o valor do capital investido nos negócios.

Um objetivo mais geral

Dado nosso objetivo (maximizar o valor das ações da empresa), surge uma questão óbvia: qual

é o objetivo apropriado quando as ações da emp resa não são negociadas em bolsa? Sem dúvida,

as empresas de capital aberto não são o único tipo de negócio, e, em algumas empresas, o capi-

tal investido raramente muda de mãos, de modo que é difícil saber o valor de uma participação

no seu capital em determinado momento.

Enquanto estivermos lidando com negócios que visem ao lucro, é necessária somente uma

pequena modificação. O valor total do capital próprio investido em uma companhia aberta é

simplesmente igual ao valor do patrimônio dos proprietários. Assim, um modo mais geral de

declarar nosso objetivo é o seguinte: maximizar o valor do patrimônio dos proprietários atuais.

Tendo isso em mente, não importa se a empresa é uma empresa individual, uma sociedade

ou uma empresa de capital aberto. Para cada uma delas, as boas decisões financeiras aumen-

tam o valor do patrimônio dos proprietários, e as decisões financeiras ruins o diminuem. Na

verdade, embora nos concentremos nas empresas de capital aberto nos próximos capítulos, os

princípios desenvolvidos aplicam-se a todas as formas de negócios. Muitos deles aplicam-se até

mesmo ao setor de organizações sem fins lucrativos.

Veja mais sobre questões

de ética nos negócios em

www.business-ethics.com.

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Capítulo 1 Introdução às Finanças Corporativas 13

Por último, nosso objetivo não quer dizer que o administrador financeiro deva tomar medi-

das ilegais ou antiéticas ou descuidar de questões ambientais e de sustentabilidade na esperança

de aumentar o valor do patrimônio dos sócios da empresa. Apenas defendemos que o adminis-

trador financeiro atenderá melhor aos proprietários da empresa ao identificar bens e serviços que

agreguem valor, porque eles são desejados e

,

valorizados em um mercado de livre concorrência.

1.5 O problema de agência e o controle

da empresa de capital aberto

Já vimos que o administrador financeiro busca o melhor interesse dos acionistas ao adotar me-

didas que aumentam o valor das ações. Entretanto, em grandes em presas de capital aberto, a

propriedade pode se diluir em um número enorme de acionistas.3 Essa dispersão de propriedade

possivelmente significa que quem realmente controla a empresa são os seus administradores.

Nesse caso, a administração necessariamente agirá para buscar o melhor interesse dos acio-

nistas? Caso exista um acionista controlador, ele necessariamente agirá para buscar o melhor

interesse dos não controladores? Em outras palavras, a administração, ou o controlador, não

poderia buscar seus próprios objetivos em detrimento daqueles dos acionistas em geral, e os

dos acionistas minoritários, no caso de preeminência do controlador? Nas próximas páginas,

faremos uma consideração rápida sobre alguns dos argumentos relacionados a essa questão.

Relacionamentos de agência

O relacionamento entre acionistas e administradores e entre acionistas controladores e não con-

troladores é chamado de relacionamento de agência. Tal relacionamento existe sempre que

alguém (o principal) contrata outr a pessoa (o agente) para representar seus interesses.4 Por

exemplo, você pode contratar alguém (um agente) para vender um carro seu enquanto você está

na faculdade. Nesses relacionamentos, existe a possibilidade de conflitos de interesses entre

principal e agente. Tal conflito é conhecido como um problema de agência.

3 Em muitos países – excluindo Estados Unidos e Reino Unido –, empresas de capital aberto são controladas

geralmente por um ou mais acionistas. Além disso, em países em que os acionistas tenham menor proteção – com-

parados a países com proteção forte, como Estados Unidos e Reino Unido –, os acionistas majoritários podem ter

melhores oportunidades de impor custos de agência em relação aos acionistas minoritários. Veja, por exemplo,

os artigos Investor Protection and Corporate Valuation, de Rafael La Porta, Florencio Lopez-De-Silanes, Andrei

Shleifer e Robert Vishny, Journal of Finance v. 57, p. 1147-1170, 2002; e Cash Holdings, Dividend Policy, and

Corporate Governance: A Cross-Country Analysis, de Lee Pinkowitz, René M. Stulz e Rohan Williamson, Journal

of Applied Corporate Finance, v. 19, n. 1, p. 81-87, 2007. Eles mostram que o quadro de proteção do investidor de

um país é importante para entender a retenção de caixa na empresa e o pagamento de dividendos. Por exemplo, eles

descobriram que acionistas não valorizam muito a retenção de caixa por empresas de países com baixa proteção ao

investidor quando comparado a empresas nos Estados Unidos, em que a proteção ao investidor é alta.

Em uma configuração de governança corporativa básica, os acionistas elegem o conselho de administração que,

por sua vez, nomeia os altos executivos, tal como o diretor-presidente. O diretor-presidente geralmente é um membro

do conselho de administração. Um aspecto da governança corporativa que não costuma ser muito citado é a questão

da figura do conselheiro independente na presidência do conselho de administração. Porém, em um considerável

número de empresas nos EUA, o diretor-presidente e o presidente do conselho de administração são a mesma pessoa.

No artigo U.S. Corporate Governance: Accomplishments and Failings, A Discussion with Michael Jensen and Robert

Monks (escrito por Ralph Walkling), Journal of Applied Corporate Finance, v. 20, n. 1 (Winter, 2008), é apresentada

a questão de como a combinação de diretor-presidente e presidência do conselho de administração pode contribuir

para empobrecer a governança corporativa. Tanto Jensen quanto Monks ressaltam a liderança do Reino Unido em

relação aos Estados Unidos quanto à governança, em parte porque em mais de 90% das empresas o Conselho de

Administração é presidido por conselheiros externos, e não pelo diretor-presidente. Essa é uma questão controversa

enfrentada por muitas empresas norte-americanas. Por exemplo, em maio de 2008, 19 investidores institucionais, in-

cluindo alguns dos maiores acionistas da multinacional ExxonMobil e membros da Fundação Rockefeller, apoiaram

uma resolução de separar as funções de diretor-presidente e presidente do conselho de administração. Aproximada-

mente 40% dos acionistas votaram pela separação. No Brasil, isso é diferente; para que uma empresa seja listada

nos segmentos Novo Mercado e Nível 2, é preciso que o estatuto da empresa determine essa separação de funções.

4 Contrato, aqui, tem sentido amplo. Quando um investidor adquire em bolsa ações de uma empresa, ele está

“contratando” a gestão da empresa para criar valor.

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14 Parte I Visão Geral

Imagine que você contrate alguém para vender seu carro e concorde em pagar a essa pessoa

uma comissão fixa quando o carro for vendido. O incentivo do representante, nesse caso, é para

fazer a venda, e não necessariamente para conseguir o melhor preço. Se você oferecer uma

comissão de, por exemplo, 10% sobre o preço da venda em vez de uma comissão fixa, então

provavelmente não haverá esse problema. Esse exemplo mostra que a maneira como um agente

é pago afeta os problemas de agência.

Objetivos dos administradores

Para ver como os interesses de administradores ou de acionistas controladores e não controla-

dores podem ser diferentes, imagine que a empresa esteja considerando um novo investimento.

O novo investimento deve ter impacto favorável sobre o v alor das ações da empresa, mas tam-

bém é um empreendimento relativamente arriscado. Os proprietários da empresa irão querer

fazer o investimento (porque o valor da ação subirá), mas os administradores não proprietários

podem não querer, porque existe a possibilidade de que as coisas não deem certo e eles percam

seus empregos. Se a administração não aceitar o investimento, os acionistas podem perder uma

oportunidade valiosa. No caso de haver um acionista controlador ou grupo de acionistas contro-

ladores, pode ocorrer que esse ou esses queiram realizar um investimento que os beneficie em

detrimento dos não controladores. Esses são exemplos de um custo de agência.

De modo mais geral, o termo custo de agência se refere aos custos do conflito de interesses

entre acionistas e administradores e controladores e não controladores. Esses custos podem ser

indiretos ou diretos. Um custo de agência indireto é uma oportunidade perdida, como a que

acabamos de descrever. O conflito entre acionistas e administradores é típico do mercado norte-

-americano, e o conflito entre controladores e não controladores é típico do mercado brasileiro

(embora também já existam aqui empresas com dispersão acionária, sem controlador definido,

situação em que o que ocorre nos Estados Unidos se aplica).

Os custos diretos de agência são de dois tipos. O primeiro é um tipo de gasto da empresa

que beneficia os administradores, mas cujo custo é suportado pelos acionistas. Talvez a compra

de um jatinho luxuoso e desnecessário possa ser vista como um gasto desse tipo (se o jatinho

for para uso do controlador, isso será um custo para os demais acionistas não controladores).

O segundo tipo é um gasto que surge da necessidade de monitorar as ações dos administrado-

res. O custo com auditores externos para avaliar a exatidão das informações das demonstrações

financeiras seria um exemplo disso.

Às vezes, argumenta-se que, se deixados por conta própria, os administradores tenderiam

a maximizar os recursos sobre os quais têm controle ou, de maneira geral, o seu poder ou a ri-

queza da empresa. Esse objetivo levaria a uma ênfase excessiva no tamanho ou no crescimento

da empresa. Por exemplo, são comuns os casos em que uma administração é acusada de realizar

gastos muito superiores ao valor de mercado na compra de outra empresa apenas para aumentar

o tamanho

,

dos negócios ou para demonstrar poder empresarial. Obviamente, se o gasto exage-

rado realmente ocorrer, tal compra não beneficiará os acionistas da empresa compradora.

Nossa discussão indica que, no caso de empresas dominadas por gestores, a administração

pode tender a enfatizar excessivamente a sobrevivência organizacional para garantir os seus

empregos. Além disso, a administração pode não gostar de interferência externa, de modo que

a independência e a autossuficiência corporativa podem ser objetivos importantes para os admi-

nistradores desse tipo de empresa.

Os administradores buscam os interesses dos acionistas?

O fato de os administradores5 realmente buscarem o melhor interesse dos acionistas vai depender

de dois fatores. Em primeiro lugar, os objetivos dos administradores estão mesmo alinhados aos

objetivos dos acionistas? Essa pergunta se relaciona, pelo menos em parte, ao modo como os

adminis tradores são remunerados. Em segundo lugar, a administração pode ser substituída se não

buscar os mesmos objetivos dos acionistas? Essa pergunta se relaciona ao controle da empresa.

Como discutiremos, existem vários motivos para pensar que, mesmo nas grandes empresas, os ad-

ministradores possam ter incentivos significativos para buscar o melhor interesse dos acionistas.

5 No Brasil, em geral, o administrador de fato poderá ser o controlador, pois é dele a palavra final.

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Capítulo 1 Introdução às Finanças Corporativas 15

Remuneração dos administradores É comum que a administração tenha incentivos econômicos

significativos para aumentar o valor das ações por dois motivos. Primeiramente, a remuneração dos

executivos, especialmente os que ocupam as posições mais altas, geralmente está ligada ao desem-

penho financeiro em geral, e quase sempre ao valor das ações da empresa em particular. Por exem-

plo, os administradores frequentemente recebem opções para comprar ações da empresa a preços

de barganha. Quanto mais valer a ação, mais valiosa é essa opção. Na verdade, as opções costumam

ser usadas para motivar os funcionários de todos os tipos, e não apenas os administradores do alto

escalão. De acordo com o The Wall Street Journal, em 2010, Michael White, diretor-presidente

da DIRECTV, recebeu US$ 1.448.000 de honorários e US$ 31,2 milhões em bônus ligados ao

desempenho financeiro. Como mencionamos, muitas empresas também dão aos gestores umas par-

ticipação patrimonial na empresa ao conceder ações ou opções de ações. Segundo o The Wall Street

Journal, a remuneração total de Leslie Moonves, diretor-presidente da CBS, em 2010, estava pouco

abaixo de US$ 54 milhões. Seus honorários base eram de US$ 3,53 milhões, com incentivos anuais

de US$ 27,55 milhões, remuneração em opções de ações de US$ 14,9 milhões, remuneração de

ações restritas de US$ 4 milhões e premiações de desempenho de US$ 4 milhões. Embora ainda

se façam muitas críticas à alta remuneração de diretores-presidentes, segundo o ponto de vista dos

acionistas, o mais importante é que o desempenho da empresa seja coerente com essa remuneração.

O segundo incentivo que os administradores têm se relaciona às perspectivas de emprego.

Os administradores com melhor desempenho tendem a ser promovidos. De forma geral, os ad-

ministradores bem-sucedidos na busca dos objetivos dos acionistas serão mais procurados pelo

mercado de trabalho e, assim, poderão exigir maior remuneração.

Na verdade, os administradores bem-sucedidos nesse quesito podem receber enormes re-

compensas. Durante o ano de 2010 a mediana da remuneração para diretores-presidentes nas

350 maiores empresas norte-americanas foi de US$ 9,3 milhões. O executivo mais bem pago

no mesmo ano foi Philippe Dauman, diretor-presidente da gigante empresa de mídia Viacom;

de acordo com o The Wall Street Journal, ele recebeu em torno de US$ 84,3 milhões. Para fins

de comparação, a estrela de TV Oprah Winfrey ganhou US$ 315 milhões, e o cineasta James

Cameron cerca de US$ 210 milhões.6

Controle da empresa Em última instância, o controle da empresa está nas mãos dos acionistas.

Eles elegem o conselho de administração, que, por sua vez, escolhe e demite os administradores.

Um mecanismo importante que os acionistas descontentes podem usar para substituir a

administração é chamado de disputa por procurações de voto (proxy fight, nos Estados Unidos).

A procuração de voto é uma autorização para votar com ações de outra pess oa. Uma disputa

por procurações de voto se desenvolve quando um grupo faz ofertas agressivas por procurações

para substituir o conselho existente e, portanto, substituir o conselho de administração existen-

te. Por exemplo, no início de 2002, a proposta de incorporação entre a Hewlett-Packard (HP)

e a Compaq deflagrou uma das disputas por procurações de voto mais divulgadas, amargas e

caras da história, atingindo bem mais de US$ 100 milhões. No Brasil, a busca de procurações

é um mecanismo importante para a indicação de conselheiros por minoritários, mas ainda não

ocorrem disputas no grau em que isso ocorre nos Estados Unidos.

Outra maneira de substituir a administração é pela aquisição da empresa. Empresas mal ad-

ministradas são mais atraentes como aquisições do que as bem administradas, porque o potencial

de lucro é maior. Assim, evitar uma aquisição por outra empresa é algo que dá à administração um

incentivo para agir no interesse dos acionistas, uma situação muito particular do mercado norte-

-americano. Acionistas de destaque que estejam descontentes podem sugerir estratégias diferentes

de negócios para a alta administração da empresa. Esse foi o caso de Carl Icahn e a empresa que

projeta chips para computadores Mentor Graphics. Carl Icahn é especializado em aquisições de

empresas. Sua participação na Mentor Graphics atingiu 14,7% em 2011, fazendo dele um acionis-

ta especialmente importante (e descontente). Ele se ofereceu para comprar a empresa inteira, mas,

em março de 2011, o conselho de administração rejeitou sua oferta de US$ 1,9 bilhão, justificando

6 Isso levanta a questão sobre o nível dos pagamentos para a alta administração e sua relação com outros fun-

cionários. Segundo o jornal The New York Times, a remuneração média de um diretor-presidente era 180 vezes

maior do que a remuneração média de um funcionário em 2007 e apenas 90 vezes em 1994. No entanto, não há

uma fórmula precisa que controle o abismo entre a remuneração do alto escalão e a dos funcionários.

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16 Parte I Visão Geral

que isso desvalorizava a empresa e suas perspectivas. Como resposta, Icahn apadrinhou três candi-

datos ao conselho de administração para a Mentor, todos os quais foram eleitos em maio de 2011.

Conclusão A teoria e as evidências disponíveis são coerentes com a visão de que os acionistas

controlam a empresa e de que a maximização da riqueza do acionista é o objetivo mais impor-

tante da empresa. Mesmo assim, sem dúvida, há momentos em que os objetivos dos administra-

dores tomam a dianteira em detrimento daqueles dos acionistas, ao menos temporariamente. O

mesmo pode ocorrer na situação em que os controladores possam ter interesses não alinhados

aos dos acionistas minoritários.

Acionistas

Nossa discussão até aqui faz parecer que a administração e os acionistas são as únicas partes que têm

interesse nas decisões da empresa. Sem dúvida, essa é uma visão muito simplificada dos fatos. Fun-

cionários, clientes, fornecedores e até mesmo o governo têm interesse financeiro na empresa. Juntos,

esses diversos grupos são chamados de partes interessadas, de públicos de relacionamento da

empresa e, às vezes, pelo termo em inglês, stakeholders. Em geral, uma parte interessada

,

é alguém

que não é acionista ou credor e que tem um interesse potencial sobre os fluxos de caixa da empresa.

Tais grupos também tentarão exercer controle sobre a empresa, talvez às expensas dos proprietários.

Entretanto, como as empresas cumprem também uma função social, para a sustentabilidade de seu

valor para os acionistas, é necessário prestar atenção às necessidades das demais partes interessadas.

1.6 Regulamentação

Até agora, falamos principalmente sobre as ações que os acionistas e o conselho de administração

podem tomar para reduzir os conflitos de interesse entre eles mesmos e a administração. Não fala-

mos sobre regulamentação.7 Até recentemente, a principal ajuda da regulamentação foi exigir que

as empresas divulgassem todas as informações relevantes aos investidores e potenciais investidores.

O objetivo de divulgar informações relevantes é dar a todos os investidores igualdade de condições

no que diz respeito ao nível de informações, reduzin do conflitos de interesse. Obviamente, as regu-

lamentações impõem custos para as empresas, e qualquer análise da regulamentação deve incluir

benefícios e custos. A seguir, apresentamos algumas normas importantes para o mercado de valores

mobiliários no Brasil e, em seguida, os aspectos mais importantes do tema nos Estados Unidos.

Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976 A Lei no 6.385, também conhecida como Lei do Mer-

cado de Capitais, fornece a estrutura regulatória básica no Brasil para títulos mobiliários: emis-

são, distribuição, negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários e derivativos; a

organização, o funcionamento e as operações das Bolsas de Valores e das Bolsas de Mercadorias

e Futuros; a administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários; a auditoria das com-

panhias abertas e os serviços de consultor e analista de valores mobiliários (Brasil, 1976). Essa

lei criou a Comissão de Valores Mobiliári os (CVM) e o Comitê de Política Monetária (COPOM).

Ao longo da história do mercado de capitais, muitos crimes foram cometidos contra os

investidores, e a Lei no 6.385 trata dos seguintes crimes contra o mercado de capitais:

Manipulação do Mercado Realizar operações simuladas ou executar outras manobras frau-

dulentas, com a finalidade de alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de

valores mobiliários em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou

no mercado de balcão organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou

para outrem, ou causar dano a terceiros.

7 Neste momento do livro, focamos os aspectos da regulação da governança corporativa das empresas. Não

falamos sobre muitas outras regulações nos mercados financeiros. No Capítulo 8, discutiremos as organizações

de classificação estatística de riscos reconhecidas que incluem empresas como a Fitch Ratings, a Moody’s e

a Standard & Poor’s. Suas classificações de risco são usadas pelos participantes do mercado para auxiliar na

avaliação de títulos, tais como os títulos de dívida das empresas de capital aberto. Muitos críticos de agências de

classificação de risco culpam a crise de 2007–2009, conhecida como “crise do subprime”, devido a uma fraca

fiscalização regulatória dessas agências.

Para saber mais sobre as

formas de organização de

negócios nos Estados

Unidos, veja a seção

Business Formation em

www.nolo.com.

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Capítulo 1 Introdução às Finanças Corporativas 17

Uso indevido de informação privilegiada Utilizar informação relevante ainda não divulgada

ao mercado de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si

ou para outrem, vantagem indevida mediante negociação em nome próprio ou de terceiro com

valores mobiliários.

Exercício irregular de cargo, profissão, atividade ou função Atuar, ainda que a título gratui-

to, no mercado de valores mobiliários, como instituição integrante do sistema de distribuição,

administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo de investimento, auditor in-

dependente, analista de valores mobiliários, agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profis-

são, atividade ou função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à autoridade

administrativa competente, quando exigido por lei ou regulamento.

Lei no 6.404, de 15 de dezembro 1976* Também conhecida como Lei das S/A, é a lei que rege

as Sociedades por Ações (abertas e fechadas) no Brasil. Ela trata do objeto social, da denomi-

nação, das características de sociedades por ações de capital aberto e de capital fechado, do

capital social, das ações, suas espécie e classes, sua emissão, condições para sua negociação, da

emissão de títulos de dívida e dos direitos de seus detentores, dos livros sociais, das obrigações

e direitos dos acionistas em geral, das obrigações dos acionistas controladores, dos acordos de

acionistas, da assembleia geral de acionistas, das competências e responsabilidades do conse-

lho de administração, da diretoria e do conselho fiscal, do exercício social, das demonstrações

financeiras, da destinação dos lucros, do dividendo obrigatório, da dissolução e liquidação da

sociedade, entre outros assuntos societários (Brasil, 1976).

Instrução CVM no 358, de 3 de janeiro de 2002 Conhecida como 358, dispõe sobre a divul-

gação e uso de informações sobre ato ou fato relevante relativo às companhias abertas, disci-

plina a divulgação de informações na negociação de valores mobiliários e na aquisição de lote

significativo de ações de emissão de companhia aberta, estabelece vedações e condições para a

negociação de ações de companhia aberta na pendência de fato relevante não divulgado ao mer-

cado (Comissão de Valores Imobiliários, 2002). Essa Instrução ocupa-se da importante questão

das informações privilegiadas. A questão da informação privilegiada ocorre quando qualquer

pessoa que obteve informações especiais não públicas (i.e., informações internas, ou insider

information) compra ou vende títulos com base nessas informações. Essa questão afeta pessoas

com informações internas à empresa tais como conselheiros de administração, executivos e

acionistas controladores, ou qualquer pessoa que tenha informações internas da empresa, não

divulgadas ao mercado. A intenção é prevenir que o pessoal interno ou o pessoal que possua

informação interna tire vantagem por possuir informações privilegiadas.

Para ilustrar, imagine que você foi informado de que a empresa ABC estava prestes a tornar

público que ela havia sido adquirida por outra empresa por um preço significativamente maior

do que seu preço corrente. Esse é um exemplo de informação interna. A Instrução o proíbe de

comprar ações da ABC sem que os demais acionistas tenham essa informação. Essa proibição

seria especialmente forte se você fosse um executivo da empresa ABC. Outros tipos de infor-

mações internas da empresa poderiam ser: o pagamento de um dividendo especial prestes a ser

pago, a descoberta de uma medicação para a cura de uma doença ou uma atuação com impacto

significativo sobre os resultados e com perda provável antes da sua divulgação.

Regras de listagem em segmentos diferenciados da BM&FBOVESPA

Em dezembro de 2000, a BOVESPA, atual BM&FBOVESPA, visando a buscar o alinhamen-

to de interesses entre acionistas e a gestão das empresas listadas, lançou segmentos especiais

de listagem das empresas com níveis diferenciados de governança corporativa, para os quais

as empresas listadas na Bolsa podem aderir de forma voluntária. Os segmentos especiais de

listagem são o Bovespa Mais, o Novo Mercado, o Nível 2 e o Nível 1. Todos os segmentos

prezam por rígidas regras de governança corporativa. Essas regras vão além das obrigações que

as companhias têm perante a Lei das Sociedades por Ações (Lei das S/A) e têm como objetivo

melhorar a avaliação das companhias que decidem aderir

,

a um desses níveis de listagem. Os

Saiba sobre os segmentos

especiais de listagem da

BM&FBOVESPA, em

http://www.

bmfbovespa.com.br/pt-

br/servicos/solucoes-

para-empresas/

segmentos-de-listagem/

o-que-sao-segmentos-

de-listagem.

aspx?idioma�pt-br.

* Material cedido pelo Instituto Educacional BM&FBOVESPA. Acesse: www.bmfbovespa.com.br/educacional.

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18 Parte I Visão Geral

níveis d iferenciados visam a assegurar direitos e garantias aos acionistas e, mediante a exigên-

cia de divulgação de informações mais completas, também contribuem para reduzir riscos para

controladores, gestores das companhias e participantes do mercado.

Legislação no mercado norte-americano: o Security Act

de 1933 e o Securities Exchange Act de 1934

O Security Act de 1933 (também conhecido como Lei de 1933) e o Securities Exchange Act de

1934 (também conhecido como Lei de 1934) proveem a estrutura regulatória básica nos Esta-

dos Unidos para a negociação de títulos mobiliários.

A Lei de 1933 tem seu foco na emissão de novos títulos. Ela basicamente requer que uma

empresa de capital aberto apresente uma declaração de registro para a Securities and Exchange

Commission, SEC, que deve ser disponibilizado para cada comprador de um novo título. A

intenção da declaração de registro é proporcionar a potenciais acionistas todas as informações

necessárias para que uma decisão sensata possa ser tomada. A Lei de1934 dá continuidade ao

pedido de informações da Lei de 1933 para a negociação de títulos nos mercados após eles

terem sido emitidos. Ela tornou efetivo o funcionamento da SEC e cobre um grande número

de emissões, incluindo relatórios corporativos, oferta de aquisições de ações (tender offers) e

informações privilegiadas. A Lei de 1934 exige que as empresas de capital aberto apresentem à

SEC relatórios anuais (Formulário 10K para empresas norte-americanas e Formulário 20-F para

emissores estrangeiros), trimestrais (Formulário 10Q) e mensais (Formulário 8K).

Como já mencionado, a Lei de 1934 ocupa-se da importante questão de transações com

informações privilegiadas (insider trading). O uso ilegal de informações acontece quando qual-

quer pessoa que obteve informações especiais não públicas (i.e., informações internas) compra

ou vende títulos baseados nessas informações. Uma seção da Lei de 1934 trata de pessoas

com informações privilegiadas, tais como conselheiros de administração, executivos e maiores

acionistas, enquanto outra trata de qualquer pessoa que tenha obtido informações internas. A

intenção dessas seções é prevenir que o pessoal interno ou o pessoal que possua informação

interna exerça uma vantagem injusta por possuir tais informações no momento da negociação.

Um exemplo de episódio com informação privilegiada nos Estados Unidos envolveu Raj Ra-

jaratnam, o fundador do fundo de hedge Galleon Group. Ele foi acusado de buscar informações

privilegiadas junto a amigos em diversas empresas. Por exemplo, uma escuta do governo inter-

ceptou uma conversa em que Rajaratnam disse “Eu ouvi ontem de alguém que está no conselho

da Goldman Sachs que eles irão perder $ 2 por ação. O mercado acha que eles vão ganhar $ 2,50”.

Ele foi preso em outubro de 2009 e, em maio de 2011, foi condenado por 14 acusações de fraudes

de valores mobiliários e por conspirar para a prática de fraudes com títulos mobiliários.

Legislação no mercado norte-americano: o Sarbanes-Oxley Act

Em resposta aos escândalos corporativos em companhias como a Enron, WorldCom, Tyco e

Adelphia, em 2002, o Congresso dos Estados Unidos promulgou a Lei Sarbanes-Oxley. A lei,

mais conhecida como “Sarbox” (no Brasil, como SOX), destina-se a proteger os investidores

norte-americanos dos abusos corporativos. Por exemplo, uma seção da SOX proíbe emprés-

timos pessoais de uma empresa para seus executivos, tais como aqueles que foram feitos ao

diretor-presidente Bernie Ebbers, da WorldCom.

Uma das principais seções da SOX entrou em vigor em 15 de novembro de 2004. A Seção

404 exige, entre outras coisas, que cada relatório anual de uma empresa listada em bolsa nos

Estados Unidos tenha uma avaliação da estrutura de controles internos e dos relatórios finan-

ceiros. Em seguida, o auditor tem de analisar e atestar a avaliação da administração sobre essas

que stões. A SOX também criou nos Estados Unidos o Public Companies Accounting Oversight

Board (PCAOB) para estabelecer diretrizes de auditoria e padrões éticos. Ela exige que comitês

de auditoria dos conselhos das empresas abertas incluam apenas conselheiros externos e inde-

pendentes para supervisionar as auditorias anuais e divulgar se os comitês possuem especialis-

tas em finanças (e, se não têm, por que motivo?).

No caso de empresas brasileiras com títulos mobiliários listados em bolsas norte-americanas,

o motivo para não ter um comitê de auditoria é simples: a existência do conselho fiscal. O conselho

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Capítulo 1 Introdução às Finanças Corporativas 19

fiscal é previsto na legislação brasileira desde o Código Comercial de 1850 e, com as alterações

mais recentes da Lei das S/A, adquiriu poderes em muito superiores ao de um comitê de auditoria.8

Comitês são órgãos de grande importância para o bom funcionamento dos conselhos de ad-

ministração, especialmente o comitê de auditoria. Porém, comitês do conselho de administração,

como é o comitê de auditoria, assessoram o conselho de administração, com mais dedicação de

tempo e aprofundamento das questões tratadas no conselho de administração. Já o conselho fis-

cal é um conselho independente; o conselho fiscal, segundo a Lei Societária Brasileira, fiscaliza

os atos dos administradores, portanto, fiscaliza a diretoria e o conselho de administração.

A SOX contém outras exigências-chave. Por exemplo, os executivos da empresa de capital

aberto devem examinar e assinar os relatórios anuais. Eles precisam declarar explicitamente

que o relatório anual da administração não contém afirmações falsas ou omissões importantes,

que as demonstrações financeiras representam de modo justo os resultados financeiros e que

são responsáveis por todos os controles internos. Por último, o relatório anual deve listar qual-

quer deficiência dos controles internos. Em essência, a SOX responsabiliza a administração das

empresas norte-americanas pela exatidão de suas demonstrações financeiras.

No Brasil, essas sempre foram responsabilidades da administração, pois estão previstas ou

decorrem da Lei das S/A. A teoria do domínio do fato trazida no julgamento da Ação Penal 470

pelo Supremo Tribunal Federal também pode ter consequências agravantes na interpretação dos

tribunais sobre a responsabilidade dos administradores.

Como qualquer lei, obviamente há custos. A SOX aumentou as despesas com auditoria – al-

gumas vezes drasticamente. Em 2004, a média de custos de conformidade para grandes empresas

nos Estados Unidos era de US$ 4,51 milhões. Em 2007, essa média de custos de conformidade

havia caído para US$ 1,7 milhão, dando a impressão de que o peso estava diminuindo, mas isso

ainda não é comum, especialmente para empresas menores. O aumento de custos levou a muitos

resultados não intencionados. Por exemplo, em 2003, 198 empresas cancelaram a listagem de suas

ações nas bolsas norte-americanas (decidiram “sair dos holofotes”), e aproximadamente o mesmo

número cancelou sua listagem em 2004 – números muito elevados em relação àqueles do ano de

1999, quando o número de cancelamentos foi de um pouco mais de 30. Muitas das empresas que

cancelaram sua listagem em bolsa afirmaram que o motivo foi evitar o custo de

,

cumprir a SOX.9

Uma empresa que cancela a listagem de suas ações em bolsa não precisa arquivar relatórios

trimestrais e anuais junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ou, no caso de empresas

listadas nos Estados Unidos, junto à SEC (Securities Exchange Commission). Auditorias anuais

feitas por auditores independentes não são exigidas, e, no caso dos executivos norte-americanos,

eles não precisam certificar a exatidão de relatórios financeiros, portanto, a economia pode ser

enorme para essas empresas. É claro, há custos. Os preços das ações normalmente caem quando

uma empresa anuncia que está cancelando sua listagem em bolsa (no Brasil, o cancelamento de

listagem somente pode ser feito mediante prévia oferta pública de compra para fechamento de

8 Segundo a SEC, a listagem de títulos mobiliários por emissores privados estrangeiros nos Estados Unidos está

isenta de quaisquer exigências relativas ao comitê de auditoria se: a) tiver um conselho auditor ou conselho similar,

previsto no estatuto, estabelecido conforme a lei nacional do país do emissor; b) tal conselho for separado do con-

selho de administração; c) os membros do conselho não forem eleitos pelo conselho de administração e nenhum

executivo da empresa for membro desse conselho; d) a lei do país estabelecer a independência desse conselho

perante o emissor ou o seu conselho de administração; e) esse conselho for responsável – na extensão permitida

pela lei nacional do emissor – pela supervisão dos trabalhos da auditoria independente. Todas essas exigências são

cumpridas pelo Conselho Fiscal no Brasil (ver art. 161 a 165 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, a Lei das

S/A). A SEC também reconhece que, embora órgãos como esses exerçam uma supervisão independente dos audito-

res externos, podem não ter condições de cumprir com todas as exigências da SOX e que, não obstante isso, nas pa-

lavras da SEC “[…] we believe that the supervisory or non-management board is the body within the company best

equipped to comply with the requirements.” Ver Securities Exchange Commission (SEC). Release no 33-8220. Stan-

dards relating to listed company audit committees. Disponível em: .

9 Porém, no artigo Has New York Become Less Competitive in Global Markets? Evaluating Foreign Listing

Choices Over Time Journal of Financial Economics, v. 91, n. 3, mar. 2009, p. 253–77, Craig Doidge, Andrew

Karolyi e René Stulz mostram que a queda nos cancelamentos não está diretamente relacionada à SOX. Eles

concluem que a maioria dos cancelamentos em Nova York ocorreu em função de fusões e aquisições, dificulda-

des financeiras e reestruturações.

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capital, para o que a ofertante precisa divulgar relatório de avaliação de suas ações produzido

por uma empresa de avaliações independente). Além disso, é comum que tais empresas tenham

acesso limitado aos mercados de capital e maiores juros em empréstimos bancários.

É provável que a SOX também tenha afetado o número de empresas que iriam abrir seu

capital nos Estados Unidos. Por exemplo, quando a Peach Holdings, com sede em Boynton

Beach, na Flórida, decidiu abrir seu capital em 2006, evitou os mercados de ações norte-ame-

ricanos, escolhendo em seu lugar o Alternative Investment Market (AIM) da Bolsa de Valores

de Londres. Para abrir seu capital nos Estados Unidos, a empresa teria que pagar uma taxa de

$ 100.000, mais cerca de $ 2 milhões para estar de acordo com a SOX. Em vez disso, a empresa

gastou apenas $ 500.000 em sua oferta de ações na AIM.

Embora a SOX seja uma lei norte-americana, específica para as empresas listadas nas bol-

sas nos Estados Unidos, dado o desenvolvimento do mercado de capitais norte-americano, as

fraudes lá perpetradas exigiram um aparato defensivo tão elaborado e detalhado, que acaba

servindo de base para outros mercados. Aqui no Brasil, isso não é diferente; some-se a isso o

fato de que grande parte das principais empresas brasileiras tem títulos listados na NYSE, o que

exige que as suas divulgações sigam o padrão SOX. Dado que a Comissão de Valores Mobili-

ários (CVM) brasileira exige que as divulgações realizadas pelas empresas listadas no Brasil

divulguem as mesmas informações em todos os mercados (se diferente fosse, acionistas em al-

guns mercados teriam informações mais completas ou diferentes das fornecidas para acionistas

em outros mercados), o padrão de divulgação no mercado brasileiro, das empresas brasileiras

listadas nos Estados Unidos, também acaba seguindo o padrão SOX.

Resumo e conclusões

Este capítulo apresentou algumas ideias básicas sobre Finanças Corporativas:

1. As Finanças Corporativas têm três grandes áreas de interesse:

a. Orçamento de capital: quais investimentos de longo prazo a empresa deve fazer?

b. Estrutura de capital atual: onde a empresa conseguirá o financiamento de longo prazo

para pagar seus investimentos? Em outras palavras, qual combinação entre passivo e

patrimônio líquido deve ser usada para financiar as operações?

c. Administração do capital de giro: como a empresa deve administrar suas atividades

financeiras diárias?

2. O objetivo da administração financeira de uma empresa com fins lucrativos é tomar deci-

sões que aumentem o valor das ações ou, de modo geral, que aumentem o valor de merca-

do do patrimônio dos acionistas investido na empresa.

3. A forma de organização das sociedades por ações é uma forma de organização superior

a outras quando se trata de levantar dinheiro e transferir o direito de participação. Nos

Estados Unidos, ela tem a desvantagem significativa da dupla tributação sobre os lu cros.

4. Em uma grande empresa de capital aberto, existe a possibilidade de conflitos entre acionistas

e administradores ou entre acionistas controladores e não controladores. Chamamos esses

conflitos de problemas de agência e discutimos como eles podem ser controlados e reduzidos.

5. As vantagens de uma empresa de capital aberto são ampliadas pela existência dos merca-

dos financeiros.

Dos tópicos que discutimos até agora, o mais importante é o que trata do objetivo da ad-

ministração financeira: maximizar o valor das ações. Ao longo deste livro, analisaremos

muitas decisões financeiras diferentes, mas sempre faremos a mesma pergunta: como tal

decisão afeta o valor das ações?

QUESTÕES CONCEITUAIS

1. Problemas de agência Quem é o proprietário de uma empresa de capital aberto? Descre-

va o processo pelo qual os proprietários controlam a administração da empresa. Qual é o

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principal motivo para a existência de um relacionamento de agência no modo organizacio-

nal de empresa de capital aberto? Nesse contexto, que tipos de problemas podem surgir?

2. Objetivos de empresas sem fins lucrativos Suponhamos que você seja o administrador

financeiro de uma empresa sem fins lucrativos (um hospital beneficente, talvez). Quais

objetivos você acha que seriam apropriados?

3. Objetivo da empresa Avalie a seguinte declaração: os administradores não devem se

concentrar no valor corrente da ação, porque isso levará a uma ênfase excessiva nos lucros

de curto prazo em detrimento dos lucros de longo prazo.

4. Ética e objetivos da empresa Nosso objetivo de maximizar o valor das ações pode entrar

em conflito com outros objetivos, como, por exemplo, evitar um comportamento antiético

e ilegal? Especificamente, você acha que temas como cliente, segurança no trabalho, meio

ambiente e o bem geral da sociedade se ajustam a essa estrutura ou são essencialmente

ignorados? Pense em cenários específicos para ilustrar sua resposta.

5. Objetivo internacional da empresa O objetivo de maximizar o valor das

,

teórico da inflação nas taxas de juros, efeito empírico da inflação nos preços

dos ativos financeiros, a relação entre ações de empresas com baixa capitalização e o “efeito

janeiro” e a decisão de estrutura de capital.

ROBERTO LAMB Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ro-

berto Lamb é professor de Finanças na Escola de Administração da UFRGS. Fez carreira no

Banco do Brasil. Sua experiência financeira inclui longa atuação em conselhos fiscais de gran-

des empresas multinacionais brasileiras e de empresas multinacionais com atuação no Brasil.

Seus principais interesses são finanças corporativas, gestão de riscos e governança corporativa.

Para nossas famílias e amigos,

com amor e gratidão.

Agradecimentos

Esta edição começou a ser planejada a partir de alguns de nossos colegas – professores em um curso introdutório de

MBA –, que demonstraram interesse pelo livro. Nós agregamos seus comentários e recomendações no decorrer da

décima edição. A seguir, os colaboradores desta edição:

Amanda Adkisson

Texas A&M University

K. Ozgur Demirtas

Baruch College

Melissa Frye

University of Central Florida–Orlando

Stuart Gillan

Texas Tech University

Bill Hamby

Indiana Wesleyan University

Qing (Grace) Hao

University of Missouri

Jim Howard

University of Maryland–University

College

Timothy Michael

University of Houston–Clear Lake

Sheila Moore

California Lutheran University

Angela Morgan

Clemson University

Adam Reed

University of North Carolina–Chapel

Hill

Bill Reese

Tulane University

Peter Ritchken

Case Western Reserve University

Denis Sosyura

University of Michigan

Mark Hoven Stohs

California State University–Fullerton

Gary Tripp

University of Southern New Hampshire

Joseph Vu

DePaul University

Ao longo dos anos, muitas pessoas contribuíram com seu tempo e conhecimento para o desenvolvimento e para a

escrita deste livro. Agradecemos mais uma vez por sua assistência e incontáveis ideias:

Lucy Ackert

Kennesaw State University

R. Aggarwal

John Carroll University

Anne Anderson

Lehigh University

Christopher Anderson

University of Missouri–Columbia

James J. Angel

Georgetown University

Nasser Arshadi

University of Missouri–St. Louis

Kevin Bahr

University of Wisconsin–Milwaukee

Robert Balik

Western Michigan University

John W. Ballantine

Babson College

Thomas Bankston

Angelo State University

Brad Barber

University of California–Davis

Michael Barry

Boston College

Swati Bhatt

Rutgers University

Roger Bolton

Williams College

Gordon Bonner

University of Delaware

Oswald Bowlin

Texas Technical University

Ronald Braswell

Florida State University

William O. Brown

Claremont McKenna College

Kirt Butler

Michigan State University

Bill Callahan

Southern Methodist University

Steven Carvell

Cornell University

Indudeep S. Chhachhi

Western Kentucky University

Kevin Chiang

University of Vermont

Andreas Christofi

Monmouth University

Jonathan Clarke

Georgia Institute of Technology

Jeffrey L. Coles

Arizona State University

Mark Copper

Wayne State University

James Cotter

University of Iowa

Jay Coughenour

University of Massachusetts–Boston

Arnold Cowan

Iowa State University

Raymond Cox

Central Michigan University

John Crockett

George Mason University

Mark Cross

Louisiana Technical University

Ron Crowe

Jacksonville University

William Damon

Vanderbilt University

Sudip Datta

Bentley College

Ted Day

University of Texas, Dallas

Marcos de Arruda

Drexel University

Anand Desai

University of Florida

Miranda Lam Detzler

University of Massachusetts–Boston

David Distad

University of California–Berkeley

Dennis Draper

University of Southern California

x Agradecimentos

Jean-Francois Dreyfus

New York University

Gene Drzycimski

University of Wisconsin–Oshkosh

Robert Duvic

The University of Texas at Austin

Demissew Ejara

University of Massachusetts–Boston

Robert Eldridge

Fairfield University

Gary Emery

University of Oklahoma

Theodore Eytan

City University of New York–Baruch

College

Don Fehrs

University of Notre Dame

Steven Ferraro

Pepperdine University

Eliezer Fich

Drexel University

Andrew Fields

University of Delaware

Paige Fields

Texas A&M University

Adlai Fisher

New York University

Michael Fishman

Northwestern University

Yee-Tien Fu

Stanford University

Partha Gangopadhyay

St. Cloud University

Bruno Gerard

University of Southern California

Frank Ghannadian

Mercer University–Atlanta

Stuart Gillan

Texas Technical University

Ann Gillette

Kennesaw State University

Michael Goldstein

University of Colorado

Indra Guertler

Babson College

Re-Jin Guo

University of Illinois at Chicago

James Haltiner

College of William and Mary

Janet Hamilton

Portland State University

Qing Hao

University of Missouri-Columbia

Robert Hauswald

American University

Delvin Hawley

University of Mississippi

Hal Heaton

Brigham Young University

John A. Helmuth

University of Michigan–Dearborn

John Helmuth

Rochester Institute of Technology

Michael Hemler

University of Notre Dame

Stephen Heston

Washington University

Andrea Heuson

University of Miami

Edith Hotchkiss

Boston College

Charles Hu

Claremont McKenna College

Hugh Hunter

Eastern Washington University

James Jackson

Oklahoma State University

Raymond Jackson

University of Massachusetts– Dartmouth

Prem Jain

Tulane University

Narayanan Jayaraman

Georgia Institute of Technology

Thadavilil Jithendranathan

University of St. Thomas

Jarl Kallberg

New York University

Jonathan Karpoff

University of Washington

Paul Keat

American Graduate School of

International Management

Dolly King

University of Wisconsin–Milwaukee

Brian Kluger

University of Cincinnati

Narayana Kocherlakota

University of Iowa

Robert Krell

George Mason University

Ronald Kudla

The University of Akron

Youngsik Kwak

Delaware State University

Nelson Lacey

University of Massachusetts

Gene Lai

University of Rhode Island

Josef Lakonishok

University of Illinois

Dennis Lasser

State University of New York–

Binghamton

Paul Laux

Case Western Reserve University

Gregory LeBlanc

University of California, Berkeley

Bong-Su Lee

University of Minnesota

Youngho Lee

Howard University

Thomas Legg

University of Minnesota

James T. Lindley

University of Southern Mississippi

Dennis Logue

Dartmouth College

Michael Long

Rutgers University

Yulong Ma

Cal State–Long Beach

Ileen Malitz

Fairleigh Dickinson University

Terry Maness

Baylor University

Surendra Mansinghka

San Francisco State University

Michael Mazzco

Michigan State University

Robert I. McDonald

Northwestern University

Hugh McLaughlin

Bentley College

Joseph Meredith

Elon University

Larry Merville

University of Texas–Richardson

Joe Messina

San Francisco State University

Roger Mesznik

City College of New York–Baruch

College

Rick Meyer

University of South Florida

Vassil Mihov

Texas Christian University

Richard Miller

Wesleyan University

Naval Modani

University of Central Florida

Edward Morris

Lindenwood University

Richard Mull

New Mexico State University

Agradecimentos xi

Jim Musumeci

Southern Illinois University–

Carbondale

Robert Nachtmann

University of Pittsburgh

Edward Nelling

Georgia Tech

James Nelson

East Carolina University

Gregory Niehaus

University of South Carolina

Peder Nielsen

Oregon State University

Ingmar Nyman

Hunter College

Dennis Officer

University of Kentucky

Joseph Ogden

State University of New York

Darshana Palker

Minnesota State University, Mankato

Venky Panchapagesan

Washington University–St. Louis

Bulent Parker

University of Wisconsin–Madison

Ajay Patel

University of Missouri–Columbia

Dilip Kumar Patro

Rutgers University

Gary Patterson

University of South Florida

Glenn N. Pettengill

Emporia State University

Pegaret Pichler

University of Maryland

Christo Pirinsky

Ohio State University

Jeffrey Pontiff

University of Washington

Franklin Potts

Baylor University

Annette Poulsen

University of Georgia

N. Prabhala

Yale University

Mao Qiu

University of Utah–Salt Lake City

Latha Ramchand

University of Houston

Gabriel Ramirez

,

ações seria di-

ferente se estivéssemos pensando na administração financeira de uma empresa localizada

em outro país? Por quê?

6. Problemas de agência Suponhamos que você tenha ações de uma empresa. O preço

atual por ação é $ 25. Outra empresa acaba de anunciar que deseja comprar a sua empresa

e que pagará $ 35 por ação para adquirir todas as ações em circulação. A administração

de sua empresa começa imediatamente a se opor a essa oferta hostil. A administração está

agindo em busca do melhor interesse dos acionistas? Por quê?

7. Problemas de agência e propriedade corporativa A propriedade corporativa varia em

todo o mundo. Historicamente, nos Estados Unidos, os indivíduos têm sido a maioria dos

acionistas das empresas de capital aberto norte-americanas. Na Alemanha e no Japão,

porém, os bancos, outras grandes instituições financeiras e outras empresas possuem a

maioria das ações das empresas de capital aberto. Você acha que os problemas de agência

podem ser mais ou menos sérios na Alemanha e no Japão em relação aos Estados Unidos?

O problema de agência também ocorre no Brasil? Quem são os principais acionistas das

empresas brasileiras de capital aberto?

8. Problemas de agência e propriedade corporativa Nos últimos anos, grandes institui-

ções financeiras, como os fundos de investimento abertos e os fundos de pensão abertos e

fechados, têm se tornado os acionistas dominantes, e essas instituições estão mais ativas

nas questões corporativas. Quais são as implicações dessa tendência para os problemas de

agência e o controle corporativo?

9. Remuneração dos executivos Os analistas têm indicado que a remuneração dos altos

executivos nos Estados Unidos é alta demais e deve ser reduzida. Por exemplo, se nos

concentrarmos nas grandes empresas de capital aberto nos Estados Unidos, Larry Elli-

son, da Oracle, era um dos diretores-presidentes mais bem pagos nos Estados Unidos em

2010, tendo ganhado cerca de $ 130 milhões somente naquele ano e mais de $ 1 bilhão

entre os anos de 2006 e 2010. Tais valores são excessivos? Ao responder essa pergunta,

seria importante reconhecer que superestrelas do esporte, como Tiger Woods, grandes

celebridades, como James Cameron e Oprah Winfrey, e muitos outros profissionais de

sucesso em suas respectivas áreas ganham tanto quanto ou mais do que eles.

10. Objetivo da administração financeira Por que o objetivo do administrador financeiro é

maximizar o preço corrente das ações da empresa? Em outras palavras, por que o objetivo

não é maximizar o preço futuro?

11. Divulgação da remuneração dos executivos no Brasil Duas normas que tratam da

divulgação da remuneração do pessoal chave da administração de empresas de capital

aberto no Brasil são o Pronunciamento Técnico CPC no 05, Divulgação sobre Partes Re-

lacionadas, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, e a Instrução CVM no 480, da

Comissão de Valores Mobiliários, CVM (Item 13 do Anexo 22). O que essas normas

determinam quanto à divulgação da remuneração de executivos de empresas abertas?

Demonstrações Contábeis

e Fluxo de Caixa2

Uma baixa contábil realizada por uma empresa

costuma significar a diminuição do valor dos

seus ativos. Por exemplo, em 2010, nos Estados

Unidos, o Bank of America anunciou uma baixa

contábil de $ 34 bilhões devido a dívidas ven-

cidas. Além disso, o banco anunciou uma baixa

de $ 10,5 bilhões devido a uma legislação que

reduziu o valor de suas atividades com cartões

de crédito. As baixas do Bank of America em

2010 seguiram as baixas de $ 33,7 bilhões em

2009 e de $ 16,2 bilhões em 2008. Natural-

mente, o Bank of America não foi o único. A

Moody’s Investor Services estima que a baixa

contábil dos bancos norte-americanos totali-

zou $ 476 bilhões em 2009 e 2010 e projetou

baixas de $ 286 bilhões em 2011.

Será que os acionistas desses bancos per-

deram centenas de bilhões de dólares (ou mais)

devido às baixas contábeis? A resposta prová-

vel é não. Entender por que isso ocorre nos leva

ao assunto principal deste capítulo: a importan-

tíssima substância chamada fluxo de caixa.

Domine a habilidade de solucionar os problemas deste capítulo usando uma

planilha. Acesse Excel Master no site www.grupoa.com.br, procure pelo livro e

clique em Conteúdo Online.

2.1 O balanço patrimonial

O balanç o patrimonial é uma representação do valor contábil de uma empresa em uma data

específica, como se a empresa estivesse momentaneamente congelada. Ele tem dois lados: no

lado esquerdo, estão os ativos; no lado direito, os passivos e o capital dos acionistas. O balanço

patrimonial declara o que a empresa possui e como ela é financiada. A definição contábil que

fundamenta e descreve o balanço patrimonial é a seguinte:

Ativos ; Passivos 1 Patrimônio líquido dos acionistas

Colocamos um símbolo de igualdade com três traços na equação para indicar que a igualdade,

por definição, deve sempre ser mantida. Na verdade, o patrimônio líquido dos acionistas é de-

finido como a diferença entre os ativos e os passivos da empresa. Em princípio, o patrimônio

líquido é o que restaria aos acionistas após a empresa ter quitado suas obrigações.

O Quadro 2.1 mostra o balanço patrimonial dos anos de 2012 e 2011 para a Companhia de

Compósitos, empresa fictícia. Os ativos no balanço patrimonial são listados na ordem de tempo

que uma empresa com operações em andamento normalmente levaria para convertê-los em

caixa. A composição dos ativos depende da natureza dos negócios e de como a administração

escolheu conduzi-los. A administração deve fazer escolhas como: caixa ou títulos negociáveis,

venda à vista ou venda a crédito, comprar ou produzir commodities, alugar ou comprar itens,

em quais negócios se concentrar, etc. No lado dos passivos e do patrimônio líquido, eles são

listados na ordem típica em que seriam pagos ao longo do tempo.

Esse lado reflete os tipos e proporções dos financiamentos, que dependem das decisões de

estrutura de capital tomadas pela administração, como a escolha entre dívida e capital próprio e

entre dívidas de curto prazo e de longo prazo.

ExcelMaster

cobertura

online

Esta seção apresentará

a formatação de células

e o rastreamento

de dependentes e

precedentes .

Duas fontes excelentes de

informação financeira

corporativa são:

finance.yahoo.com e

money.cnn.com.

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dentro dos últimos

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de finanças, visite www.

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Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 23

Ao analisar um balanço patrimonial, o administrador financeiro deve ter três preocupações

em mente: li quidez, dívida versus capital próprio e valor versus custo.

Liquidez

A liquidez diz respeito à facilidade e à rapidez com que os ativos podem ser convertidos em

caixa (sem perda significativa de valor). O ativo circulante apresenta a maior liquidez e inclui o

caixa e os ativos que serão convertidos em caixa em até um ano da data do balanço patrimonial.

As contas a receber são valores ainda não cobrados relativos a serviços ou produtos vendidos

aos clientes (após ajuste para perdas com valores de recebimento duvidoso). O estoque é com-

posto pela matéria-prima que será utilizada na produção, no material em processo e nos bens

acabados. O ativo imobilizado é o tipo de ativo com menor liquidez. Os ativos imobilizados

tangíveis incluem bens imóveis, unidades fabris e equipamentos. Esses ativos não são converti-

dos em caixa durante a atividade normal de negócios e não costumam ser utilizados para pagar

despesas, tais como a folha de pagamento.

Alguns ativos imobilizados são intangíveis. Eles não têm existência física, mas podem ser

muito valiosos. São exemplos de ativos intangíveis o valor de uma marca registrada ou o valor

de uma patente. Quanto maior for a liquidez dos ativos da empresa, menor é a possibilidade de

ela ter dificuldades no cumprimento de obrigações de curto prazo. Desse modo, a liquidez da

empresa pode ser associada à sua probabilidade de evitar problemas

,

financeiros. Infelizmente,

ativos líquidos costumam ter taxas de retorno menores do que as dos ativos imobilizados; por

exemplo, o caixa não gera receitas de investimento. Ao investir em ativos líquidos, a empresa

perde a oportunidade de investir em veículos de investimento mais lucrativos.

Demonstrações contábeis

anuais e trimestrais das

empresas brasileiras

encontram-se no site da

CVM em www.cvm.gov.br,

ou no site da

BM&FBOVESPA, em

www.bmfbovespa.com.br;

para a maioria das

empresas abertas dos

Estados Unidos, ver o

banco de dados EDGAR,

no site www.sec.gov.

QUADRO 2.1 Balanço patrimonial da Companhia de Compósitos

COMPANHIA DE COMPÓSITOS

Balanço patrimonial

2012 e 2011

(em milhões de $)

Ativos 2012 2011

Passivos (obrigações) e

patrimônio dos acionistas 2012 2011

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa e equivalentes $ 140 $ 107 Fornecedores $ 213 $ 197

Contas a receber 294 270 Empréstimos 50 53

Estoques 269 2 80 Despesas a pagar 223 205

Outros 58 50 Passivo circulante total $ 486 $ 455

Ativo circulante total $ 761 $ 707 Passivo não circulante

Ativo Imobilizado Impostos diferidos $ 117 $ 104

Bens imóveis, fábrica e equipamentos $ 1.423 $ 1.274 Dívidas de longo prazo* 471 458

Depreciação acumulada 550 460 Passivo não circulante total $ 588 $ 562

Imobilizado líquido 87 3 814 Patrimônio líquido

Ativos intangíveis e outros 245 221 Ações preferenciais $ 39 $ 39

Ativo não circulante total $ 1.118 $ 1.035 Ações ordinárias (valor nominal: $ 1) 55 32

Reservas de capital 347 327

Reserva de lucros 390 347

Menos ações em tesouraria†

26 20

Patrimônio líquido total $ 805 $ 725

Ativo total $ 1.879 $ 1.742 Passivo total e patrimônio líquido‡ $ 1.879 $ 1.742

*As dívidas de longo prazo cresceram $ 471 milhões − $ 458 milhões 5 $ 13 milhões. É a diferença entre $ 86 milhões em dívidas novas e $ 73 milhões

em amortizações de dívidas antigas.

†As ações em tesouraria aumentaram em $ 6 milhões. Isso reflete a recompra de $ 6 milhões em ações da Compósitos.

‡A Compósitos relatou $ 43 milhões em capital próprio novo. A empresa emitiu 23 milhões de ações a um preço de $ 1,87. O valor nominal das ações

aumentou em $ 23 milhões, e as reservas de capital aumentaram em $ 20 milhões.

24 Parte I Visão Geral

Dívida versus capital próprio

Passivos são obrigações da empresa q ue requerem pagamentos em dinheiro em um prazo deter-

minado. Muitos passivos envolvem obrigações contratuais de devolver uma quantidade deter-

minada de dinheiro acrescida de juros sobre um período determinado de tempo. Desse modo,

passivos são dívidas e costumam ser associados a encargos financeiros nominalmente fixos,

chamados serviço da dívida; esses passivos fazem a empresa incorrer em inadimplência contra-

tual caso as dívidas não sejam pagas. O capital próprio dos acionistas é chamado de patrimônio

líquido no balanço patrimonial; é um direito a uma parte dos ativos da empresa que é residual

e não é um direito fixo. Em termos gerais, quando a empresa toma dinheiro emprestado, ela dá

aos credores a prioridade na reivindicação dos fluxos de caixa da empresa.1 Os credores podem

processar a empresa caso ela se torne inadimplente. Isso pode levar a empresa à falência. O

patrimônio líquido dos acionistas é a diferença entre o ativo e o passivo:

Ativo 2 Passivo ; Patrimônio líquido dos acionistas

É essa a participação dos acionistas na empresa, repre sentada em termos contábeis. O valor

contábil do patrimônio líquido dos acionistas aumenta quando é adicionada a reserva de lucros.

Isso ocorre quando a empresa retém parte dos lucros em vez de distribuí-los na forma de divi-

dendos ou juros sobre o capital próprio.

Valor versus custo

O valor contábil dos ativos de uma empresa é às vezes chamado de valor registrado ou valor de

livros do ativo.2 De acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade (International

Financial Reporting Standards – IFRS) adotadas no Brasil, as demonstrações contábeis au-

ditadas de empresas brasileiras devem informar a base ou bases de mensuração utilizadas nas

demonstrações contábeis (p. ex., custo histórico, custo corrente, valor realizável líquido, valor

justo ou valor recuperável).3 Assim, os termos valor registrado e valor de livros não são adequa-

dos. Eles se referem especificamente a “valor” quando, na verdade, os números contábeis em

geral se baseiam no custo. Isso leva muitos leitores de demonstrações contábeis à conclusão er-

rônea de que o ativo da empresa é registrado com o valor real de mercado. O valor de mercado

é o preço pelo qual vendedores e compradores dos ativos estão dispostos a transacionar. Seria

mera coincidência se o valor contábil e o valor de mercado fossem equivalentes. Na realidade,

a tarefa da administração é criar para a empresa valor que exceda o seu custo.

O balanço patrimonial é utilizado por várias pessoas, mas elas podem querer extrair infor-

mações diferentes dele. Os banqueiros podem procurar no balanço patrimonial evidências de

liquidez contábil e de capital de giro. Os fornecedores também podem observar a quantidade

de contas a pagar e, consequentemente, a rapidez geral com que os pagamentos são realizados.

Muitos usuários das demonstrações contábeis, incluindo gestores e investidores, querem saber

o valor da empresa, e não o seu custo. Essa informação não consta no balanço patrimonial. Na

verdade, muitos dos recursos da empresa não aparecem no balanço patrimonial: boa adminis-

tração, ativos de propriedade exclusiva da empresa, condições econômicas favoráveis e assim

1 Os credores são investidores em dívidas da empresa.

2 Muitos termos de contabilidade financeira têm o mesmo significado, o que pode gerar confusão. Isso constitui

um problema de jargão para os leitores de demonstrações financeiras. Por exemplo, os seguintes termos são

usados para se referir à mesma coisa: ativos menos passivos, capital próprio, patrimônio dos acionistas, patri-

mônio líquido contábil e fundos próprios. O mesmo ocorre com “demonstrações contábeis” e “demonstrações

financeiras” que utilizamos como sinônimos neste livro.

3 As IFRS exigem que os ativos sejam registrados de acordo com o seu custo histórico, o seu custo corrente, o

seu valor realizável ou o seu valor corrente, sendo o custo histórico a base de mensuração mais comumente ado-

tada pelas entidades na elaboração de suas demonstrações contábeis. Na maioria das vezes, o custo histórico é

menor que o valor de mercado. Entretanto, o valor dos ativos pode ser ajustado para corresponder ao valor justo

de mercado – por exemplo, no caso em que as condições econômicas se alterem e determinados ativos tenham

que ter seu valor ajustado ao seu valor recuperável na nova conjuntura.

O site do Comitê de

Pronunciamentos

Contábeis, o CPC, é

www.cpc.org.br; para

normas nos Estados

Unidos, veja o Financial

Accounting Standards

Board – FASB –, cujo site é

www.fasb.org.

Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 25

por diante. A partir desse ponto, sempre que falarmos do valor de um ativo ou do valor da em-

presa, normalmente estaremos nos referindo ao valor de mercado dela.

Dessa forma, por exemplo, ao dizermos que o objetivo do administrador financeiro é au-

mentar o valor das ações, geralmente queremos dizer aumentar o valor de mercado das ações,

e não o seu valor contábil.

Com a crescente globalização dos negócios, há uma necessidade cada vez maior de tornar

as normas contábeis de diferentes países mais compatíveis entre si. O Brasil adotou as normas

internacionais de Contabilidade (International Financial Reporting Standards – IFRS), emiti-

das pelo International Accounting Standards Board (IASB), em dezembro de 2007. O Estados

Unidos, mais reticentes na adoção de outras normas contábeis, desenvolvem um trabalho de

aproximação das suas normas para o IFRS. Em particular, o Financial Accounting Standards

Board – FASB dos Estados

,

Unidos, que coordena as políticas dos US GAAP, e o IASB, que

coordena as políticas das IFRS, têm trabalhado para a convergência de políticas contábeis,

desenvolvendo uma série de projetos em conjunto. A expectativa é que o passo seguinte seja a

adoção integral das IFRS para empresas sediadas nos Estados Unidos.

EXEMPLO 2.1 Valor de mercado versus valor contábil

A Companhia Clone tem ativo imobilizado com valor contábil de $ 700 e um valor de mer-

cado avaliado em cerca de $ 1.000. O capital de giro é de $ 400 nos livros contábeis, mas

aproximadamente $ 600 seriam realizados se todas as contas atuais fossem liquidadas. A

Clone tem $ 500 de obrigações de longo prazo, tanto em valor contábil quanto em valor de

mercado. Qual é o valor do patrimônio líquido? Qual é o valor de mercado?

Podemos construir dois balanços patrimoniais simplificados, um em termos contábeis

(valor contábil) e outro em termos econômicos (valor de mercado):

COMPANHIA CLONE

Balanços patrimoniais

Valor de mercado versus valor contábil

Ativo Passivo e patrimônio dos acionistas

Contábil Mercado Contábil Mercado

Capital de giro $ 400 $ 600 Dívidas de longo prazo $ 500 $ 500

Ativo imobilizado líquido 700 1.000 Patrimônio dos acionistas 600 1.100

$ 1.100 $ 1.600 $ 1.100 $ 1.600

Neste exemplo, o patrimônio dos acionistas é, na verdade, quase o dobro do que é mostra-

do nos livros. A distinção entre os valores contábil e de mercado é importante exatamente

porque os valores contábeis podem ser muito diferentes do verdadeiro valor econômico.

2.2 Demon str ação de resultados

A demonst ração de resultados do exercício (DRE) mede o desempenho durante um período

específico – um ano, por exemplo. A definição contábil de lucro é:

Receitas 2 Despesas ; Lucro

Enquanto o balanço patrimonial é como um momento congelado, a demonstração de resultados

é como uma gravação em vídeo do que as pessoas fizeram entre dois momentos. O Quadro 2.2

apresenta a demonstração de resultados da Companhia de Compósitos para o ano de 2012.

A DRE geralmente inclui várias seções. A seção de operações relata as receitas e despesas

da empresa nas suas principais operações. Um número especialmente importante é o lucro antes

de juros e imposto de renda, LAIR (em inglês, earnings before interest and taxes – EBIT), que

resume os lucros antes dos impostos e dos custos financeiros; como no Brasil, além do imposto

de renda, há a incidência da contribuição social sobre o lucro líquido, CSLL, é melhor exprimir

Para informações

adicionais sobre as IFRS,

confira o site

www.ifrs.org.

ExcelMaster

cobertura

online

26 Parte I Visão Geral

esse número como Resultado antes do resultado financeiro e dos tributos. Entre outras coisas,

a seção dos resultados não operacionais na demonstração de resultados inclui todos os custos

de financiamento, como as despesas de juros. Geralmente, uma segunda seção inclui separada-

mente a quantidade de impostos sobre os resultados. O último item na demonstração de resul-

tados é o lucro líquido, que costuma ser expresso por ação.

Quando da análise de demons trações de resultados, o administrador financeiro deve ter em

mente as normas contábeis, os itens que não afetam o caixa, o tempo e os custos.

Normas contábeis

A receita é co ntabilizada nas demonstrações de resultados quando o processo de realização da

receita está praticamente completo, e ocorreu a transação de bens ou serviços. Assim, o ganho

não realizado decorrente da posse de propriedades não será contabilizado como resultado.

Isso pode fornecer uma tática de uniformização de resultados por meio da venda de proprie-

dades valorizadas em momentos convenientes. Por exemplo, se a empresa é proprietária de

uma plantação de árvores que teve seu valor dobrado, ela poderá aumentar o lucro total por

meio da venda de algumas árvores durante um ano de baixos lucros de outros negócios (isso

seria uma receita não operacional se o negócio da empresa não for o de vender árvores). O

princípio da confrontação afirma que as receitas devem ser confrontadas com as despesas.

Assim, os resultados são contabilizados quando são recebidos ou faturados, mesmo que não

tenha ocorrido fluxo de caixa (p. ex., quando bens são vendidos a crédito, as vendas e os lu-

cros são contabilizados).

QUADRO 2.2 Demonstração de resultados do exercício da Companhia de Co mpósitos

COMPANHIA DE COMPÓSITOS

Demonstração de resultados do exercício

2012 (em milhões de $)

Receitas operacionais totais $ 2.262

Custo dos bens vendidos 1.655

Despesas gerais, administrativas e de vendas 327

Depreciação 90

Resultados operacionais $ 190

Outros resultados 29

Resultado antes do resultado financeiro e dos tributos $ 219

Despesas de juros 49

Resultado antes dos tributos sobre o lucro $ 170

Tributos 84

Correntes: $ 71

Diferidos: 13

Lucro líquido $ 86

Acréscimo a reserva de lucros: $ 43

Dividendos: 43

Observação: Há 29 milhões de ações em circulação. Podem-se calcular os lucros e dividendos por ação da seguinte

forma:

Lucros por ação 5

Resultado líquido____________________________

Total de ações em circulação

5

$ 86____

29

5 $ 2,97 por ação

Dividendos por ação 5

Dividendos____________________________

Total de ações em circulação

5

$ 43____

29

5 $ 1,48 por ação

Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 27

Itens que não afetam o caixa

O valor econômico dos ativos tem uma co nexão intrínseca com os fluxos de caixa adicionais

futuros. Contudo, o fluxo de caixa não aparece nas demonstrações de resultados. Há vários

itens que não afetam o caixa que se confrontam como despesas frente a receitas, mas que

não afetam o fluxo de caixa. O item mais importante que não afeta o caixa é a depreciação. A

depreciação reflete a estimativa contábil do custo do equipamento desgastado no processo de

produção. Suponhamos, por exemplo, que um ativo com uma vida útil de cinco anos seja com-

prado por $ 1.000. De acordo com os contadores, o custo de $ 1.000 deve ser incorrido durante

a vida útil do ativo. Se for utilizado o método de depreciação linear, o valor será dividido em

cinco parcelas iguais e haverá uma despesa de depreciação de $ 200 por ano. Da perspectiva fi-

nanceira, o custo do ativo é o fluxo de caixa negativo realizado quando ele é adquirido (ou seja,

$ 1.000, e não a despesa contábil uniformizada de depreciação de $ 200 por ano).

Outra despesa que não afeta o caixa são os tributos diferidos, que podem resultar de di-

ferenças entre a receita contábil e a receita tributável.4 Note que os tributos mostrados na de-

monstração de resultados da Companhia de Compósitos somam $ 84 milhões. Eles foram di-

vididos em tributos correntes e tributos diferidos. Os tributos correntes são recolhidos de fato

às autoridades fiscais (p. ex., a Receita Federal); os tributos diferidos, não. Entretanto, a teoria

afirma que, se a receita tributável for menor que a receita contábil no ano atual, futuramente ela

será maior que a receita contábil. Consequentemente, os tributos que não forem pagos agora

precisarão ser pagos no futuro e representam um passivo para a empresa. Esse fato aparece no

balanço patrimonial como passivo fiscal diferido. Da perspectiva de fluxo de caixa, entretanto,

os tributos diferidos não são saída de caixa.

Na prática, a diferença entre lucro contábil e fluxo de caixa pode ser drástica. Portanto, é

importante saber diferenciá-los. Considere, por exemplo, a Eurodisney, que administra a Dis-

neylândia de Paris. A empresa relatou um prejuízo líquido de € 99,5 milhões na primeira me-

tade de 2011. Parece terrível, mas a Eurodisney também relatou um fluxo de caixa positivo de

€ 6,4 milhões, uma diferença de cerca de € 106 milhões!

Tempo e custos

É útil pensar no futuro como se tivesse duas partes distintas: o curto prazo e o longo prazo. O

curto prazo é o período durante o qual certos equipamentos, recursos e compromissos da empre-

sa são fixos; mas esse

,

prazo é longo o bastante para que a empresa possa aumentar sua produção

com o uso de mais mão de obra e matérias-primas. Não é um período igual para todos os setores.

Entretanto, as empresas que tomam decisões de curto prazo têm alguns custos fixos, ou

seja, custos que não serão alterados por serem compromissos fixos. Exemplos práticos de cus-

tos fixos incluem juros de títulos de dívida, despesas gerais e impostos sobre propriedade. Os

custos que não são fixos são chamados de custos variáveis. Eles mudam conforme as variações

na produção da empresa; são exemplos a matéria-prima e os salários dos trabalhadores na linha

de produção (mas devemos lembrar que, embora os salários sejam um custo variável que acom-

panha a produção, no curto prazo, os custos e os prazos para demissão, assim como a necessi-

dade de preparação de nova mão de obra, tornam menos flexível a decisão de ajustes no quadro

funcional para ajustes às oscilações do mercado).

No longo prazo, todos os custos empresariais são variáveis. Em contabilidade financeira,

não há distinção entre custos variáveis e fixos. Em vez de serem divididos dessa forma, os

custos contábeis costumam ser classificados em custos por produto e custos por período. Os

custos por produto são os custos totais de produção que ocorreram durante um determinado pe-

ríodo: matéria-prima, mão de obra direta e custos gerais de fabricação. Eles são informados na

demonstração de resultados como custo dos produtos vendidos. Tanto custos variáveis quanto

4 Uma situação na qual a receita tributável pode ser menor do que a receita contábil é quando a empresa utiliza

procedimentos de aceleração da despesa de depreciação para a Receita Federal, mas utiliza procedimentos linea-

res permitidos pelas IFRS para fins de demonstrações societárias.

28 Parte I Visão Geral

custos fixos são incluídos nos custos por produto. Os custos por período são custos associados

a um período de tempo; são chamados de despesas gerais, administrativas e de vendas. Um

exemplo de custo por período seriam os honorários do presidente da empresa.

No Brasil, as empresas de capital aberto devem arquivar relatórios trimestrais e anuais jun-

to à CVM. O trimestral é conhecido como ITR (Informações Trimestrais), e o anual como DFP

(Demonstrações Financeiras Padronizadas). Em 2010, as empresas abertas brasileiras passaram a

ter de produzir e arquivar na CVM o chamado Formulário de Referência – FR –, um extenso e deta-

lhado relatório de informações da empresa. O FR pode ser atualizado a qualquer momento durante

o exercício, e, assim, você poderá ver vários FR de um mesmo ano. Para ter acesso aos relatórios

arquivados na CVM, você precisa baixar o arquivo de programas disponibilizado pela CVM. A ma-

neira mais fácil de consultar esses relatórios é acessar a página de informações para investidores da

companhia aberta de seu interesse. Para isso, acesse o site da companhia e procure a aba com uma

indicação do tipo “Investidores” ou “Relações com Investidores”. Para um exemplo, consulte a pá-

gina da WEG, uma empresa brasileira que produz sistemas industriais e máquinas e equipamentos

para produção, distribuição e conversão de energia elétrica em geral (Weg..., c2011).

2.3 Tributos

Os tributos podem ser uma das maiores saídas de caixa de uma empresa, e não só no Brasil. De

acordo com o Departamento de Comércio americano, o total de lucros de pessoas jurídicas an-

tes dos impostos nos Estados Unidos em 2010 foi de US$ 1,68 trilhão, e o s tributos sobre esses

lucros foram de cerca de US$ 470 bilhões, ou 28%. O tamanho da carga tributária é determina-

do por meio do código tributário, um conjunto de regras alteradas com frequência. Nesta seção,

examinamos as alíquotas tributárias da pessoa jurídica e mostramos como são calculadas.

Se as diversas regras de tributação parecem um pouco estranhas ou complicadas, lembre-se de

que o código tributário é o resultado de forças políticas, e não econômicas. Assim, não há motivo

para que ele tenha sentido econômico. Para ilustrar a complexidade dos impostos sobre pessoas ju-

rídicas, a declaração de renda da General Electric em 2006 totalizou 24 mil páginas, volume muito

grande para ser impresso. Registrada de forma eletrônica, a declaração ocupou 237 megabytes.

Alíquotas tributárias sobre lucros da pessoa jurídica

No Brasil há três regimes de tributação de lucros da pessoa jurídica. O primeiro, o Simples Na-

cional, aplica-se a microempresas e empresas de pequeno porte e, na verdade, não é um regime

de tributação de lucros, mas uma tributação percentual fixa sobre o faturamento; os percentuais

são diferentes para diferentes atividades. O Simples evita que a empresa optante realize cálcu-

los e controles complicados para apurar tributos. Há limites de receita para opção pelo Simples.

O segundo, o regime do Lucro Presumido, também evita que as empresas optantes tenham

controles elaborados para cálculo de seu imposto de renda e contribuição social sobre o lucro.

No regime do Lucro Presumido, presume-se que a empresa tenha um determinado percentual

de lucro sobre os valores que fatura. Sobre esse percentual, incide a tributação sobre o lucro.

O terceiro regime é o que nos interessa aqui: o regime do Lucro Real. Lucro real aqui significa

lucro apurado por meio de lançamentos contábeis de receitas e despesas e sua confrontação, ou

seja, decorre da realidade das operações da empresa e exige contabilidade apurada. Uma quarta

situação é a do Lucro Arbitrado, mas essa é uma opção de iniciativa da Receita Federal do Bra-

sil (RFB) para tributação de empresas em eventuais situações irregulares.

Todas as empresas cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, seja superior a R$ 72

milhões, ou a R$ 6 milhões multiplicados pelo número de meses de atividade do ano-calendário

anterior, quando inferior a 12 meses, são obrigadas a adotar a tributação pelo Lucro Real.

A tributação sobre o lucro é constituída pelo Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e

pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

O IR tem duas alíquotas: uma para a faixa de Lucro Real mensal de até R$ 20.000, à alí-

quota de 15%, e uma alíquota adicional de 10% sobre o Lucro Real que exceder R$ 20.000 de

lucro real mensal.

ExcelMaster

cobertura

online

Esta seção apresentará a

função PROC.

Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 29

A pessoa jurídica optante pelo Lucro Real, Presumido ou Arbitrado deverá recolher a Con-

tribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), também pela forma escolhida. Não é possível a

empresa optar por recolher o IRPJ pelo Lucro Real e a CSLL pelo Lucro Presumido.

A CSLL tem alíquota de 9% para a maioria dos negócios, mas algumas atividades têm outros

percentuais. Para uma empresa tributada na forma do Lucro Real, que é o tipo de empresa de inte-

resse para nosso estudo, a tributação pode ser vista, para fins de praticidade, como sendo de 34%.

As alíquotas tributárias da pessoa jurídica vigentes no Brasil são mostradas no Quadro 2.3A;

já as alíquotas tributárias da pessoa jurídica vigentes nos Estados Unidos são mostradas no Qua-

dro 2.3B. Uma característica peculiar da tributação instituída pela Lei da Reforma Tributária dos

Estados Unidos de 1986 e expandida pela Lei da Reconciliação Orçamentária de 1993 é que os

impostos da pessoa jurídica não aumentam progressivamente. Como mostrado, as alíquotas da

pessoa jurídica nos Estados Unidos aumentam de 15% para 39% e, depois, retrocedem a 34%

para os lucros acima de US$ 335.000. Elas aumentam para 38% e logo caem para 35%.

De acordo com os criadores das regras fiscais atuais, existem nos Estados Unidos apenas

quatro alíquotas para a pessoa jurídica: 15%, 25%, 34% e 35%, e as faixas de 38% e 39%

surgem por causa de “sobretaxas” aplicadas às alíquotas de 34% e 35%. Entretanto, elas conti-

nuam sendo impostos; assim, na verdade, há seis faixas de impostos para pessoas jurídica nos

Estados Unidos, como mostrado.

Alíquotas tributárias médias versus

,

marginais

Ao tomar decisões financeiras, geralmente é importante separar alíquotas tributárias médias de

alíquotas tributárias marginais sobre lucros. A alíquota tributária média é a carga tributária

dividida pelo lucro tributável – em outras palavras, a porcentagem de lucro destinada aos im-

postos. A alíquota tributária marginal são os impostos que seriam pagos (em val ores percen-

tuais) se fosse adicionado um real aos lucros. Todas as alíquotas tributárias apresentadas nos

Quadros 2.3A e 2.3B são marginais. Em outras palavras, elas se aplicam apenas à parte do lucro

dentro do intervalo indicado, e não a todo o lucro.

Podemos entender melhor a diferença entre as alíquotas tributárias médias e marginais por

meio de um exemplo simples. Suponhamos que, em determinado mês, sua empresa tenha um

lucro tributável de $ 200 mil. Qual é a carga tributária? Consultando o Quadro 2.3A, vemos que

nossa carga tributária é:

QUADRO 2.3A Alíquotas tributárias da pessoa jurídica no Brasil

Lucro tributável Alíquota tributária

IRPJ

R$ 0 2 240.000 15%

> 240.000 25%

CSLL

Todas as faixas de lucro 9%

QUADRO 2.3 B Alíquotas tributárias da pessoa jurídica no s Estados Unidos

Lucro tributável Alíquota tributária

$ 0 2 50.000 15%

50.001 2 75.000 25

75.001 2 100.000 34

100.001 2 335.000 39

335.001 2 10.000.000 34

10.000.001 2 15.000.000 35

15.000.001 2 18.333.333 38

18.333.334 1 35

30 Parte I Visão Geral

Se a empresa está sediada no Brasil:

IRPJ

0,15($ 20.000) 5 $ 3.000

0,25($ 200.000 2 20.000) 5 45.000

CSLL 0,09($ 200.000) 5 18.000

Total de tributos sobre o lucro 5 $ 66.000

O total de tributos que a empresa com sede no Brasil pagaria é de $ 66.000

Se a empresa está sediada nos Estados Unidos:

0, 15($ 50.000) 5 $ 7.500

0, 25($ 75.000 2 50.000) 5 6.250

0,3 4($ 100.000 2 75.000) 5 8.500

0,39 ($ 200.000 2 100.000) 5 39.000

Total de tributos sobre o lucro 5 $ 61.250

O tot al de tributos que a empresa com sede nos Estados Unidos pagaria é de $ 61.250.

Em nosso exemplo, qual é a alíquota tributária média? O lucro tributável foi de $ 200.000

e a carga tributária foi respectivamente de $ 66.000 e de $ 61.250; logo, as alíquotas tribu-

tárias médias são de $ 66.000/200.000 5 33% e de $ 61.250/200.000 5 30,625%. Qual é a

alíquota tributária marginal? Se fosse adicionado um real ao lucro da empresa brasileira, esse

real adicional seria tributado em 25% mais 9%, de modo que a alíquota marginal da empresa

brasileira é de 34%. Já o tributo sobre um dólar adicional de lucro da empresa norte-america-

na seria de 39 centavos, de modo que a alíquota marginal da empresa norte-americana, nesse

caso, é de 39%.

O Quadro 2.4 apresenta diferentes receitas tributáveis, alíquotas tributárias marginais e alí-

quotas tributárias médias para pessoas jurídicas norte-americanas. Observe como as alíquotas

tributárias média e marginal chegam aos mesmos 35% (34%, no caso do Brasil).

Para um imposto de alíquota fixa, existe apenas uma alíquota tributária, que é igual para

todos os níveis de receita. Com isso, a alíquota tributária marginal é sempre igual à alíquota

tributária média. No momento, a tributação sobre a pessoa jurídica nos Estados Unidos tem por

base um imposto de alíquota fixa modificada, que se torna uma verdadeira alíquota fixa para as

receitas mais altas.

Olhando o Quadro 2.4, observe que quanto mais uma corporação norte-americana lucrar,

maior será a porcentagem do lucro tributável pago em impostos. Em outras palavras, de acordo

com a lei fiscal atual dos Estados Unidos, a alíquota tributária média para as empresas norte-

-americanas nunca diminui, embora a alíquota tributária marginal diminua. Como mostrado,

lá as alíquotas tributárias médias para pessoas jurídicas vão de 15% até um máximo de 35%.

QUADRO 2.4 Impostos da pessoa jurídica e alíquotas tributárias nos Estados Unidos

(1)

Lucro tributável

(2)

Alíquota tributária

marginal

(3)

Total de impostos

(3)/(I)

Alíquota tributária

média

$ 45.000 15% $ 6.750 15,00%

70.000 25 12.500 17,86

95.000 34 20.550 21,63

250.000 39 80.750 32,30

1.000.000 34 340.000 34,00

17.500.000 38 6.100.000 34,86

50.000.000 35 17.500.000 35,00

100.000.000 35 35.000.000 35,00

A Receita Federal tem um

ótimo site: www.receita.

fazenda.gov.br.

Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 31

Normalmente, a alíquota tributária marginal é relevante na tomada de decisões financeiras.

O motivo é que todos os fluxos de caixa adicionais são tributados à alíquota marginal.

No caso das empresas tributadas no Brasil, a alíquota marginal será em geral de 34%, uma

vez que temos somente duas faixas de alíquotas, 15% e 25%, às quais se soma a CSLL – Con-

tribuição Social Sobre o Lucro Líquido –, que para a maioria das empresas é de 9%.

EXEMPLO 2.2 Atingi ndo o coração dos impostos

A empresa norte-americana Algernon, Inc. tem um lucro tributável de $ 85.000. Qual é a

sua carga tributária? Qual é a sua alíquota tributária média? Qual é a sua alíquota tributária

marginal?

No Quadro 2.3B, vemos que a alíquota tributária aplicada sobre os primeiros $ 50.000

é de 15%; a alíquota sobre os $ 25.000 seguintes é de 25%, e a alíquota sobre os valores

acima disso até $ 100.000 é de 34%. A Algernon, então, deve pagar 0,15 3 $ 50.000 1

0,25 3 25.000 1 0,34 3 (85.000 2 75.000) 5 $ 17.150. Logo, a alíquota tributária média

é de $17.150/85.000 5 20,18%. A alíquota marginal é de 34%, porque os impostos da

Algernon, Inc. aumentariam em 34 centavos caso ela tivesse um dólar a mais em receitas

tributáveis.

Como, em geral, as decisões financeiras envolvem novos fluxos de caixa, ou alterações nos

existentes, essa alíquota nos dirá o efeito marginal de uma decisão sobre nossa carga tributária.

Há uma última observação a ser feita sobre o modo como o código tributário dos Estados

Unidos afeta as corporações de lá. É fácil verificar que a carga tributária sobre a pessoa jurídica

nos Estados Unidos é apenas a alíquota fixa de 35% da receita tributável quando esta é maior do

que $ 18,33 milhões. Além disso, muitas empresas de porte médio com lucros tributáveis entre

$ 335.000 e $ 10.000.000 têm uma alíquota fixa de 34%.

Da mesma forma, como falaremos de grandes empresas brasileiras, vamos supor que as

alíquotas tributárias média e marginal são de 34%, exceto quando for explicitamente declarado

o contrário; essa é a alíquota total que é aplicável às grandes companhias abertas brasileiras.

Devemos observar duas coisas importantes: primeiro, só tratamos aqui dos tributos sobre

o lucro da pessoa jurídica, uma vez que as decisões financeiras afetam lucros, pois juros sobre

dívidas e financiamentos são dedutíveis como despesas operacionais, e, segundo, a abordagem

tributária aqui foi simplificada para fins de nossa apresentação. Na realidade, o código tribu-

tário é muito mais complexo, tanto no Brasil quanto em outros países, com várias deduções e

brechas permitidas para certos setores e tributação diferenciada em algumas situações. De fato,

dados recentes nos Estados Unidos, por exemplo, mostram que a alíquota tributária média pode

ser longe de 35% para muitas empresas. O Quadro 2.5 mostra alíquotas tributárias médias para

várias indústrias nos Estados Unidos. Como você pode ver, a alíquota tributária média vai de

33,8% para o setor de energia elétrica até 4,5% para empresas de biotecnologia.

QUADRO 2.5 Alíquotas tributárias médias da pessoa jurídica nos Estados Unidos

Setor Número de empresas Alíquota tributária m édia

Energia elétrica 24 33,8%

Transporte rodoviário 33 32,7

Transporte ferroviário 15 27,4

Corretagem de títulos 30 20,5

Serviços bancários 481 17,5

Suprimentos médicos 264 11,2

Internet 239 5,9

Farmacêutico 337 5,6

Biotecnologia 121 4,5

32 Parte I Visão Geral

Antes de continuar, devemos ainda observar que as alíquotas tributárias que discutimos

nesta seção se relacionam apenas aos tributos federais. Nos Estados Unidos, as alíquotas gerais

sobre lucros

,

podem ser mais altas quando se consideram os tributos estaduais e municipais

sobre lucros.

2.4 Capital de giro

O capital circulante líquido (CCL) é definido como o ativo circulante menos o passivo circulan-

te. Quando o ativo circulante tem valor maior que o do passivo circulante, o capital circulante

líquido é positivo, o que significa que o caixa a ser disponibilizado nos próximos 12 meses será

maior do que o caixa a ser pago. O capital circulante líquido da Companhia de Compósitos foi

de $ 275 milhões em 2012 e de $ 252 milhões em 2011.

Ativo circulante

(em milhões de $)

2

Passivo circulante

(em milhões de $)

5

Capital circulante líquido

(em milhões de $)

2012 $ 761 2 $ 486 5 $ 275

2011 707 2 455 5 252

Essa forma de apresentação do uso de capital de giro é muito comum e traduz uma abordagem

contábil. É fácil de perceber que a diferença entre os valores do Ativo circulante e do Passivo

circulante é igual à diferença entre a soma do Passivo não circulante e do Patrimônio líquido

menos o Ativo não circulante, e a essa segunda diferença damos o nome de Capital de Giro. De

fato, observe que o capital de giro é constituído pelos recursos não circulantes não empregados

em imobilizações ou outros ativos não circulantes. Temos, então:

Foco em usos:

Capital circulante líquido 5 Ativo circulante 2 Passivo circulante

5 CCL 5 AC 2 PC

Foco em fontes:

Capital de giro 5 (Passivo não circulante 1 patrimônio líquido) 2 Ativo não circulante

5 CDG 5 (PNC1PL) 2 ANC

É fácil concluir que:

CDG 5 CCL.

A análise do Capital de giro é mais importante do que a análise do Capital circulante líquido,

pois, quando analisamos o capital de giro pela parte de baixo do balanço, compreendemos

melhor as fontes dos recursos da empresa e as diferentes situações que podem se apresentar de

acordo com a necessidade de capital de giro dos negócios. A variável de interesse é o capital de

giro, e, doravante, trataremos de capital de giro ou capital circulante líquido conforme nos refe-

rirmos a fontes ou a usos de capital de giro. Trataremos disso em mais detalhes no Capítulo 27.

Além de investirem em ativos imobilizados (i.e., despesas de capital), as empresas podem

investir mais ou menos em ativos circulantes, e medimos isso pelo que é chamado de variação

no capital de giro.

A variação no capital de giro em 2012 é a diferença entre os capitais circulantes líquidos de

2012 e de 2011, ou seja, $ 275 milhões 2 $ 252 milhões 5 $ 23 milhões. Em geral, a variação

no capital circulante líquido de empresas em crescimento é positiva, refletindo a formação de

capital de giro nas operações.

2.5 Fluxo de caixa financeiro

O item mais importante que pode ser consu lta do em demonstrações contábeis talvez seja o

fluxo de caixa real da empresa. Uma demonstração contábil oficial denominada demonstração

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cobertura

online

Esta seção apresent ará

referênci as entre planilhas.

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online

Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 33

de fluxos de caixa ajuda a explicar a variação no caixa e equivalentes, do ponto de vista contá-

bil, que foi de $ 33 milhões em 2012 para a Compósitos. (Consulte a Seção 2.6.) Observe no

Quadro 2.1 que o item “caixa e equivalentes” aumentou de $ 107 milhões em 2011 para $ 140

milhões em 2012. Entretanto, vamos examinar o fluxo de caixa sob outra perspectiva: a das

finanças. Em finanças, o valor da empresa está na sua habilidade em gerar fluxos de caixa finan-

ceiros. (Falaremos mais sobre fluxos de caixa financeiros em um capítulo posterior.)

Primeiramente, devemos mencionar que fluxo de caixa não é o mesmo que capital circulan-

te líquido. Para aumentar o estoque, por exemplo, é necessário fazer uso de caixa. Como tanto

os estoques quanto o caixa são ativos circulantes, o capital circulante líquido não é afetado.

Nesse caso, o aumento no estoque está associado à diminuição de caixa.

Do mesmo modo como estabelecemos que o valor do ativo total da empresa é sempre igual

à soma dos valores do passivo e do patrimônio líquido, os fluxos de caixa recebidos do ativo

da empresa (i.e., atividades operacionais), FC(A), devem ser equivalentes à soma dos fluxos de

caixa para os credores, FC(B), e investidores de capital próprio, FC(S).

FC(A) ; FC(B) 1 FC(S)

A primeira etapa na determinação dos fluxos de caixa da empresa é encontrar o fluxo de cai xa

de atividades operacionais. Como pode ser observado no Quadro 2.6, o fluxo de caixa ope-

racional é o fluxo de caixa gerado em atividades empresariais, incluindo vendas de bens e

serviços.

QUADRO 2.6 Fluxo de caixa financeiro da Companhia de Compósitos

COMPANHIA DE COMPÓSITOS

Fluxo de caix a financeiro

2012

( em milhões de $)

Fluxo de caixa da empresa

Fluxo de caixa operacional

(Lucro antes de juros e tributos sobre renda mais depreciação menos impostos)

$ 238

Despesas de capital

(Compras de ativos imobilizados menos vendas de ativos imobilizados)

2173

Acréscimos ao capital circulante líquido 223

Total $ 42

Fluxo de caixa destinado aos investidores da empresa

Dívida

(Juros mais amortização de dívidas menos novo financiamento com dívidas de longo prazo)

$ 36

Capitais próprios

(Dividendos mais recompra de ações menos nova emissão de ações)

6

Total $ 42

O fluxo de caixa operacional reflete os pagamentos de impostos, mas não reflete financia-

mentos, gastos de capital ou variações no capital de giro.

em milhões de $

Lucros antes de juros e impostos $ 219

Depreciação 90

Impostos correntes 271

Fluxo de caixa operacional $ 238

Outro componente importante do fluxo de caixa envolve a movimentação do ativo imobi-

lizado. Por exemplo, quando a Compósitos vendeu sua subsidiária de sistemas de energia em

2012, gerou $ 25 milhões em fluxo de caixa. A movimentação líquida do ativo imobilizado

34 Parte I Visão Geral

equivale à diferença entre a aquisição de ativos imobilizados e a venda de ativos imobilizados.

O resultado é o fluxo de caixa usado para gastos de capital:

Aquisição de ativos imobilizados $ 198

Venda de ativos imobilizados 225

Gastos de capital $ 173 ($ 149 1 24 5 Aumento de bens imóveis, fábrica e

equipamentos 1 Aumento de ativos intangíveis)

Também podemos simplesmente calcular os gastos de capital da seguinte forma:

Gastos de capital 5 Ativo imobilizado líquido final 1 Ativo imobilizado líquido inicial

1 Depreciação

5 $ 1.118 2 1.035 1 90

5 $ 173

Fluxo s de caixa também são utilizados em investimentos em capital circulante líquido. Em

2012, na Compósitos, os acréscimos ao capital circulante líquido são:

Acréscimos ao capital circulante líquido $ 23

Observe que esses $ 23 milhões equivalem à variação no capital de giro calculada anteriormente.

Os fluxos de caixa totais gerados pelo ativo da empresa são iguais a:

Fluxo de caixa operacional $ 238

Gastos de capital 2173

Acréscimos ao capital circulante líquido 2 23

Fluxo de caixa total da empresa $ 42

O total de saídas de fluxo de caixa da empresa pode ser dividido em fluxo de caixa pago aos

credores e fluxo de caixa pago aos acionistas. O fluxo de caixa pago aos credores representa um re-

agrupamento dos dados do Quadro 2.6 e um registro explícito das despesas com juros. Os credores

recebem uma quantidade de dinheiro geralmente chamada de serviço da dívida. O se rviço da dívida

é a soma dos pagamentos de juros com os pagamentos de principal (i.e., amortização da dívida).

Uma fonte importante de fluxo de caixa é a emissão de novas dívidas. A dívida de longo

prazo da Compósitos aumentou em $ 13 milhões (a diferença entre $ 86 milhões em dívidas no-

vas e $ 73 milhões em amortização de dívidas antigas).5 Portanto, o aumento na dívida de longo

prazo é o efeito líquido de novos empréstimos e pagamento de obrigações com vencimento no

período mais despesas de juros:

Fluxo de caixa pago aos credores

(em milhões de $)

Juros $ 49

Amortização de dívidas 73

Serviço da dívida 122

Receita de emissões de dívidas de longo prazo 286

Total $ 36

O fluxo de caixa pago

,

aos credores também pode ser calculado da seguinte forma:

Fluxo de caixa pago aos credores 5 Juros pagos 2 Novos empréstimos líquidos

5 Juros pagos 2 (Dívida de longo prazo final

2 Dívida de longo prazo inicial)

5 $ 49 2 (471 2 458)

5 $ 36

5 Dívidas novas e amortização de dívidas antigas.

Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 35

O fluxo de caixa da empresa também é pago aos acionistas. É o efeito líquido do pagamen-

to de dividendos mais a recompra de ações em circulação e emissão de novas ações:

Fluxo de caixa para os acionistas

(em milhões de $)

Dividendos $ 43

Recompra de ações 6

Caixa para os acionistas 49

Receitas de emissão de novas ações 243

Total $ 6

Em geral, o fluxo de caixa para os acionistas pode ser determinado da seguinte forma:

Fluxo de caixa para os acionistas 5 Dividendos pagos 2 Aumento de capital

5 Dividendos pagos 2 (Ações vendidas

2 A ções recompradas)

Para determinar as ações vendidas, observe, em primeiro lugar, que as contas Ações ordinárias

e Reservas de capital tiveram aumentos que somam $ 23 1 20 5 $ 43, o que significa que a

empresa emitiu $ 43 milhões em ações. Em segundo lugar, as ações em tesouraria aumentaram

em $ 6, indicando que a empresa comprou de volta $ 6 milhões em ações. Logo, o aumento do

patrimônio líquido é de $ 43 − 6 5 $ 37.

Os dividendos pagos foram de $ 43 milhões. Assim, o fluxo de caixa para os acionistas

foi de:

Fluxo de caixa para os ac ionistas 5 $ 43 2 (43 2 6) 5 $ 6,

como calculado anteriorment e.

Podem-se fazer observações importantes a partir de nossa discussão sobre fluxo de caixa:

1. Vários tipos de fluxo de caixa são relevantes na compreensão da situação financeira da

empresa. O fluxo de caixa operacional, definido como o lucro antes de juros mais de-

preciação menos tributos sobre o lucro, mede o caixa gerado nas operações, sem contar os

gastos de capital ou as demandas do capital de giro. Geralmente é positivo; se o fluxo de

caixa operacional se mantém negativo por muito tempo, isso significa que a empresa está

com problemas, pois não está gerando caixa suficiente para pagar os custos operacionais.

O fluxo de caixa total da empresa inclui ajustes para gastos de capital e acréscimos ao

capital de giro. Muitas vezes, será negativo. Quando a empresa está em rápido crescimento,

os gastos com estoques e ativo imobilizado podem ser maiores do que o fluxo de caixa

operacional.

2. O lucro líquido não é o mesmo que o fluxo de caixa. Em 2012, o lucro líquido da Compó-

sitos foi de $ 86 milhões, enquanto o fluxo de caixa foi de $ 42 milhões. Os dois números,

geralmente, não são os mesmos. O fluxo de caixa é mais revelador sobre a situação econô-

mica e financeira da empresa.

O fluxo de caixa total da empresa recebe, às vezes, outro nome: fluxo de caixa livre.

Obviamente, não existe dinheiro “livre”, sem dono (quem dera!). Em vez disso, o nome se

refere ao caixa que a empresa pode distribuir livremente aos credores e aos acionistas porque

não é necessário para o capital de giro ou para investimentos em novos ativos imobilizados.

Permaneceremos com “fluxo de caixa total da empresa” como rótulo para esse importante con-

ceito, porque, na prática, existe certa variação na forma como o fluxo de caixa livre é calculado;

usuários diferentes o calculam de maneiras diferentes. No entanto, sempre que ouvir “fluxo de

caixa livre”, entenda que a discussão se refere ao fluxo de caixa dos ativos que pode ser distri-

buído aos investidores. Quando o termo exato não é importante, frequentemente utilizamos o

nome fluxo de caixa distribuível.

36 Parte I Visão Geral

2.6 Demonstração de fluxos de caixa

Como mencionado anteriormente, existe uma demon stra ção contábil oficial chamada demons-

tração de fluxos de caixa. Ela ajuda a explicar a variação no caixa contábil, que, para a Com-

panhia de Compósitos, foi de $ 33 milhões em 2012. Essa demonstração é muito útil para

entender o fluxo de caixa financeiro.

A primeira etapa na determinação da variação de caixa é encontrar o fluxo de caixa das ati-

vidades operacionais. Trata-se do fluxo de caixa resultante das atividades normais da empresa

relativas à produção e à venda de bens e serviços. A segunda etapa é fazer um ajuste relativo ao

fluxo de caixa das atividades de investimento. A última etapa é fazer um ajuste relativo ao fluxo

de caixa das atividades de financiamento, que são os pagamentos líquidos para os credores e

acionistas (excluindo despesas com juros) feitos durante o ano.

Os três componentes da demonstração de fluxos de caixa serão determinados a seguir.

Fluxo de caixa de atividades operacionais

Para calcular o fluxo de caixa de atividades operacionais, começamos com o l ucro líquido,

que pode ser consultado na demonstração de resultados e é igual a $ 86 milhões. Agora deve-

mos voltar a adicionar despesas que não afetam o caixa e fazer ajustes relativos a variações

nos ativos e passivos circulantes (exceto caixa e empréstimos). O resultado é o fluxo de

caixa de atividades operacionais. Os empréstimos serão incluídos na seção de atividades de

financiamento.

COMPANHIA DE COMPÓSITOS

Fluxo de caixa de atividades operacionais

2012 (em milhões de $)

Lucro líquido $ 86

Depreciação 90

Tributos diferidos 13

Variação de ativos e passivos

Contas a receber 224

Estoques 11

Fornecedores 16

Despesas a pagar 18

Outros 28

Fluxo de caixa de atividades operacionais $ 202

Fluxo de caixa de atividades de investimento

O fluxo de caixa de atividades de investimento envolve variações nos ativos imobilizados: aqui-

sições e vendas (i.e., despesas líquidas de capital). O resultado para a Compósitos é mostrado

a seguir:

COMPANHIA DE COMPÓSITOS

Fluxo de caixa de atividades de investimento

2012 (em milhões de $)

Aquisições de ativos imobilizados 2$ 198

Vendas de ativos imobilizados 25

Fluxo de caixa de atividades de investimento 2$ 173

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Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 37

Fluxo de caixa de atividades de financiamento

Fluxos de caixa de e para credores e acionistas incluem variações no capital próprio e na dívida:

COMPANHIA DE COMPÓSITOS

Fluxo de caixa de atividades d e financiamento 2012

(em milhões de $)

Amortizações de dívidas de longo prazo 2$ 73

Receita de emissões de dívidas de longo prazo 86

Variações nos empréstimos 23

Dividendos 243

Recompra de ações 26

Receitas de emissões de novas ações 43

Fluxo de caixa de atividades de financiamento $ 4

A demonstração de fluxos de caixa é a soma dos fluxos de caixa operacionais, fluxos de

caixa de atividades de investimento e fluxos de caixa de atividades de financiamento, apresenta-

da no Quadro 2.7. Quando adicionamos todos os fluxos de caixa, chegamos à variação de caixa

de $ 33 milhões no balanço patrimonial.

Há uma relação próxima entre a demonstração contábil oficial chamada de demonstração de

fluxos de caixa e o fluxo de caixa total da empresa utilizado na área de finanças. Voltando à seção

anterior, talvez você perceba aqui um leve problema conceitual. Os juros pagos deveriam entrar

QUADRO 2.7 Demonstrações consolidadas dos fluxos de caixa da Companhia de Compósitos

COMPANHIA DE COMPÓSITOS

Demonstração de fluxos de caixa 20 12

(em milhões de $)

Operaci onal

Lucro líquido $ 86

Depreciação 90

Impostos diferido s 13

Variação de ativos e passivos

Contas a receber 224

Estoques 11

Fornecedores 16

Despesas a pagar 18

Outros 28

Flu xo de caixa operacional total $ 202

Atividades de investimento

Aquisições de ativos imobilizados 2$ 198

Vendas de ativos imobilizados 25

Total de fluxos de caixa de atividades de investimento 2$ 173

Atividades de financiamento

Amortizações de dívidas de longo prazo 2$ 73

Receita de emissões de dívidas de longo prazo 86

Variação nos empréstimos 23

Dividendos 243

Recompra de ações 26

Receitas de emissões de novas ações 43

Total de fluxos de caixa de atividades de financiamento $ 4

,

Variação de caixa (no balanço patrimonial) $ 33

38 Parte I Visão Geral

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em atividades de financiamento, mas, infelizmente, pode não ser assim. As regras contábeis per-

mitem deduzir os juros como despesa quando o lucro é calculado. Assim, uma diferença funda-

mental entre os fluxos de caixa contábil e financeiro (consulte o Quadro 2.6) são as despesas com

juros. As normas contábeis não impedem que os juros pagos sejam classificados como atividade

de financiamento, admitem os dois tratamentos, e as empresas fazem a escolha mais conveniente.

2.7 Administração do fluxo de caixa

Uma das razões pelas quais a análi se de fluxo de caixa é popular é a dificuldade de se manipular

os fluxos de caixa. As normas contábeis permitem a tomada de importantes decisões subjetivas

referentes a áreas importantes. A utilização do fluxo de caixa como medida para avaliar a em-

presa vem da ideia de que haveria menos subjetividade e, portanto, seria mais difícil manipular

os números. No entanto, vários exemplos recentes mostraram que as empresas ainda podem

encontrar formas de fazer isso.

A Tyco utilizou diversas táticas para alterar os fluxos de caixa relatados. Por exemplo, a em-

presa comprou de revendedores de sistemas de segurança mais de US$ 800 milhões em contas de

clientes. Os fluxos de caixa provenientes dessas transações foram relatados na seção de atividades

de financiamento da demonstração contábil de fluxos de caixa. Quando a Tyco recebeu pagamen-

tos dos clientes, as entradas de caixa foram relatadas como fluxos de caixa operacionais. Outro

método utilizado pela Tyco foi o de fazer as empresas adquiridas pagarem antecipadamente as des-

pesas operacionais. Em outras palavras, empresas adquiridas pela Tyco pagariam aos fornecedores

por itens ainda não recebidos. Em um caso, os pagamentos totalizaram mais de US$ 50 milhões.

Quando as empresas adquiridas eram consolidadas com a Tyco, os pagamentos antecipados redu-

ziram as saídas de caixa desta, aumentando, assim, os fluxos de caixa operacionais.

A Dynegy, gigante do setor energético, foi acusada de tomar parte em diversas “transações

de ida e volta”, que envolviam, essencialmente, a venda de recursos naturais a uma contrapar-

te, com a recompra dos recursos da mesma parte pelo mesmo preço. Basicamente, a Dynegy

vendia um ativo por US$ 100 e, imediatamente, recomprava-o por US$ 100. O problema surgiu

com a forma como os fluxos de caixa da venda foram tratados. A Dynegy tratou o caixa da ven-

da dos ativos como fluxos de caixa operacionais, mas classificou a recompra como uma saída

de caixa de investimento. Os fluxos de caixa totais negociados pela Dynegy nessas transações

de ida e volta chegaram a US$ 300 milhões.

A Adelphia Communications foi outra empresa que, aparentemente, manipulou os fluxos de

caixa. No caso da Adelphia, a empresa capitalizou a mão de obra necessária para instalar cabos.

Em outras palavras, a empresa classificou essa despesa de mão de obra como um ativo fixo. Embo-

ra seja uma prática bastante comum no setor de telecomunicações, a Adelphia capitalizou uma por-

centagem de mão de obra maior do que a normal. Essa classificação resultou no tratamento da mão

de obra como um fluxo de caixa de investimento, o que aumentou o fluxo de caixa operacional.

Em cada um desses exemplos, as empresas estavam tentando aumentar os fluxos de caixa

operacionais por meio da mudança de fluxos de caixa para outra seção. O importante a ser obser-

vado é que essas movimentações não afetam o fluxo de caixa total da empresa. Por esse motivo,

recomendamos que se dê atenção a esse número, e não apenas ao fluxo de caixa operacional.

Resumo e conclusões

Além de apresentar a contabilidade para pessoas jurídicas, este capítulo teve como objetivo lhe

ensinar a determi nar o fluxo de caixa a partir das demonstrações contábeis de uma empresa típica.

1. Fluxos de caixa são gerados pela empresa e pagos a credores e acionistas. Eles podem ser

classificados como:

a. Fluxo de caixa operaciona l.

b. Fluxo de caixa proveniente de variações no ativo imobilizado.

c. Fluxo de c aixa proveniente de v ariações no capital de giro.

Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 39

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2. Calcular fluxos de caixa não é difícil, mas é necessária cautela e especial atenção aos

detalhes na contabilização correta de despesas que não envolvem o caixa, como deprecia-

ção e tributos diferidos. É de grande importância não confundir o fluxo de caixa com as

variações no capital de giro e com o lucro líquido.

QUESTÕES CONCEITUAIS

1. Liquidez Verdadeiro ou falso: Todos os ativos são líquidos a algum preço. Explique.

2. Contabilidade e fluxos de caixa Por que os valores de receitas e c ustos mostrados em

uma demonstração de resultados padronizada podem não ser representativos dos fluxos

reais de entrada e saída de caixa do período?

3. Demonstração contábil de fluxos de caixa Observando a demonstração contábil de flu-

xos de caixa, o que significa o número da última linha? Qual é a utilidade desse número

na análise de uma empresa?

4. Fluxos de caixa Em que pontos os fluxos de caixa financeiros e a demonstração de flu-

xos de caixa contábil diferem? Qual é mais útil na análise de uma empresa?

5. Valores co ntábeis versus valores de mercado De acordo com as normas contábeis, é

possível que o passivo de uma empresa exceda seu ativo. Quando isso ocorre, o patrimô-

nio líquido é negativo. Isso pode acontecer com valores de mercado? Por quê?

6. Fluxo de caixa dos ativos Por que não é necessariamente ruim que o fluxo de caixa dos

ativos apresente um valor negativo em determinado período?

7. Fluxo de caixa operacional Por que não é necessariamente ruim que o fluxo de caixa

operacional apresente um valor negativo em determinado período?

8. Capital circulante líquido e gastos de capital A variação do capital circulante líquido

de uma empresa poderia ser negativa em determinado ano? (Dica: sim.) Explique como

isso poderia ocorrer. E as despesas de capital líquidas?

9. Fluxo de caixa para acionistas e credores O fluxo de caixa para os acionistas poderia

ser negativo em determinado ano? (Dica: sim.) Explique como isso poderia ocorrer. E o

fluxo de caixa para os credores?

10. Valores da empresa Voltando ao exemplo do Bank of America no início do capítulo,

observe que sugerimos que os acionistas do banco provavelmente não foram prejudicados

em virtude das perdas demonstradas. Em sua opinião, qual foi a base de nossa conclusão?

QUESTÕES E PROBLEMAS

1. Montagem de um balanço patrimonial A BisPop Ltda. tem ativo circulante de $ 5.700,

ativo imobilizado líquido de $ 27.000, passivo circulante de $ 4.400 e passivo não ci rcu-

lante de $ 12.900. Qu al é o valor do patrimônio líquido? Qual é o valor do capital circu-

lante líquido?

2. Montagem de uma demonstração de resultados A Traves Ltda. tem vendas de

$ 387.000, custos de $ 175.000, despesas de depreciação de $ 40.000, despesas de juros

de $ 21.000 e uma alíquota tributária de 34%. Qual é o lucro líquido da empresa? Suponha

que a empresa tenha pago $ 30.000 em dividendos. Qual é o acréscimo à reserva de lucros?

3. Valores de mercado e valores contábeis Há três anos, a Cruzadores Klingon Ltda. com-

prou novo maquinário têxtil por $ 9,5 milhões. Hoje, o maquinário pode ser vendido para os

Romulanos por $ 6,5 milhões. O balanço patrimonial atual da Klingon mostra um ativo imo-

bilizado líquido de $ 5,2 milhões, um passivo circulante de $ 2,4 milhões e capital circulante

líquido de $ 800.000. Se todo o ativo circulante fosse liquidado hoje, a empresa receberia

$ 2,6 milhões. Qual é o valor contábil dos ativos da Klingon hoje? Qual é o valor de mercado?

4. Cálculo de tributos sobre o lucro A Locker Ltda. teve R$ 273.000 de lucro tributável.

Usando as alíquotas do Quadro 2.3A, calcule os tributos sobre a renda da empresa. Qual

é a alíquota tributária média?

,

Qual é a alíquota tributária marginal?

BÁSICO

(Questões 1-10)

40 Parte I Visão Geral

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5. Cálculo do FCO A Ramos Ltda. tem vendas de $ 18.700, custos de $ 10.300, despesas

de depreciação de $ 1.900 e despesas de juros de $ 1.250. Se a alíquota tributária for 34%,

qual será o fluxo de caixa operacional, o FCO?

6. Cálculo dos gastos líquidos de capital O balanço patrimonial de 2011 do Centro de

Formação de Condutores João mostrou ativo imobilizado líquido de $ 1,42 milhão, e o

balanço patrimonial de 2012 mostrou ativo imobilizado líquido de $ 1,69 milhão. A de-

monstração de resultados da empresa em 2012 mostrou uma despesa com depreciação de

$ 145.000. Quais foram os gastos líquidos de capital em 2012?

7. Montagem de um balanço patrimonial O quadro a seguir apresenta o passivo não circu-

lante e o patrimônio líquido dos acionistas da Controle de Informação S/A um ano atrás:

Dívidas de longo prazo $ 65.000.000

Ações preferenciais: 4.000.000

Ações ordinárias (valor ao par de $ 1) 15.000.000

Reserva de Lucros 135.000.000

Reserva de capital 45.000.000

Durante o ano passado, a Controle de Informação emitiu 10 milhões de novas ações a um

preço total de $ 58 milhões e emitiu $ 35 milhões em novas dívidas de longo prazo. A

empresa gerou $ 9 milhões de lucro líquido e pagou $ 2 milhões em dividendos. Construa

o balanço patrimonial atual refletindo as variações que ocorreram na Controle de Infor-

mação S/A durante o ano.

8. Fluxo de caixa para os credores Em 2011, o balanço patrimonial da Loja de Tênis da

Ana S/A mostrou dívidas de longo prazo de $ 1,45 milhão e o balanço patrimonial em

2012 apresentou dívidas de longo prazo de $ 1,52 milhões. A demonstração de resultados

de 2012 mostrou despesas com juros de $ 127.000. Qual foi o fluxo de caixa para os cre-

dores em 2012?

9. Fluxo de caixa para os acionistas Em 2011, o balanço patrimonial da Loja de Tênis da

Ana S/A mostrou $ 490.000 na conta das ações e $ 3,4 milhões na conta de reservas de

capital. O balanço patrimonial de 2012 apresentou $ 525.000 e $ 3,7 milhões nas duas

contas, respectivamente. Se a empresa pagou $ 275.000 em dividendos em 2012, qual foi

o fluxo de caixa para os acionistas?

10. Cálculo dos fluxos de caixa totais Com as informações da Loja de Tênis da Ana S/A apre-

sentadas nos dois problemas anteriores, suponhamos que você saiba também que os gastos lí-

quidos de capital da empresa foram de $ 945.000 em 2012 e que ela reduziu seu investimento

em capital circulante líquido em $ 87.000. Qual foi o fluxo de caixa operacional em 2012?

11. Fluxos de caixa Os contadores da Companhia Ritter prepararam as seguintes demonstra-

ções contábeis no final do ano de 2012:

a. Exp lique a variação no caixa em 2012.

b . Determine a variação no capital circulante líquido em 2012.

c. Determine o fluxo de caixa gerado pelos ativos da empresa em 2012.

COMPANHIA RITTER

Demonstração de resultados

2012

Receita $ 750

Despesas 565

Depreciação 90

Lucro líquido $ 95

Dividendos $ 75

INTERMEDIÁRIO

(Questões 11–23)

Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 41

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COMPANHIA RITTER

Balanço patrimonial

31 de dezembro

2012 2011

Ativo

Caixa $ 65 $ 55

Outros ativos circulantes 170 165

Ativo imobilizado líquido 390 370

Ativo total $ 625 $ 590

Passivo e patrimônio líquido

Contas a pagar $ 125 $ 115

Dívida de longo prazo 145 140

Patrimônio líquido 355 335

Total do passivo e do patrimônio líquido $ 625 $ 590

12. Fluxos de caixa financeiros A Companhia Estância forneceu as seguintes informações

correntes:

Captação de empréstimos de longo prazo $ 17.000

Captação com venda de ações 4.000

Compra de ativos imobilizados 21.000

Compra de estoques 1.900

Pagamento de dividendos 14.500

Determine os fluxos de caixa da empresa e os fluxos de caixa para os investidores.

13. Montagem de uma demonstração de resultados Durante o ano, a Sempé Pneus Eco-

nômicos Ltda. apresentou vendas brutas de $ 1,06 milhão. O custo dos produtos vendidos

e despesas com vendas da empresa foram de $ 525.000 e $ 215.000, respectivamente. A

Sempé também tinha $ 800.000 em títulos a pagar, com taxa de juros de 7%. A deprecia-

ção foi de $ 130,000. A alíquota tributária da Sempé foi de 34%.

a. Qual foi o resultado líquido?

b. Qual foi o fluxo de caixa operacional?

14. Cálculo dos fluxos de caixa totais A Companhia Sperta apresenta as seguintes informa-

ções na sua demonstração de resultados de 2012: vendas 5 $ 185.000; custos 5 $ 98.000;

outras despesas 5 $ 6.700; gastos com depreciação 5 $ 16.500; despesas com juros

5 $ 9.000; impostos 5 $ 19.180; dividendos 5 $ 9.500. Além disso, a empresa emitiu

$ 7.550 em novas ações em 2012 e resgatou $ 7.10 0 em dívidas de longo prazo.

a. Qual foi o fluxo de ca ixa operacional em 2012?

b. Qual foi o fluxo de ca ixa para os credores em 2012?

c. Qual foi o fluxo de ca ixa para os acionistas em 2012?

d. Se o ativo imobilizado líquido aumentou em $ 26.100 durante o ano, qual foi o acrés-

cimo ao capital circulante líquido (CCL)?

15. Utilização das demonstrações de resultados Dadas as seguintes informações sobre a

Companhia Marítima Mara, calcule os gastos com depreciação: vendas 5 $ 41.000; cus-

tos 5 $ 26.400; acréscimo à reserva de lucros 5 $ 4.900; dividendos pagos 5 $ 1.570;

despesas com juros 5 $ 1.840; alíquota tributária 5 34%.

16. Direitos residuais A Huang Ltda. é obri gada a pagar, em breve, $ 10.900 a seus credores.

a. Qual é o valor de mercado do patrimônio líquido dos acionistas se o ativo tiver um

valor de mercado de $ 12.400?

b. E se o ativo for igual a $ 9. 600?

42 Parte I Visão Geral

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17. Alíquotas tributárias marginais versu s médias (Consulte o Quadro 2.3A.) A Compa-

nhia Crescimento teve um lucro tributável de $ 86.000, enquanto a Companhia Receita

teve uma receita tributável de $ 8.600.000.

a. Qual é a carga tributária de cad a empresa?

b. Suponha que ambas tenham identificado um projeto novo que aumentará o lucro tribu-

tável em $ 10.000. Qual é o valor adicional de impostos que cada empresa pagará? Por

que os montantes são diferentes nesse caso?

18. Lucro líquido e FCO Durante o ano de 2012, a Somb rinha Chuvosa S/A teve vendas de

$ 630.000.

O custo dos produtos vendidos, as despesas administrativas e de vendas e as despesas de

depreciação foram $ 470.000, $ 95.000 e $ 140.000, respectivamente. Além disso, a em-

presa teve despesas com juros de $ 70.000 e alíquota tributária de 34%. (Ignore quaisquer

medidas de compensação prévia ou futura por perdas fiscais).

a. Qual foi o lucro líqui do em 2012?

b. Qual foi o fluxo de caix a operacional?

c. Explique seus result ados em (a) e (b).

19. Valores contábeis versus fluxos de caixa No Problema 18, su ponha que a Sombrinha

Chuvosa S/A tenha pago $ 34.000 em dividendos. Isso é possível? Se as despesas com ativo

imobilizado líquido e capital circulante líquido foram zero e se nenhuma emissão de ações

ocorreu durante o ano, qual foi a variação na conta de dívidas de longo prazo da empresa?

20. Cálculo dos fluxos de caixa As Indústrias Cunha tiveram os seguintes resultados operacio-

nais em 2012: vendas 5 $ 19.900; custo dos produtos vendidos 5 $ 14.200; despesas de de-

preciação 5 $ 2.700; despesas com juros 5 $ 670; dividendos distribuídos 5 $ 650. No início

do ano, o ativo imobilizado líquido foi de $ 15.340, o ativo circulante foi de $ 4.420 e o passivo

circulante, $ 2.470. Ao final do ano, o ativo imobilizado líquido foi de $ 16.770, o ativo circu-

lante foi de $ 5.135 e o passivo circulante, $ 2.535. A alíquota tributária em 2012 foi 34%.

a. Qual foi o lucro líquido em 2012?

b. Qual foi o fluxo de caixa oper acional em 2012?

c. Qual foi o fluxo de caixa dos ativ os em 2012? Isso é possível? Explique.

d. Se nenhuma dívida foi contraída durante o ano, qual foi o fluxo de caixa para

,

os cre-

dores? Qual foi o fluxo de caixa para os acionistas? Explique e interprete os sinais

positivos e negativos de suas respostas nas questões de (a) a (d).

21. Cálculo dos fluxos de caixa Considere as seguintes demonstrações contábeis simplifica-

d as para as Empresas Weston:

EMPRESAS WESTON

Balanços patrimoniais parciais de 2011 e 2012

EMPRESAS WESTON

Demonstração de resultados de 2012

Ativo Passivo e patrimônio líquido Vendas $ 12.380

2011 2012 2011 2012 Custos 5.776

Ativo circulante $ 936 $ 1.015 Passivo circulante $ 382 $ 416 Depreciação 1.150

Ativo imobilizado líquido 4.176 4.896 Dívidas de longo prazo 2.160 2.477 Juros pagos 314

a. Qual é o patrimônio líquido de 2011 e 2012?

b. Qual é a variação do capital circulante líquido de 2012?

c. Em 2012, as Empresas Weston compraram $ 2.160 em ativo imobilizado novo. Quanto

venderam em ativo imobilizado? Qual foi o fluxo de caixa dos ativos no ano? (A alí-

quota tributária é de 34%.)

d. Em 2012, as Empresas Weston contraíram $ 432 em dívida nova de longo prazo. Qual é

o valor de dívidas de longo prazo que a empresa pagou durante o ano? Qual foi o fluxo

de caixa para os credores?

Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 43

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Use as seguin tes informações sobre a Solar S/A nos Problemas 22 e 23 (considere que a alíquo-

ta tributária é 34%):

2011 2012

Vendas $ 7.835 $ 8.409

Depreciação 1.125 1.126

Custo dos produtos vendidos 2.696 3.060

Outras despesas 639 534

Juros 525 603

Caixa 4.109 5.203

Contas a receber 5.439 6.127

Títulos a pagar a curto prazo 794 746

Dívidas de longo prazo 13.460 16.050

Ativo imobilizado líquido 34.455 35.277

Contas a pagar 4.316 4.185

Estoques 9.670 9.938

Dividendos 956 1.051

22. Demonstrações contábeis Prepare a demonstração de resultados e o balanço patrimonial

da empresa para 2011 e 2012.

23. Cálculo do fluxo de caixa Calcule o fluxo de caixa dos ativos, o fluxo de caixa para os

credores e o fluxo de caixa para os acionistas em 2012.

24. Fluxos de caixa Você está fazendo uma pesquisa sobre a Indústrias Time e encontrou a

seguinte demonstração de fluxos de caixa para o ano mais recente. Você também sabe que

a empresa pagou $ 98 milhões em impostos correntes e teve uma despesa com juros de

$ 48 milhões. Utilize a demonstração de fluxos de caixa contábil para construir a demons-

tração financeira de fluxos de caixa.

INDÚSTRIAS TIME

Dem on stração de fluxos de caixa

(em milhões de $)

Operacional

Lucro líquido $ 173

Depreciação 94

Impostos diferidos 19

Variação em ativos e passivos

Contas a receber 218

Estoques 22

Contas a pagar 17

Despesas a pagar 29

Outros 3

Fluxo de caixa operacional total $ 301

Atividades de investimento

Aquisições de ativos imobilizados 2$ 215

Vendas de ativos imobilizados 23

Total de fluxos de caixa de atividades de investimento 2$ 192

DESAFIO

(Questões 24–26)

44 Parte I Visão Geral

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INDÚSTRIAS TIME

Dem on stração de fluxos de caixa

(em milhões de $)

Atividades de financiamento

Amortizações de dívidas de longo prazo 2$ 162

Receita de emissões de dívidas de longo prazo 116

Variação em títulos a pagar 6

Dividendos 286

Recompra de ações 213

Receitas de emissões de novas ações 44

Total de fluxos de caixa de atividades de financiamento 2$ 95

Variação de caixa (no balanço patrimonial) $ 14

25. Ativo imobilizado e depreciação No balanço patrimonial, a conta do ativo imobilizado

líquido (AIL) é igual à conta do ativo imobilizado total (AIT), que registra o custo de

aquisição dos ativos imobilizados, menos a conta da depreciação acumulada (DA), que

registra a depreciação acumulada do ativo imobilizado. Sabendo que AIL 5 AIT – DA,

mostre que a equação para gastos líquidos de capital, AILfinal – AILinicial 1 D (onde D são

as despesas de depreciação durante o ano), é igual a AITfinal – AITinicial.

26. Alíquotas trib utárias Consulte as informações sobre alíquotas tributárias marginais no

Quadro 2.3B.

a. Em sua opinião, por que a alíquota tributária marginal nos Estados Unidos salta de

34% para 39% a um lucro tributável de $ 100.001 e, em seguida, volta para 34% a um

lucro tributável de $ 335.001?

b. Calcule a alíquota tributária média para uma corporação com uma receita tributária

de exatamente $ 335.001. Isso confirma sua explicação na parte (a)? Qual é a alíquota

tributária média para uma corporação com exatamente $ 18.333.334? A mesma expli-

cação vale para esse caso?

c. As alíquotas de 39% e 38% representam aquilo que é chamado de “bolha” de imposto.

Suponhamos que o governo norte-americano queira diminuir o limite superior da faixa

do imposto marginal de 39% de $ 335.000 para $ 200.000. Qual deveria ser a nova

alíquota da bolha de 39%?

DOMINE O EXCEL!

É possível encontrar a alíquota tri butária marginal no Excel por meio da função PROCV. Cal-

cular a carga tributária total, contudo, é um pouco mais difícil. Apresentamos, a seguir, uma

cópia da tabela de impostos do IRS dos Estados Unidos para pessoas físicas em 2011 (os limites

dos rendimentos são indexados à inflação e variam com o tempo). Este exemplo visa também a

familiarizar o leitor com normas tributárias de outro país.

Se a renda tributável

for acima de…

Mas abaixo

de… O tributo é:

$ 0 $ 8.500 10% do montante acima de US$ 0

8.500 34.500 $ 850 mais 15% do montante acima de $ 8.500

34.500 83.600 $ 4.750 mais 25% do montante acima de $ 34.500

83.600 174.400 $ 17.025 mais 28% do montante acima de $ 83.600

174.400 379.150 $ 42.449 mais 33% do montante acima de $ 174.400

379.150 $ 110.016,50 mais 35% do montante acima de $ 379.150

Lendo a tabela, constata-se que a alíquota tributária marginal para rendas tributáveis menores

que $ 8.500 é de 10%. Se a renda tributável estiver entre $ 8.500 e $ 34.500, a carga tributária

Capítulo 2 Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 45

V

is

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e

no

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te

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w

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.g

ru

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a.

co

m

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r

será de $ 850 mais impostos marginais. Os impostos marginais são calculados subtraindo-se da

receita tributável $ 8.500 vezes a alíquota tributária marginal de 15%.

a. Crie uma t abela de impostos corporativos nos Estados Unidos similar à tabela para

pessoas físicas apresentada anteriormente.

b. Para uma d eterminada renda tributável, qual é a alíquota tributária marginal?

c. Para uma deter minada renda tributável, qual é a carga tributária total?

d. Para uma determinada renda tributável, qual é a alíquota tributária média?

MINICASO

Fluxos de caixa na Warf C omputadores Ltda.

A Warf Computadores Ltda. foi fundada há quinze anos por

Nicolau Warf, um programador de computadores. O pequeno

investimento inicial para começar a empresa foi feito por Nico-

lau e seus amigos. Ao longo dos anos, o mesmo grupo forneceu

o reduzido investimento adicional de que a companhia precisa-

va por meio de capital próprio e dívidas de curto e longo pra-

zos. Recentemente, a empresa desenvolveu um teclado virtual.

Esse teclado utiliza sofisticados algoritmos de inteligência

artificial que, a partir da fala natural do usuário, transcrevem

o texto, corrigem erros ortográficos e gramaticais e formatam

o documento de acordo com as predefinições do usuário. Ele

também sugere diferentes formulações e estruturas de frases e

fornece diagnósticos estilísticos detalhados. Baseado em uma

tecnologia híbrida de software e hardware patenteada e muito

avançada, o sistema está uma geração à frente dos atualmente

disponíveis no mercado. Para introduzir o teclado virtual no

mercado, a empresa necessitará de um aporte significativo de

novos investimentos.

Nicolau tomou a decisão de procurar esse aporte de re-

cursos sob a forma de novos investimentos de capital próprio

e empréstimos bancários. Naturalmente, novos investidores e

bancos exigirão uma análise financeira detalhada. Sua empre-

gadora, a Olho no Dinheiro Ltda., pediu que você examinasse

,

Virginia Commonwealth University

Narendar Rao

Northeastern Illinois University

Raghavendra Rau

Purdue University

Steven Raymar

Indiana University

Bill Reese

Tulane University

Kimberly Rodgers

American University

Stuart Rosenstein

East Carolina University

Bruce Rubin

Old Dominion University

Patricia Ryan

Drake University

Jaime Sabal

New York University

Anthony Sanders

Ohio State University

Ray Sant

St. Edwards University

Andy Saporoschenko

University of Akron

William Sartoris

Indiana University

James Schallheim

University of Utah

Mary Jean Scheuer

California State University at

Northridge

Kevin Schieuer

Bellevue University

Faruk Selcuk

University of Bridgeport

Lemma Senbet

University of Maryland

Kuldeep Shastri

University of Pittsburgh

Betty Simkins

Oklahoma State University

Sudhir Singh

Frostburg State University

Scott Smart

Indiana University

Jackie So

Southern Illinois University

John Stansfield

Columbia College

Joeseph Stokes

University of Massachusetts, Amherst

John S. Strong

College of William and Mary

A. Charlene Sullivan

Purdue University

Michael Sullivan

University of Nevada–Las Vegas

Timothy Sullivan

Bentley College

R. Bruce Swensen

Adelphi University

Ernest Swift

Georgia State University

Alex Tang

Morgan State University

Richard Taylor

Arkansas State University

Andrew C. Thompson

Virginia Polytechnic Institute

Timothy Thompson

Northwestern University

Karin Thorburn

Dartmouth College

Satish Thosar

University of Massachusetts– Dorchester

Charles Trzcinka

State University of New York–Buffalo

Haluk Unal

University of Maryland– College Park

Oscar Varela

University of New Orleans

Steven Venti

Dartmouth College

Avinash Verma

Washington University

Lankford Walker

Eastern Illinois University

Ralph Walkling

Ohio State University

F. Katherine Warne

Southern Bell College

Sue White

University of Maryland

Susan White

University of Texas–Austin

Robert Whitelaw

New York University

Berry Wilson

Georgetown University

Robert Wood

Tennessee Tech University

Donald Wort

California State University, East Bay

John Zietlow

Malone College

Thomas Zorn

University of Nebraska–Lincoln

Kent Zumwalt

Colorado State University

xii Agradecimentos

Pela ajuda na décima edição, gostaríamos de agradecer a Stephen Dolvin, da Butler Univer-

sity; Joe Smolira, da Belmont University e Kay Johnson pelo trabalho desenvolvido no material

complementar. Também somos muito gratos a Bradford D. Jordan, da University of Kentucky;

Edward I. Altman, da New York University; Robert S. Hansen, da Virginia Tech; Suh-Pyng Ku,

da University of Southern California; e Jay R. Ritter, da University of Florida, que nos auxilia-

ram com inúmeros comentários atenciosos e proporcionaram uma ajuda imensurável.

Agradecemos a David Fenz, Steve Hailey e Nathaniel Graham pela minuciosa revisão e por

seu empenho na correção dos problemas.

No decorrer dos últimos três anos, os leitores vêm auxiliando ao detectarem e informarem

erros. Nossa meta é oferecer o melhor livro disponível sobre o tema; portanto, essas informa-

ções foram inestimáveis enquanto preparávamos a nova edição.

Muitos profissionais talentosos da McGraw-Hill/Irwin contribuíram para o desenvolvi-

mento do livro Administração Financeira, 10 ed.. Gostaríamos de agradecer especialmente a

Michele Janicek, Jennifer Lohn, Melissa Caughlin, Christine Vaughan, Pam Verros, Michael

McCormick e Emily Kline.

Por fim, gostaríamos de agradecer a nossas famílias e amigos, Carol, Kate, Jon, Mark e

Lynne por sua paciência e ajuda.

Stephen A. Ross

Randolph W. Westerfield

Jeffrey F. Jaffe

Esta versão brasileira de Corporate Finance, 10th ed., de Ross, Westerfield e Jaffe continua o

trabalho e o desafio a que nos propusemos junto à Editora Bookman, quando trabalhamos em

Fundamentos de Administração Financeira, 9.ed., lançado em 2013 como versão de Funda-

mentals of Corporate Finance, 9th ed., dos mesmos autores. O trabalho antes desenvolvido con-

tinua aqui, com novos capítulos da edição original e um capítulo inédito sobre derivativos no

Brasil, especialmente desenvolvido em parceria com o Instituto Educacional BM&FBOVESPA.

Autores brasileiros têm trabalhado para que tenhamos textos nacionais de finanças de tão

boa qualidade quanto os textos estrangeiros. Entretanto, livros estrangeiros traduzidos estão

estabelecidos nas nossas práticas de ensino e estudo. Isso não é diferente em outros países, onde

também se observa a publicação de edições adaptadas ao contexto local.

As ideias fundamentais em finanças são idênticas, qualquer que seja a língua e o país; é o

quadro institucional que muda. É como a ideia de um metrô. Conceitualmente é a mesma coisa,

em qualquer país: um trem subterrâneo para transporte de massa. Tente, entretanto, movimen-

tar-se no metrô de São Paulo, por exemplo, usando o mapa do metrô de Nova Iorque!

Continuamos no caminho já trilhado para tentar suprir, ainda que em parte, a necessidade

de um “mapa adequado”, com enfoque brasileiro. Mantivemos os conteúdos sobre práticas nos

Estados Unidos e as recomendações e os comentários dos autores norte-americanos e, ao longo

do livro, trouxemos comentários sobre as práticas brasileiras. Isso por dois motivos.

Em primeiro lugar, porque consideramos importante o aluno habituar-se ao fato de que

práticas e escolhas de caminhos diferentes são possíveis para uma mesma decisão, ou para um

mesmo fato, e decorrem de arranjos institucionais diferentes de sociedades diferentes.

O segundo motivo é mais acadêmico. Entre outros, embora os “mundos sem impostos” se-

jam os mesmos, os “mundos com impostos” podem ser muito diferentes. As discussões do que

talvez seja melhor para as empresas ou para os investidores são condicionadas a essas questões

reais. Assim, também procuramos salientar as diferenças tributárias: um alerta para alunos e

leitores de que algumas modelagens podem não fazer sentido quando o quadro tributário muda.

Em nossa experiência, constatamos que alguns alunos precisam de tempo para dar-se conta dos

ambientes distintos que fazem parte dos livros apenas traduzidos. Alguns talvez levem mais

tempo ainda para dar-se conta do nível de sofisticação do mercado financeiro brasileiro. Procu-

ramos fazer com que o livro reflita isso.

Este trabalho não teria sido possível sem o apoio do Instituto Educacional

BM&FBOVESPA, que contribuiu, mais uma vez, com materiais sobre o funcionamento da

bolsa de valores brasileira, participou da elaboração de um capítulo inédito sobre derivativos

no Brasil, apresentado por esta edição, além de várias outras contribuições em diversos capí-

tulos. Mais que o apoio institucional, contamos com o entusiasmo e a dedicação da equipe da

Bolsa: Gustavo de Souza e Silva, Tamara Ferreira Schmidt, José Alberto Netto Filho, Marita

Bernhoeft, Marcelo Cambria, Pedro Bustamante e Renato Tokiharu Issatugo.

Contamos também com o gentil e incondicional apoio dos professores André Luis Marti-

newski, Guilherme Kirch, Guilherme Ribeiro de Macêdo, Jairo Laser Procianoy, Marcelo Sche-

rer Perlin e Tiago Pascoal Filomena, todos do grupo de finanças da Escola de Administração da

UFRGS, que leram originais, fizeram sugestões e contribuições. Ao professor André Luis Mar-

tinewski, um agradecimento especial pela revisão de vários capítulos. Agradecemos aos outros

professores do grupo que fizeram observações e comentários sobre a edição de Fundamentos

de Administração Financeira.

Apresentação à Edição Brasileira

xiv Apresentação à Edição Brasileira

Da mesma forma, somos gratos pelo trabalho e pelas contribuições de profissionais de ou-

tras instituições: Alexandre Fetter Kalikoski, Clarissa Sadock, Daniel Carvalho Cunha, Diego

Chaves, Eduardo Miron, Felipe Guilherme Lamb, Frederico Schettini Batista, Harley Lorentz

Scardoelli, Leandro Puccini Secunho, Lena Oliveira de Carvalho, Mauro Rodrigues da Cunha,

Otavio Ladeira de Medeiros, Pedro de Freitas Almeida Bueno Vieira, Reginaldo Alexandre,

Roberto Faldini e Sidney Ito.

,

as demonstrações contábeis fornecidas por Nicolau. A seguir,

temos o balanço patrimonial dos dois últimos anos e a demons-

tração de resultados mais recente:

WARF COMPUTADORES

Balanço patrimonial

(em milhares de $)

2012 2011 2012 2011

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa e equivalentes $ 348 $ 301 Fornecedores $ 314 $ 294

Contas a receber 551 514 Empréstimos 85 79

Estoques 493 510 Despesas a pagar 190 308

Outros 71 60 Passivo circulante total $ 589 $ 681

Ativo circulante total $ 1.463 $ 1.385 Passivo não circulante

Impostos diferidos $ 254 $ 124

Ativo imobilizado Dívidas de longo prazo 907 883

Bens imóveis, fábrica e equipamentos $ 3.191 $ 2.446 Passivo não circulante total $ 1.161 $ 1.007

Menos depreciação acumulada 1.031 840 Patrimônio líquido dos acionistas

Bens imóveis, fábrica e equipamentos líquidos $ 2.160 $ 1.606 Ações preferenciais $ 16 $ 16

Ativos intangíveis e outros 610 545 Ações ordinárias 97 97

Ativo imobilizado total $ 2.770 $ 2.151 Reservas de capital 611 599

Reservas de lucros 1.904 1.233

Menos ações em tesouraria 145 97

Patrimônio líquido total $ 2.483 $ 1.848

Ativo total $ 4.233 $ 3.536 Total do passivo e do patrimônio líquido $ 4.233 $ 3.536

Nicolau também forneceu as seguintes informações: Du-

rante o ano, a empresa emitiu $ 175.000 em novas dívidas de

longo prazo e amortizou $ 151.000 em dívidas de longo pra-

zo. A empresa também emitiu $ 12.000 em novas ações e re-

comprou $ 48.000 em ações. Comprou $ 1.140.000 e vendeu

$ 330.000 em ativo imobilizado.

46 Parte I Visão Geral

V

isite nosso site: w

w

w

.grupoa.com

.br

WARF COMPUTADORES

Demonstração de resultados

(em milhões de $)

Vendas $ 5.813

Custo dos produtos vendidos 3.430

Despesas gerais, administrativas e de vendas 652

Depreciação 191

Receita operacional $ 1.540

Outras receitas 58

Lucro antes de juros e imposto de renda $ 1.598

Despesas com juros 105

Lucro antes de impostos $ 1.493

Impostos 597

Correntes: $ 467

Diferidos: 130 .

Lucro líquido $ 896

Dividendos $ 225

Reserva de lucros $ 671

A Olho no Dinheiro solicitou que você elaborasse as

demonstrações financeira e contábil de fluxos de caixa. Eles

pediram especificamente que você respondesse às seguintes

perguntas:

1. Co mo você descreveria os fluxos de caixa da Warf Com-

putadores?

2. Que demonstração de fluxos de caixa descreve com maior

precisão os fluxos de caixa da empresa?

3. Tendo em vista as respostas anteriores, comente os planos

de expansão de Nicolau.

Em 13 de maio de 2011, o preço de uma ação da

fabricante de tratores John Deere fechou em

torno de $ 88. A esse preço, o índice de Preço/

Lucro (P/L) da John Deere era de 17. Isto é, os in-

vestidores se dispunham a pagar $ 17 para cada

dólar de lucro obtido pela John Deere. Nesse

mesmo período, os investidores se dispunham

a pagar $ 9, $ 13 e $ 27 para cada dólar ganho

pela Ford, pela Coca-Cola e pela Google, res-

pectivamente. No outro extremo estavam o

Bank of America e a United States Steel. Am-

bos tiveram prejuízo no ano anterior, mas o

Bank of America estava valendo em torno de

$ 12 por ação, e a United States Steel, cerca de

$ 45. Como eles tiveram prejuízo, seus índices

P/L seriam negativos, então eles não estão

apresentados. Na época, a ação média no Índi-

ce S&P 500 de ações de grandes empresas era

negociada a um P/L de quase 14, ou seja, quase

14 vezes o lucro, como se diz em Wall Street.

Comparações de Preço/Lucro são exem-

plos do uso de indicadores financeiros. Como

veremos neste capítulo, há uma grande varie-

dade de indicadores financeiros, todos destina-

dos a resumir aspectos específicos da situação

financeira de uma empresa. Além de discutir-

mos como analisar as demonstrações contá-

beis e como calcular indicadores, teremos um

pouco a dizer sobre quem usa essas informa-

ções e por quê.

Para ficar por

dentro dos últimos

acontecimentos na área

de finanças, visite www.

rwjcorporatefinance.

blogspot.com.

Domine a habilidade de solucionar os problemas deste capítulo usando uma

planilha. Acesse Excel Master no site www.grupoa.com.br, procure pelo livro e

clique em Conteúdo Online.

3.1 Análise de demonstrações contábeis

No Capítulo 2, discutimos alguns conceitos essenciais de demonstrações contábeis e de fluxos de

caixa. Neste capítulo, continuamos a discussão do anterior. Nosso objetivo aqui é expandir sua

compreensão sobre os usos (e abusos) das informações contidas em demonstrações contábeis.

Um bom conhecimento prático das demonstrações contábeis é desejável, simplesmente

porque elas, e os números extraídos delas, são o principal meio de comunicação das informa-

ções financeiras tanto dentro quanto fora da empresa. Resumindo: grande parte da linguagem

das Finanças Corporativas tem como base as ideias que discutiremos neste capítulo.

Sem dúvida, uma função importante do contador é fornecer informações financeiras ao

usuário de uma forma útil para a tomada de decisões. Ironicamente, as informações dificilmente

chegam ao usuário dessa forma. Em outras palavras, as demonstrações contábeis não vêm com

um guia de usuário. Este capítulo é um primeiro passo para suprir essa lacuna.

Uniformização das demonstrações

Uma coisa óbvia que podemos querer fazer com as demonstrações contábeis de uma empre-

sa é compará-las com as de outras empresas semelhantes. Entretanto, teríamos um problema.

ExcelMaster

cobertura

online

Esta seção apresentará

a função de referência

absoluta SE (IF) e a função

SOMASE (SUM IF).

Análise de Demonstrações

e Modelos Contábeis 3

48 Parte I Visão Geral

A comparação direta das demonstrações contábeis de duas empresas é quase impossível, devido

a diferenças de tamanho.

Por exemplo, a Ford e a GM são fortes rivais do mercado de automóveis, mas a GM é

maior, de modo que é difícil fazer uma comparação direta entre as duas. Nesse sentido, é difí-

cil até mesmo comparar as demonstrações contábeis de diferentes momentos de uma mesma

empresa caso o tamanho dela tenha mudado. O problema do tamanho ganha um agravante se

tentarmos comparar a GM com a Toyota. Se as demonstrações contábeis da Toyota estão em

ienes, temos uma diferença de tamanho e de moeda.

Para começar a fazer comparações, algo evidente que podemos tentar fazer é uniformizar

as demonstrações contábeis de alguma forma. Uma maneira muito comum e útil de fazer isso é

trabalhar com porcentagens em vez de trabalhar com valores em moeda. Chamamos as demons-

trações resultantes de demonstrações de tamanho comum.1 Consideraremos esses elementos

a seguir.

Balanços patrimoniais de tamanho comum

Para facilitar a consulta, os balanços patrimoniais de 2011 e 2012 da Pedreira S/A são apresen-

tados no Quadro 3.1. Por meio deles, construímos os balanços patrimoniais de tamanho comum

expressando cada item como uma porcentagem do ativo total. Os balanços patrimoniais de

tamanho comum de 2011 e 2012 da Pedreira são mostrados no Quadro 3.2.

Observe que alguns dos totais não batem, por causa de arredondamentos de valores. Note

também que a variação total entre demonstrativos de períodos diferentes precisa ser zero, por-

que os números de cada um devem somar 100%.

Nessa forma, as demonstrações contábeis são relativamente fáceis de ler e comparar. Por

exemplo, basta olhar os dois balanços patrimoniais da Pedreira para ver que o ativo circulante

1 Você encontrará este tema tratado também como “análise vertical e análise horizontal de demonstrações fi-

nanceiras”.

QUADRO 3.1

PEDREIRA S/A

Balanços patrimoniais de 31 de dezembro de 2011 e de 2012

(em milhões de $)

Ativo 2011 2012

Ativo circulante

Caixa $ 84 $ 98

Contas a receber 165 188

Estoque 393 422

Total $ 642 $ 708

Ativo não circulante

Ativo Imobilizado: Instalações e equipamentos, líquido $ 2.731 $ 2.880

Ativo total $ 3.373 $ 3.588

Passivo e

,

patrimônio líquido

Passivo circulante

Fornecedores $ 312 $ 344

Dívidas de curto prazo 231 196

Total $ 543 $ 540

Dívidas de longo prazo $ 531 $ 457

Patrimônio líquido

Capital social e ágio recebido na emissão de ações $ 500 $ 550

Reserva de lucros 1.799 2.041

Total $ 2.299 $ 2.591

Total do passivo e do patrimônio líquido $ 3.373 $ 3.588

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 49

aumentou de 19,1% do ativo total em 2011 para 19,7% em 2012. O passivo circulante diminuiu

de 16,0% para 15,1% do total do passivo e do patrimônio líquido no mesmo período. Da mesma

maneira, o patrimônio líquido total aumentou de 68,1% do total do passivo e do patrimônio

líquido para 72,2%.

De modo geral, a liquidez da Pedreira, medida pela comparação entre o ativo e o passivo

circulantes, aumentou de um ano para outro. Ao mesmo tempo, o endividamento da Pedreira

diminuiu como porcentagem do ativo total. Poderíamos nos sentir tentados a concluir que o

balanço patrimonial ficou “mais forte”.

Demonstrações de resultado de tamanho comum

O Quadro 3.3 descreve algumas medidas de lucro. Um modo útil de uniformizar a demonstra-

ção de resultados mostrada no Quadro 3.4 é expressar cada item como porcentagem do total de

vendas, como no exemplo da Pedreira no Quadro 3.5.

Essa demonstração de resultados nos mostra o que acontece com cada real em vendas. Para

a Pedreira, despesas de juros consomem até $ 0,061 de cada real em vendas, e os impostos con-

somem outros $ 0,081. No final, $ 0,157 de cada real chegam ao lucro líquido, e esse montante

divide-se em $ 0,105 retidos na empresa e $ 0,052 distribuídos como dividendos.

Essas porcentagens são muito úteis em comparações. Por exemplo, um número muito impor-

tante é a porcentagem de custos. Para a Pedreira, 58,2% de cada $ 1 em vendas são usados para

pagar o custo das mercadorias vendidas. Seria interessante calcular a mesma porcentagem para

os principais concorrentes da empresa para saber como ela está em termos de controle de custos.

LAJIDA e LAJIR: o que diz a CVM

A divulgação voluntária de informações de natureza não contábil denominadas LAJIDA e LA-

JIR é normatizada pela Instrução CVM no 527, de 4 de outubro de 2012 (Comissão de Valores

Mobiliários, 2012). Conforme a instrução, o cálculo do LAJIDA e do LAJIR deve ter como

QUADRO 3.2

PEDREIRA S/A

Balanços patrimoniais de tamanho comum

31 de dezembro de 2011 e 2012

Ativo 2011 2012 Variação

Ativo circulante

Caixa 2,5% 2,7% 1 0,2%

Contas a receber 4,9 5,2 1 0,3

Estoque 11,7 11,8 1 0,1

Total 19,1 19,7 1 0,6

Ativo não circulante

Ativo Imobilizado: Instalações e equipamentos, líquidos 80,9 80,3 − 0,6

Ativo total 100,0% 100,0% 0,0%

Passivo e patrimônio líquido

Passivo circulante 9,2% 9,6% 1 0,4%

Fornecedores 6,8 5,5 − 1,3

Dívidas de curto prazo 16,0 15,1 − 0,9

Total 15,7 12,7 − 3,0

Dívidas de longo prazo

Patrimônio líquido

Capital social e ágio recebido na emissão de ações 14,8 15,3 1 0,5

Reserva de lucros 53,3 56,9 1 3,6

Total 68,1 72,2 1 4,1

Total do passivo e do patrimônio líquido 100,0% 100,0% 0,0%

50 Parte I Visão Geral

base os números apresentados nas demonstrações contábeis de propósito geral previstas no

Pronunciamento Técnico CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis (Comissão de

Valores Mobiliários, 2012). Não podem compor o cálculo do LAJIDA e do LAJIR divulgados

QUADRO 3.3 Medidas de lucros

Investidores e analistas fazem um exame detalhado da demonstração de resultados em busca de pistas

sobre o desempenho da empresa em um ano específico. A seguir, apresentamos algumas medidas

usuais de lucro (números em milhões).

Lucro líquido É definido como as receitas totais menos as despesas totais. É também chamado

de “a última linha”. O lucro líquido da Pedreira no último período foi de $ 363

milhões. O lucro líquido reflete as diferenças na estrutura de capital e nos

impostos, assim como no resultado operacional de uma empresa. No cálculo do

lucro líquido, subtraem-se do resultado operacional as despesas com juros e os

impostos. Os acionistas fazem um exame detalhado do lucro líquido, pois este tem

uma forte ligação com a distribuição de dividendos e com a retenção de lucros.

LPA Lucro líquido dividido pelo número de ações em circulação. Expressa o lucro

líquido por ação. Para a Pedreira, o LPA 5 (Lucro líquido) / (Ações em circulação)

5 $ 363/33 5 $ 11.

LAJIR Lucro antes de juros e imposto de renda. Geralmente, é chamado de “lucro

operacional” ou “lucro das operações continuadas” na demonstração

de resultados. É o lucro, excluídos os itens não usuais, de operações

descontinuadas ou de itens extraordinários. Para calcular o LAJIR, subtraem-se

as despesas operacionais das receitas operacionais. O LAJIR é apreciado pelos

analistas, porque não considera as diferenças no resultado que decorrem da

estrutura de capital (despesas de juros) e dos impostos sobre o lucro da empresa.

O LAJIR da Pedreira é de $ 691 milhões.

LAJIDA Lucro antes de juros, imposto de renda, depreciação e amortização. LAJIDA

é o LAJIR mais a depreciação e a amortização. A amortização se refere a uma

despesa que não afeta o caixa e é semelhante à depreciação; a diferença é que

se aplica a um ativo intangível (p. ex., uma patente), e não a um ativo tangível

(p. ex., uma máquina). A palavra amortização, neste contexto, não se refere ao

pagamento de dívidas. Não há amortização na demonstração de resultados

da Pedreira. Para a Pedreira, o LAJIDA 5 $ 691 1 $ 276 5 $ 967 milhões. Os

analistas costumam utilizar o LAJIDA, porque ele soma de volta ao LAJIR dois

itens que não afetam o caixa (depreciação e amortização) e, assim, é uma melhor

medida do fluxo de caixa operacional antes de impostos. No Brasil, é muito

usado no mercado financeiro o termo em inglês “EBITDA”, de earnings before

interests, taxes, depreciation, and amortization.

Essas medidas de lucros podem ser seguidas pelas letras LTM, que significam “últimos doze meses”

(last twelve months). Por exemplo, o EPS LTM são os últimos doze meses do LPA, e o EBITDA LTM

são os últimos doze meses do LAJIDA. Às vezes, também vemos as letras TTM (trailing twelve months)

seguindo a uma medida de lucros. LTM e TTM significam a mesma coisa.

QUADRO 3.4

PEDREIRA S/A

Demonstração de resultados de 2012

(e m milhões de $)

Vendas $ 2.311

Custos e despesas 1.344

Depreciação 276

Lucro antes de juros e impostos $ 691

Juros pagos 141

Lucro tributável $ 550

Impostos (34%) 187

Lucro líquido $ 363

Dividendos $ 121

Acréscimo à reserva de lucros 242

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 51

ao mercado valores que não constem nas demonstrações contábeis, em especial na demons-

tração do resultado do exercício. A divulgação do cálculo do LAJIDA e do LAJIR deve ser

acompanhada da conciliação dos valores constantes das demonstrações contábeis. O cálculo do

LAJIDA e do LAJIR não pode excluir quaisquer itens não recorrentes, não operacionais ou de

operações descontinuadas, sendo obtido da seguinte forma:

I – LAJIDA – resultado líquido do período, acrescido dos tributos sobre o lucro, das

despesas financeiras líquidas das receitas financeiras e das depreciações, amortizações e

exaustões;

II – LAJIR – resultado líquido do período, acrescido dos tributos sobre o lucro e das despe-

sas financeiras líquidas das receitas financeiras.

A companhia pode optar por divulgar os valores do LAJIDA e do LAJIR excluindo os

resultados líquidos vinculados às operações descontinuadas, como especificado no Pronuncia-

mento Técnico CPC no 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Desconti-

nuada. O valor divulgado pode ser ajustado por outros itens que contribuam para a informação

sobre o potencial de geração bruta de caixa. A divulgação deve ser acompanhada da descrição

de sua natureza, bem como da forma de cálculo e da respectiva justificativa para a inclusão do

ajuste. A divulgação deve ser sempre identificada pelo termo “ajustado”. Toda a divulgação

,

relativa ao LAJIDA ou LAJIR deve ser feita de forma consistente e comparável com a apresen-

tação de períodos anteriores, e, em caso de mudança, deve ser apresentada justificativa, bem

como a descrição completa da mudança introduzida. A divulgação dos valores do LAJIDA ou

do LAJIR deve ser feita fora do conjunto completo de demonstrações contábeis previsto no

pronunciamento Técnico CPC no 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis. Para mais

detalhes, ver a Instrução CVM no 527 (Comissão de Valores Imobiliários, 2012).

3.2 Análises de indicadores

Outra forma de evitar os problemas da comparação de empresas que tenham tamanhos dife-

rentes é calcular e comparar indicadores financeiros. Tais indicadores permitem comparar e

investigar as relações entre as diferentes partes das informações financeiras. A seguir, aborda-

remos alguns dos indicadores mais comuns (há vários outros que não serão discutidos aqui).

Um problema com indicadores é que diferentes pessoas e diferentes fontes frequentemente

não os calculam exatamente da mesma forma, e isso leva a diversas confusões. As definições

específicas que usamos podem ou não ser iguais àquelas que você viu ou verá em outro lugar.

Ao usar indicadores como ferramentas de análise, tenha o cuidado de documentar o modo como

calcula cada um deles e, se estiver comparando seus números com os de outra fonte, verifique

se sabe como eles são calculados.

ExcelMaster

cobertura

online

Esta seção apresentará a

formatação condicional.

QUADRO 3.5

PEDREIRA S/A

Demonstração de resultados de

tamanho comum de 2012

Vendas 100,0%

Custos e despesas 58,2

Depreciação 11,9

Lucro antes de juros e impostos 29,9

Juros pagos 6,1

Lucro tributável 23,8

Impostos (34%) 8,1

Lucro líquido 15,7%

Dividendos 5,2%

Acréscimo à reserva de lucros 10,5

52 Parte I Visão Geral

Deixaremos para mais tarde a questão dos usos dos indicadores e dos problemas que você

pode encontrar ao usá-los. Por enquanto, para cada um dos indicadores que discutirmos, consi-

deraremos várias questões:

1. Como ele é calculado?

2. O que se pretende medir com ele, e por que estaríamos interessados nisso?

3. Qual é a unidade de medida?

4. O que um valor alto ou baixo estaria indicando? De que modo tais valores poderiam ser

enganosos?

5. Como essa medida poderia ser aperfeiçoada?

Os indicadores financeiros tradicionalmente são agrupados nas seguintes categorias:

1. Indicadores de solvência de curto prazo, ou de liquidez.

2. Indicadores de solvência de longo prazo, ou de alavancagem financeira.

3. Indicadores de eficiência na gestão de ativos, ou de giro.

4. Indicadores de rentabilidade.

5. Indicadores de valor de mercado.

Consideraremos cada um deles. Ao calcularmos esses números para a Pedreira, usaremos os nú-

meros de final de período do balanço patrimonial (2012), a menos que informemos o contrário.

Indicadores de solvência de curto prazo ou de liquidez

Como o nome sugere, os indicadores de solvência de curto prazo são um grupo destinado a for-

necer informações sobre a liquidez de uma empresa. Às vezes, eles são chamados de medidas

de liquidez. A principal preocupação é a capacidade que a empresa tem para pagar suas contas

de curto prazo, sem maior estresse. Consequentemente, esses indicadores se concentram no

ativo e no passivo circulantes.

Por motivos óbvios, os indicadores de liquidez são particularmente interessantes para os

credores de curto prazo. A compreensão desses indicadores é fundamental, pois os gestores

financeiros lidam constantemente com bancos e outros provedores de financiamentos de curto

prazo.

Uma vantagem de considerar o ativo e o passivo circulantes é que seus valores contábeis e

de mercado são, provavelmente, semelhantes. Com frequência (embora nem sempre), o ativo

e o passivo simplesmente não sobrevivem tempo suficiente para que fiquem seriamente desa-

linhados em relação a seus valores de mercado. Por outro lado, assim como qualquer tipo de

“quase caixa”, o ativo e o passivo circulantes podem variar rapidamente, de modo que os mon-

tantes de hoje podem não ser um guia confiável para o futuro.

Índice de liquidez corrente Um dos indicadores mais conhecidos e usados é o índice de liqui-

dez corrente. Como você já deve ter adivinhado, ele é definido assim:

Índice de liquidez corrente 5

Ativo circulante

Passivo circulante

(3.1)

Este é o índice de liquidez corrente da Pedreira em 2012:

Índice de liquidez corrente 5

$ 708

5 1,31 vez

$ 540

Como o ativo e o passivo circulantes são, em princípio, convertidos em caixa ao longo

dos 12 meses seguintes, o índice de liquidez corrente é uma medida da liquidez de curto pra-

zo. A unidade de medida é calculada em dinheiro ou em número de vezes. Assim, poderíamos

dizer que a Pedreira tem $ 1,31 em ativo circulante para cada $ 1 em passivo circulante, ou

poderíamos dizer que ela tem seu passivo circulante coberto 1,31 vez. Se não houver circuns-

tância extraordinária, esperaríamos ver um índice de liquidez corrente de pelo menos 1; se ele

Acesse www.reuters.com/

finance/stocks e encontre

o link de finanças para

examinar os indicadores

comparativos de um

grande número de

empresas.

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 53

for menor do que 1, significa que o capital circulante líquido (ativo circulante menos passivo

circulante) é negativo.

O índice de liquidez corrente, assim como qualquer índice, é afetado por diversos tipos

de transações. Por exemplo, suponhamos que a empresa faça um empréstimo de longo prazo

para captar recursos. O efeito de curto prazo seria um aumento do caixa com os resultados da

captação do empréstimo e um aumento da dívida de longo prazo. O passivo circulante não seria

afetado, e, portanto, o índice de liquidez corrente aumentaria.

EXEMPLO 3.1 Eventos do dia a dia

Suponhamos que uma empresa tivesse a intenção de pagar parte de seus fornecedores e

credores de curto prazo. O que aconteceria com o índice de liquidez corrente? Suponha-

mos que uma empresa compre estoque à vista. O que acontece? E se a empresa vendesse

alguns produtos?

O primeiro caso é uma pergunta capciosa. O que ocorre é que o índice de liquidez

corrente se distancia de 1. Se ele estiver acima de 1, ficará maior; mas, se for abaixo de 1,

ficará menor. Para ver isso, suponhamos que a empresa tenha $ 4 em ativo circulante e $2

em passivo circulante, o que dá um índice de liquidez corrente de 2. Se usarmos $ 1 do cai-

xa para reduzir o passivo circulante, o novo índice de liquidez corrente será de ($ 4 − $1) /

($ 2 − $ 1) 5 3. Se mudarmos a situação original para $ 2 em ativo circulante e $ 4 em passivo

circulante, a variação sugerida fará com que o índice de liquidez corrente caia de 1/2 para 1/3.

O segundo caso não é tão capcioso. Nada acontece ao índice de liquidez corrente,

porque o caixa diminui enquanto o estoque aumenta. Assim, o ativo circulante não é afetado.

No terceiro caso, o índice de liquidez corrente, em geral, seria elevado, porque o es-

toque normalmente é mostrado com o valor de custo, e a venda deve ser maior do que o

custo (a diferença é a margem de lucro). O aumento do caixa ou das contas a receber é,

portanto, maior do que a diminuição do estoque. Isso aumenta o ativo circulante e, conse-

quentemente, o índice de liquidez corrente.

Por último, observe que um índice de liquidez corrente aparentemente baixo pode não ser um

mau sinal para uma empresa com grande capacidade não utilizada de linhas de financiamento.

Índice de liquidez imediata (ou liquidez seca) Em geral, o estoque é o ativo circulante menos

líquido. Ele também é o que tem valores contábeis menos confiáveis como medidas do valor de

mercado, porque a qualidade do estoque não é considerada. Pode ser que mais tarde se descubra

que parte do estoque está danificada, parte pode tornar-se obsoleta ou ser perdida.

Para sermos mais exatos, estoques relativamente grandes quase sempre são um sinal de

problemas no curto prazo. A empresa pode ter superestimado

,

vendas ou ter comprado ou pro-

duzido em excesso. Nesses casos, ela terá uma parte substancial de sua liquidez presa em esto-

ques de movimentação lenta.

Para avaliar melhor a liquidez, o índice de liquidez imediata, ou liquidez seca, é calculado

como o índice de liquidez corrente, mas o estoque é omitido:

Índice de liquidez imediata 5

Ativo circulante – Estoque

Passivo circulante

(3.2)

Observe que utilizar caixa para comprar estoques não afeta o índice de liquidez corrente, mas

reduz o índice de liquidez imediata. A ideia é que o estoque é relativamente ilíquido quando

comparado ao caixa.

No caso da Pedreira, esse índice em 2012 foi:

Índice de liquidez imediata 5

$ 708 – 422

5 0,53 vez

$ 540

O índice de liquidez imediata conta uma história um pouco diferente daquela do índice de liqui-

dez corrente, porque o estoque representa mais da metade do ativo circulante da empresa. Para

exagerar a questão, se esse estoque fosse composto de usinas nucleares não vendidas, isso seria

motivo de preocupação.

54 Parte I Visão Geral

Para dar um exemplo de índice de liquidez imediata em relação ao índice de liquidez cor-

rente com base em demonstrações contábeis, em determinado ano, a Walmart e a Manpower

Inc. tiveram índices de liquidez corrente de 0,89 e 1,12, respectivamente. Entretanto, a Manpo-

wer não tinha estoque, enquanto o ativo circulante da Walmart era praticamente só o estoque.

Como resultado, o índice de liquidez imediata da Walmart foi de apenas 0,27, enquanto o da

Manpower foi de 1,12, igual ao seu índice de liquidez corrente.

Índice de caixa Um credor de curtíssimo prazo poderia se interessar pelo índice de caixa:

Índice de caixa 5

Caixa

Passivo circulante

(3.3)

Você pode verificar que isso resulta em 0,18 vez no caso da Pedreira.

Indica dores de solvência de longo prazo

Os indicadores de solvência de longo prazo destinam-se a abordar a capacidade de a empresa

cumprir suas obrigações de longo prazo ou, de modo geral, sua alavancagem financeira. Eles

também são chamados de índices de alavancagem financeira ou simplesmente índices de ala-

vancagem. Consideraremos três medidas mais usadas e algumas variações.

Índice de endividamento total O índice de endividamento total leva em conta todas as dívi-

das de todos os vencimentos e credores. Ele pode ser definido de várias maneiras, mas a mais

fácil é a seguinte:

Índice de endividamento total 5

Ativo total – Patrimônio líquido total

Ativo total

5

$ 3.588 – 2.591

5 0,28 vez

$ 3.588

(3.4)

Nesse caso, um analista poderia dizer que a Pedreira usa 28% de capital de terceiros.2 O fato de

isso ser alto ou baixo, ou mesmo de fazer qualquer diferença, depende de a estrutura do capital

ser ou não importante, assunto que discutiremos em um capítulo posterior.

A Pedreira tem $ 0,28 de capital de terceiros para cada $ 1 de ativo. Assim, existe $ 0,72

de patrimônio líquido ($ 1 – $ 0,28) para cada $ 0,28 de dívida. Tendo isso em mente, podemos

definir duas variações úteis do índice de endividamento total – o índice Dívida/Capital Próprio

e o multiplicador do patrimônio líquido:

Índice Dívida/Capital Próprio 5 Dívida total/Patrimônio líquido total

5 $ 0,28/$ 0, 72 5 0,39 vez

(3.5)

Multiplicador do patrimônio líquido 5 Ativo total/Patrimônio líquido total

5 $ 1/$ 0,72 5 1,39 vez

(3.6)

O fato de o multiplicador do patrimônio ser 1 mais o índice Dívida/Capital Próprio não é mera

coincidência:

Multiplicador do

patrimônio líquido 5 Ativo tota l/Patrimônio líquido total 5 $ 1/$ 0,72 5 1,39 vez

5 (Patrimônio líquido total 1 Dívida total)/Patrimônio líquido total

5 1 1 Índice Dívida/Capital Próprio 5 1,39 vez

É importante observar que, com qualquer um desses três indicadores, você pode calcular ime-

diatamente os outros dois, uma vez que todos trazem exatamente a mesma informação.

2 O patrimônio líquido total, aqui, inclui as ações preferenciais, se houver. Um numerador equivalente para esse

índice seria (Passivo circulante 1 Passivo não circulante).

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 55

Índice de cobertura de juros Outra medida comum da solvência de longo prazo é o índice

de cobertura de juros (ICJ). Para esse índice, também existem várias definições possíveis (e

comuns), mas ficaremos com a mais tradicional:

Índice de cobertura de juros 5

LAJIR

Juros

5

$ 691

5 4,9 vezes

$ 141

(3.7)

Como sugere o nome, esse indicador mede a capacidade de a empresa cumprir com suas obriga-

ções de pagamento de juros. No caso da Pedreira, a conta de juros é coberta 4,9 vezes.

Cobertura de caixa Um problema do índice ICJ é que ele se baseia no LAJIR, que não é real-

mente uma medida do caixa disponível para pagar juros. O motivo disso é que a depreciação

e a amortização, despesas que não afetam o caixa, foram deixadas de fora. Como os juros são

definitivamente uma saída de caixa (para os credores), uma forma de definir o índice de cober-

tura de caixa é:

Índice de cobertura de caixa 5

LAJIR 1 (Depreciação e amortização)

Juros

5

$ 691 1 276

5

$ 967

5 6,9 vezes

$ 141 $ 141

(3.8)

O numerador aqui, LAJIR mais depreciação e amortização, pode ser abreviado como LAJIDA

(lucro antes dos juros, dos impostos, da depreciação e da amortização). Essa é a medida básica

da capacidade de uma empresa de gerar caixa a partir de operações e é comumente usada como

medida do fluxo de caixa disponível para atender às obrigações financeiras.

Mais recentemente, outro indicador de solvência de longo prazo vem aparecendo cada vez

mais em análises de demonstrações contábeis e em cláusulas de dívida. Ele utiliza o LAJIDA e

endividamento. No caso específico da Pedreira:

Endividamento

5

$ 196 milhões 1 457 milhões

5 0,68 vez

LAJIDA $ 967 milhões

No numerador estão todos os títulos remunerados por juros e as dívidas bancárias em geral, in-

cluídos os endividamentos de curto e de longo prazo. No denominador está o LAJIDA. Também

poderíamos chamar o numerador de “Obrigações remuneradas por juros”, para distinguir essas

obrigações das obrigações operacionais. Valores abaixo de 1 nesse índice são considerados

muito fortes, e valores acima de 5, fracos. Entretanto, é necessária uma comparação cuidadosa

com outras empresas comparáveis para interpretar o índice corretamente.

Medidas de gest ão de ativos ou de giro

A seguir, veremos a eficiência com que a Pedreira utiliza seus ativos. Às vezes, as medidas dessa

seção são chamadas de índices de gestão ou de utilização dos ativos. Todos os indicadores especí-

ficos que discutimos aqui podem ser interpretados como medidas de giro. Eles se destinam a des-

crever a eficiência ou a intensidade com que uma empresa utiliza seus ativos para gerar vendas. Em

primeiro lugar, examinaremos dois ativos circulantes importantes: o estoque e as contas a receber.

Giro do estoque e prazo médio de estocagem Durante o ano, a Pedreira teve um custo das

mercadorias vendidas de $ 1.344. O estoque, ao final do ano, era de $ 422. Com esses números,

o giro do estoque pode ser calculado da seguinte forma:

Giro do estoque 5

Custo das mercadorias vendidas

Estoque

5

$ 1.344

5 3,2 vezes

$ 422

(3.9)

56 Parte I Visão Geral

De certo modo, a Pedreira vendeu ou movimentou todo o estoque 3,2 vezes durante o ano. Des-

de que não fiquemos sem estoque e, portanto, não percamos vendas, quanto maior esse índice,

mais eficiente é nossa gestão de estoques.

Se sabemos que giramos nosso estoque 3,2 vezes durante o ano, então podemos calcular

imediatamente o tempo médio necessário para girá-lo. O resultado é o prazo médio de estocagem:

Prazo médio de estocagem (PME) 5

365 dias

Giro do estoque

5

365

5 114 dias

3,2

(3.10)

Isso indica que, de modo aproximado, o estoque permanece 114 dias em média até ser vendido.

Colocando de outra forma: supondo que usamos os números mais recentes de estoques e custos,

demorará cerca de 114 dias até esgotar o estoque atual.

Por exemplo, em maio de 2011, a General Motors (GM) teria se beneficiado de uma ace-

leração nas

,

vendas. Na época, a empresa tinha um estoque de picapes suficiente para 111 dias.

Esses números significam que, na velocidade das vendas à época, a GM teria levado 111 dias

para que o estoque disponível fosse esgotado. Um estoque de 60 dias é considerado o normal

no setor. Felizmente, a GM tinha um estoque de crossovers para apenas 52 dias e de carros para

apenas 48 dias. Obviamente, os dias em estoque são menores para modelos com maior número

de vendas. Por exemplo, também em maio de 2011, o Lexus CT 200h tinha um prazo médio de

estocagem de apenas sete dias, e o Hyundai Elantra tinha um estoque de oito dias.

Giro de contas a receber e prazo médio de recebimento Nossas medidas de estoque nos dão

alguma indicação da rapidez com que podemos vender mercadorias. Agora veremos a rapidez

com que recebemos por essas vendas. O giro de contas a receber é definido da mesma forma

que o giro do estoque:

Giro de contas a receber 5

Vendas

Contas a receber

5

$ 2.311

5 12,3 vezes

$ 188

(3.11)

De modo geral, recebemos as vendas a crédito e fornecemos crédito novamente 12,3 vezes no ano.3

Esse índice faz mais sentido se o convertermos em dias. Eis o prazo médio de recebimento

(PMR):

Prazo médio de recebimento (PMR) 5

365 dias

Giro de contas a receber

5

365

5 30 dias

12,3

(3.12)

Assim, na média, recebemos as vendas a crédito em 30 dias. Por motivos óbvios, esse indicador

também é chamado de prazo médio de contas a receber. Observe também que, se usarmos os nú-

meros mais recentes, também podemos dizer que temos 30 dias em vendas ainda não recebidas.

EXEMPLO 3. 2 Giro de cont as a pagar

Aqui temos uma variação do prazo médio de recebimento. Quanto tempo em média a Com-

panhia Pedreira leva para pagar suas contas? Para responder, precisamos calcular o giro

de contas a pagar usando o custo das mercadorias vendidas. Suponhamos que a empresa

compre tudo a crédito.

3 Pressupomos implicitamente que todas as vendas foram feitas a crédito.

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 57

O custo das mercadorias vendidas é de $ 1.344, e as contas a pagar somam $ 344.

O giro, portanto, é de $ 1.344/$ 344 5 3,9 vezes. Assim, as contas a pagar giram mais ou

menos a cada 365/3,9 5 94 dias. Dessa forma, em média, a Pedreira leva 94 dias para pa-

gar suas contas. Como fornecedores potenciais de crédito, poderíamos nos interessar por

esse fato.4

Giro do ativo total Saindo da parte de contas específicas, como estoque ou contas a receber,

podemos considerar um indicador “abrangente”: o do giro do ativo total. Como o nome sugere,

o giro do ativo total é:

Giro do ativo total 5

Vendas

Ativo total

5

$ 2.311

5 0,64 vez

$ 3.588

(3.13)

Em outras palavras, para cada real em ativos, a Pedreira gerou $ 0,64 em vendas.

EXEMPLO 3. 3 Mais giro

Suponhamos que você descubra que determinada empresa gera $ 0,40 em vendas anuais

para cada real em ativos. Com que frequência ela gira seu ativo total?

O giro do ativo total é de 0,40 vez por ano. São precisos 1/0,40 5 2,5 anos para movi-

mentar completamente o ativo total.

Medidas de lucratividade

As três medidas que discutimos nesta seção provavelmente são os indicadores mais conhecidos

e utilizados. De uma forma ou de outra, eles se destinam a medir a eficiência da empresa em

utilizar seus ativos e administrar suas operações.

Margem líquida As empresa s prestam muita atenção às suas margens líquidas:

Margem líquida 5

Lucro líquido

Vendas

5

$ 363

5 15,7%

$ 2.311

(3.14)

Isso nos mostra que a Pedreira, em termos contábeis, gera um pouco menos de 16 centavos de

lucro líquido para cada real vendido, se o resultado não for influenciado por outras receitas:

financeiras, equivalência patrimonial, etc.

Margem LAJIDA Outra medida de lucratividade muito usada é a margem LAJIDA (também

informada no mercado brasileiro como “margem EBITDA”). Como mencionado, o LAJIDA é

uma medida do fluxo de caixa operacional antes de impostos. Ele soma de volta ao lucro despe-

sas que não afetam o caixa e não inclui impostos ou despesas com juros. Como consequência, a

margem LAJIDA está mais diretamente ligada aos fluxos de caixa operacionais do que o lucro

líquido, e não inclui o efeito da estrutura de capital ou dos impostos. A margem LAJIDA da

Pedreira é:

LAJIDA

5

$ 967 milhões

5 41,8%

Vendas $ 2.311 milhões

4 O exemplo, para mais simplicidade, trata de uma empresa comercial (daí o termo Custo das Mercadorias

Vendidas). Além desse pressuposto, que vale também para o prazo médio de estocagem, o cálculo também pres-

supõe que o estoque de mercadorias não sofre variações significativas de um ano para o outro.

58 Parte I Visão Geral

Obviamente, mantendo os outros fatores iguais, uma margem relativamente alta é desejável.

Essa situação corresponde a índices baixos de despesas em relação às vendas. Entretanto, acres-

centamos que nem sempre os outros fatores são iguais.

Por exemplo, a diminuição de nosso preço de venda, em geral, aumentará o volume uni-

tário, mas fará as margens diminuírem. O lucro total ou, mais importante, o fluxo de caixa

operacional pode aumentar ou diminuir. Assim, o fato de as margens serem menores não é

necessariamente ruim. Afinal de contas, não é possível que, como dizem, “nossos preços sejam

tão baixos, que perdemos dinheiro em tudo o que vendemos, mas compensamos no volume”?5

As margens diferem muito entre setores. O varejo tem uma margem líquida particularmen-

te baixa, geralmente em torno de 2%. Em contrapartida, a margem líquida da indústria farma-

cêutica é de, em média, 13%. Por isso, por exemplo, não é de se surpreender que as margens

de lucro recentes da Kroger (uma das maiores varejistas dos EUA) e da Pfizer tenham sido de

1,4% e 12,6%, respectivamente.

Retorno sobre o ativo O retorno sobre o ativo (Return on Assets – ROA) é uma medida do

lucro por real em ativos. Ele pode ser definido de várias maneiras,6 mas a mais comum é:

Retorno sobre o ativo 5

Lucro líquido

Ativo total

5

$ 363

5 10,1%

$ 3.588

(3.15)

Retorno sobre o patrimônio líquido O retorno sobre o patrimônio líquido (Return On Equity

– ROE) é uma medida de como foi o ano para os acionistas. Como nosso objetivo é beneficiar

os acionistas, em termos contábeis, o ROE é a verdadeira medida do desempenho do lucro. Em

geral, o ROE é medido assim:

Retorno sobre o patrimônio líquido 5

Lucro líquido

Patrimônio líquido

5

$ 363

5 14%

$ 2.591

(3.16)

Portanto, para cada real de patrimônio líquido, a Pedreira gerou 14 centavos de lucro, mas isso,

mais uma vez, está correto apenas em termos contábeis.

Como o ROA e o ROE são números muito citados, enfatizamos a importância de lembrar que

eles são índices de retorno contábeis. Por esse motivo, seria mais adequado chamar essas medi-

das de retorno sobre o ativo contábil e de retorno sobre o patrimônio contábil. Seria inadequado

comparar o resultado com, por exemplo, uma taxa de juros observada nos mercados financeiros.

O fato de o ROE exceder o ROA reflete o fato de que a Pedreira usa alavancagem finan-

ceira. Examinaremos o relacionamento entre essas duas medidas na próxima seção.

Medidas de valor de mercado

Nosso último grupo de medidas se baseia, em parte, em uma informação que não está neces-

sariamente contida nas demonstrações contábeis – o preço de mercado por ação. Obviamente,

essas medidas só podem ser calculadas para as empresas de capital aberto.

5 Não, não é possível.

6 Poderíamos, por exemplo, desejar uma medida do retorno sobre o ativo que seja neutra em relação à estrutura

de capital (as despesas com juros) e impostos. Uma medida assim, no caso da Pedreira, seria:

LAJIR

5

$ 691

5 19,3%

Ativo total $ 3.588

A interpretação dessa medida é natural. Se 19,3% excederem a taxa paga pelos empréstimos da Pedreira, ela

receberá mais dinheiro de seus investimentos do que pagará aos credores. O que sobra será disponibilizado aos

acionistas da empresa após a dedução dos impostos.

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis

,

59

Consideramos que a Pedreira tenha 33 milhões de ações em circulação e que cada uma de

suas ações é negociada por $ 88 no final do ano. Se lembrarmos que o lucro líquido da Pedreira

foi de $ 363 milhões, podemos calcular que o seu lucro por ação foi:

LPA 5

Lucro líquido

5

$ 363

5 $ 11

Ações em circulação 33

(3.17)

Índice Preço/Lucro A primeira de nossas medidas de valor de mercado, o índice (ou múltiplo)

Preço/Lucro (P/L), é definida assim:

Índice P/L 5

Preço por ação

Lucro por ação

5

$ 88

5 8 vezes

$ 11

(3.18)

Em linguagem de mercado, diríamos que uma ação da Pedreira é vendida por oito vezes o lucro,

ou poderíamos dizer que suas ações têm ou “carregam” um múltiplo de oito para o P/L.

Como o índice P/L mede o quanto os investidores estão dispostos a pagar por real de

lucro corrente, os P/Ls mais altos quase sempre significam que a empresa tem perspectivas

significativas de crescimento. Se uma empresa não tiver nenhum ou quase nenhum lucro, seu

P/L provavelmente será muito grande, de forma que é preciso ter cuidado ao interpretar esse

indicador.

Índice Valor de Mercado/Valor Contábil Outra medida de valor de mercado bastante citada

é o índice Valor de Mercado/Valor Contábil:

Índice Valor de Mercado/Valor Contábil 5

Valor de mercado por ação

Valor contábil por ação

5

$ 88

5

$ 88

5 1,12 vez

$ 2.591/33 $ 78,5

(3.19)

Observe que o valor contábil por ação é o patrimônio líquido total (não apenas o capital social)

dividido pelo número de ações em circulação.

O valor contábil por ação é um número contábil que reflete os custos históricos. De modo

geral, o índice Valor de Mercado/Valor Contábil compara, portanto, o valor de mercado dos

investimentos da empresa com seus custos. Um valor menor do que 1 significa que a empresa

não foi bem-sucedida em criar valor para os seus acionistas.

Valor de mercado O valor de mercado de uma empresa de capital aberto é igual ao preço por

ação da empresa multiplicado pelo número de ações em circulação. Para a Pedreira, é igual a:

Preço por ação 3 Ações em circulação 5 $ 88 3 33 milhões 5 $ 2.904 milhões

É um número útil para compradores potenciais de ações da Pedreira. Alguém com a intenção de

comprar todas as ações em circulação da Pedreira (em uma fusão ou aquisição) precisaria de,

pelo menos, $ 2.904 milhões acrescidos de um prêmio.

Valor da empresa (VE) É uma medida do valor da empresa estreitamente relacionada com o

valor de mercado. Em vez de focar apenas o valor de mercado das ações em circulação, ao valor

de mercado das ações em circulação, soma o valor de mercado das dívidas e subtrai o caixa

disponível. Já conhecemos o valor de mercado da Pedreira, mas não o valor de mercado das

dívidas. Nesta situação, a prática comum é usar como aproximação o valor contábil do endivi-

damento menos o caixa disponível. Para a Pedreira, o valor da empresa é (em milhões):

VE 5 Valor de mercado 1 Valor de mercado das dívidas − Caixa

5 $ 2.904 1 ($ 196 1 457) − $ 98 5 $ 3.459 milhões (3.20)

O objetivo da medida de VE é fazer uma melhor estimativa de quanto dinheiro seria necessário

para comprar todas as ações em circulação de uma empresa e, além disso, pagar todas as dívi-

60 Parte I Visão Geral

das. A dedução do caixa deve-se ao fato de que, se fizéssemos a compra, o caixa seria utilizado

imediatamente para recomprar as dívidas ou distribuir dividendos (se houver lucros para supor-

tar a distribuição).

Múltiplos do valor da empresa Analistas utilizam múltiplos de avaliação baseados no valor

da empresa quando o objetivo é estimar o valor total do negócio, e não apenas o valor do capital

próprio. Para obter um múltiplo apropriado, o valor da empresa é dividido pelo LAJIDA. Para a

Pedreira, o múltiplo do valor da empresa é:

VE

5

$ 3.459 milhões

5 3,6 vezes

LAJIDA $ 967 milhões

Esse múltiplo é especialmente útil, porque permite a comparação entre empresas que são dife-

rentes na estrutura de capital (as despesas com juros), impostos ou gastos de capital. Ele não é

afetado diretamente por essas diferenças.

Assim como ocorre com os índices P/L, espera-se que empresas com oportunidades de alto

crescimento tenham altos múltiplos VE.

Isso termina nossa definição de alguns indicadores comuns. Poderíamos falar sobre mais

alguns indicadores, mas esses são suficientes por enquanto. Encerraremos por aqui e conti-

nuaremos com a discussão de algumas maneiras de utilizá-los, em vez de apenas mostrar as

fórmulas. O Quadro 3.6 resume alguns dos índices que discutimos.

QUADRO 3.6 Indicadores financeiros comuns

I. Indicadores de solvência de curto prazo ou

de liquidez

Índice de liquidez corrente 5

Ativo circulante

Passivo circulante

Índice de liquidez

imediata

5

Ativo circulante – Estoque

Passivo circulante

Índice de caixa 5

Caixa

Passivo circulante

II. Indicadores de solvência de longo prazo ou

de alavancagem financeira

Índice de

endividamento total 5

Ativo total –

Patrimônio líquido

Ativo total

Índice Dívida/

Capital Próprio

5

Dívida total

Patrimônio líquido

Multiplicador do

patrimônio líquido

5

Ativo total

Patrimônio líquido

Índice de cobertura de juros 5

LAJIR

Juros

Índice de cobertura de caixa 5

LAJIDA

Juros

III. Indicadores de gestão de ativos ou de giro

Giro do estoque 5

Custo das mercadorias

vendidas

Estoque

Prazo médio de

estocagem (PME)

5

365 dias

Giro do estoque

Giro de contas a receber 5

Vendas

Contas a receber

Prazo médio de

recebimento (PMR)

5

365 dias

Giro de contas a receber

Giro do ativo total 5

Vendas

Ativo total

Intensidade de capital 5

Ativo total

Vendas

IV. Indicadores de lucratividade

Margem líquida 5

Lucro líquido

Vendas

Retorno sobre o ativo (ROA) 5

Lucro líquido

Ativo total

Retorno sobre o

patrimônio líquido

(ROE)

5

Lucro líquido

Patrimônio líquido

ROE 5

Lucro

líquido

3

Vendas

3

Ativo

Vendas Ativo Patrimônio

líquido

V. Indicadores de valor de mercado

Índice preço/lucro 5

Preço por ação

Lucro por ação

Índice

Valor de Mercado/

Valor Contábil

5

Valor de mercado

por ação

Valor contábil

por ação

Múltiplo de Valor

da Empresa (VE)

5

Valor da empresa

LAJIDA

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 61

EXEMPLO 3. 4

Considere os dados de 2010 da Lowe’s Companies e da Home Depot, varejistas ameri-

canas de produtos para o lar e materiais de construção (em bilhões, exceto o preço por

ação):

Lowe’s Company, Inc. The Home Depot, Inc.

Vendas $ 48,8 $ 68,0

LAJIR $ 3,2 $ 5,8

Lucro líquido $ 2,0 $ 3,3

Caixa $ 0,7 $ 0,5

Depreciação $ 1,6 $ 1,6

Endividamento $ 6,5 $ 8,7

Ativo total $ 33,7 $ 40,1

Preço por ação $ 25 $ 37

Ações em circulação 1,3 1,6

Patrimônio líquido $ 18,1 $ 18,9

1. Determine a margem líquida, o ROE, o valor de mercado, o valor da empresa, o múltiplo

P/L e o múltiplo VE da Lowe’s e da Home Depot.

Lowe’s Company, Inc. The Home Depot, Inc.

Multiplicador do

patrimônio líquido

33,7/18,1 5 1,9 40,1/18,9 5 2,1

Giro do ativo total 48,8/33,7 5 1,4 68,0/40,1 5 1,7

Margem líquida 2,0/48,8 5 4,1% 3,3/68,0 5 4,9%

ROE 2,0/18,1 5 11,0% 3,3/18,9 5 17,5%

Valor de mercado 1,3 3 25 5 $ 32,5 bilhões 1,6 3 37 5 $ 59,2 bilhões

Valor da empresa (1,3 3 25) 1 6,5 − 0,7 5 $ 38,3 bilhões (1,6 3 37) 1 8,7 − 0,5 5 $ 67,4 bilhões

Múltiplo P/L 25/1,54 5 16,3 37/2,1 5 17,9

LAJIDA 3,2 1 1,6 5 $ 4,8 5,8 1 1,6 5 $ 7,4

Múltiplo VE 38,3/4,80 5 8,0 67,4/7,4 5 9,1

2. Como você descreveria essas duas empresas do ponto de vista financeiro? Em geral,

a situação delas é semelhante. Em 2010, a Home Depot teve um ROE mais elevado

(em parte, devido ao giro do ativo total e a margem líquida terem sido mais altos), mas

a Lowe’s teve múltiplos P/L e VE ligeiramente menores. Os múltiplos P/L de ambas as

empresas estavam um tanto acima da média do mercado, indicando possíveis perspec-

tivas de crescimento futuro.

3.3 A identidade DuPont

Como mencionamos na discussão sobre ROA e ROE, a diferença entre essas duas medidas de

lucratividade reflete o uso de dívida no financiamento dos ativos, ou a alavancagem

,

financeira.

Nesta seção, ilustraremos a relação entre essas medidas investigando um modo bastante conhe-

cido de decompor o ROE em partes.

U m exame mais detalhado do ROE

Para começar, vamos lembrar a definição do ROE:

Retorno sobre o patrimônio líquido 5

Lucro líquido

Patrimônio líquido

ExcelMaster

cobertura

online

Esta seção apresentará

caixas de texto, formas

e linhas.

62 Parte I Visão Geral

Se quiséssemos, poderíamos multiplicar esse índice por Ativo/Ativo sem alterar nada:

Retorno sobre o patrimônio líquido 5

Lucro líquido

5

Lucro líquido

3

Ativo

Patrimônio líquido total Patrimônio líquido total Ativo

5

Lucro líquido

3

Ativo

Ativo Patrimônio líquido total

Observe que expressamos o ROE como o produto de dois outros índices – o ROA e o multipli-

cador do patrimônio líquido:

ROE 5 ROA 3 Multiplicador do patrimônio líquido 5 ROA 3 (1 1 Índice dívida/capital próprio)

Voltando à Pedreira, por exemplo, vemos que o índice Dívida/capital Próprio foi de 0,39 e que

o ROA foi de 10,12%. Nosso trabalho implica o fato de que o ROE da empresa, como já calcu-

lamos antes, é:

ROE 5 10,12% 3 1,39 5 14%

A diferença entre o ROE e o ROA pode ser substancial, especialmente em determinados

setores. Por exemplo: com base em demonstrações contábeis recentes, a U.S. Bancorp tem um

ROA de apenas 1,11%, o que, na verdade, é bastante comum para um banco. Entretanto, os ban-

cos costumam tomar muito dinheiro emprestado e, portanto, têm multiplicadores de patrimônio

líquido relativamente grandes. O ROE da U.S. Bancorp é de cerca de 11,2%, implicando um

multiplicador do patrimônio líquido de 10,1.

Podemos decompor ainda mais o ROE multiplicando o numerador e o denominador pelas

vendas totais:

ROE 5

Vendas

3

Lucro líquido

3

Ativo

Vendas Ativo Patrimônio líquido total

Se reorganizarmos um pouco os itens, veremos que o ROE fica assim:

ROE 5

Lucro líquido

3

Vendas

3

Ativo

Vendas Ativo Patrimônio líquido total

Retorno sobre o ativo

5 Margem líquida 3 Giro do ativo total 3 Multiplicador do patrimônio líquido

(3.21)

O que fizemos foi decompor o ROA em duas partes: a margem líquida e o giro do ativo total.

A última expressão da equação anterior é chamada de identidade DuPont, em homenagem à

DuPont Corporation, que popularizou seu uso.

Podemos verificar essa relação na Pedreira observando que a margem líquida foi de 15,7%

e o giro do ativo total foi de 0,64. Assim, o ROE será:

ROE 5 Mar gem líquida 3 Giro do ativo total 3 Multiplicador do patrimônio líquido

5 15,7% 3 0,64 3 1,39

5 14%

Esse ROE de 14% é exatamente aquele que obtivemos antes.

A identidade DuPont nos diz que o ROE é afetado por três fatores:

1. Eficiência operacional (medida pela margem líquida).

2. Eficiência no uso dos ativos (medida pelo giro do ativo total).

3. Alavancagem financeira (medida pelo multiplicador do patrimônio líquido).

Uma fragilidade na eficiência operacional ou na eficiência no uso de ativos, ou em ambas, re-

sultará em um baixo retorno sobre o ativo, que se traduzirá em um ROE mais baixo.

Considerando a identidade DuPont, parece que o ROE poderia ser alavancado pelo aumen-

to do montante de dívidas da empresa. Entretanto, observe que o aumento de dívidas também

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 63

aumenta as despesas de juros, o que reduz as margens de lucro, as quais reduzem o ROE. As-

sim, o ROE poderia subir ou descer. Além disso, o uso de dívida acarreta vários outros efeitos,

e, como discutiremos melhor em capítulos posteriores, o montante de alavancagem que uma

empresa usa é determinado por sua política para a estrutura de capital.

A Yahoo! e a Google estão entre as empresas de Internet mais conhecidas. Elas forne-

cem bons exemplos de como a análise DuPont pode ajudar a fazer as perguntas certas sobre o

desempenho financeiro de uma empresa. As análises DuPont da Yahoo! e da Google estão resu-

midas no Quadro 3.7. Como foi mostrado, em 2010 a Yahoo! teve um ROE de 9,8%, enquanto

em 2008 seu ROE foi de 3,8%. Em contrapartida, em 2010 a Google teve um ROE de 18,4%,

enquanto em 2008 seu ROE foi de 14,9%. Dadas essas informações, como é possível que a

Google tenha um ROE tão elevado durante esse período em relação à Yahoo!, e como se explica

o aumento do ROE da Yahoo!?

A decomposição do ROE, que discutimos nesta seção, é um modo de abordar sistemati-

camente a análise de demonstrações financeiras. Se o ROE for insatisfatório em algum ponto,

então a identidade DuPont diz onde começar a procurar pelos motivos.7

Inspecionando a análise DuPont, vemos que o giro do ativo e a alavancagem financeira da

Yahoo! e da Google são muito semelhantes. Contudo, a margem líquida da Yahoo! aumentou

de 5,9% para 19,5%. Enquanto isso, a margem líquida da Google aumentou de 19,4% em 2008

para 29,0% em 2010. Como se explica o fato de a Google ter uma margem líquida maior do que

a da Yahoo!? Eficiências operacionais podem resultar de maiores volumes, maiores preços e/

ou menores custos. Fica claro que a grande diferença de ROE entre as duas empresas pode ser

atribuída à diferença nas margens líquidas, independentemente da origem.

Problemas com a análise das demonstrações contábeis

Continuamos nosso capítulo discutindo alguns problemas adicionais que podem surgir no tra-

balho com demonstrações contábeis. De uma maneira ou de outra, o problema fundamental da

análise dessas demonstrações é que não há teoria subjacente que nos ajude na identificação dos

valores a serem examinados e que nos guie no estabelecimento de referências.

Como discutimos em outros capítulos, existem muitos casos em que a teoria financeira e a

lógica econômica fornecem orientação para fazer julgamentos sobre valor e risco. No caso das

demonstrações contábeis, não há muita ajuda desse tipo. Por isso, não podemos dizer quais são

os índices mais importantes e qual seria um valor alto ou um valor baixo.

Um problema particularmente sério é que muitas empresas são conglomerados, que

possuem ramos de negócios mais ou menos não relacionados. A GE é um bom exemplo. As

demonstrações contábeis de tais empresas não se ajustam a qualquer categoria definida de setor.

De modo geral, o tipo de análise de grupo de pares que descrevemos funcionará melhor quando

7 Talvez seja um bom momento para mencionar a célebre observação de Abraham Briloff, conhecido comenta-

rista financeiro: “Demonstrações contábeis são como perfumes finos; devem ser cheiradas, mas não engolidas”.

QUADRO 3. 7 Análise DuPont da Yahoo! e da Google

Yahoo!

Ano encerrado em ROE 5 Margem líquida 3 Giro do ativo total 3 Multiplicador do patrimônio líquido

12/10 9,8% 5 19,5% 3 0,424 3 1,19

12/09 4,8 5 9,3 3 0,433 3 1,20

12/08 3,8 5 5,9 3 0,527 3 1,22

Google

Ano encerrado em ROE 5 Margem líquida 3 Giro do ativo total 3 Multiplicador do patrimônio líquido

12/10 18,4% 5 29,0% 3 0,507 3 1,25

12/09 18,1 5 27,6 3 0,584 3 1,12

12/08 14,9 5 19,4 3 0,686 3 1,12

64 Parte I Visão Geral

as empresas estiverem exatamente no mesmo ramo de negócios, quando a indústria for compe-

titiva e houver apenas uma forma de operação.

Outro problema que se torna cada vez mais comum é que os principais concorrentes e

membros naturais dos grupos de pares de uma indústria podem estar espalhados em todo o

mundo. A indústria automobilística é um exemplo óbvio. O problema é que as demonstrações

contábeis de empresas situadas em países diferentes podem ter que cumprir normas contábeis

diferentes. A existência de diferentes padrões e procedimentos pode dificultar bastante a com-

paração entre as demonstrações contábeis de países diferentes.8

Até mesmo as empresas que estão claramente no mesmo ramo de negócios podem não

ser comparáveis. Por exemplo, todas as concessionárias cujo negócio principal é a geração de

energia são classificadas no mesmo grupo. Esse grupo quase sempre é visto como relativa-

mente hom*ogêneo. Entretanto, a maioria opera como monopólios regulados e, portanto, elas

não competem muito entre si, pelo menos não historicamente.

,

Muitas delas têm acionistas, e

outras podem estar organizadas como cooperativas sem acionistas. Existem várias formas de

gerar energia, variando da hidrelétrica à nuclear, de modo que as atividades operacionais dessas

empresas podem ser bem diferentes. Por fim, a lucratividade é muito afetada pelo ambiente re-

gulatório, de forma que empresas de serviços elétricos de países diferentes podem ser bastante

parecidas, mas exibir lucros muito díspares.

Vários outros problemas gerais costumam surgir. Em primeiro lugar, empresas diferentes

podem utilizar procedimentos contábeis diferentes – para estoques, nos EUA, por exemplo.

Isso dificulta a comparação. Em segundo lugar, conforme o país, as empresas podem encerrar

seus exercícios fiscais em épocas diferentes. Para empresas de negócios sazonais (como um

varejista com grande movimentação no Natal), isso pode levar a dificuldades de comparação

dos balanços por causa das flutuações nas contas durante o ano. Por fim, eventos incomuns ou

passageiros, como o lucro pontual com a venda de um ativo, podem afetar o desempenho finan-

ceiro de determinada empresa. Ao comparar tais eventos, podemos observar sinais enganosos.

3.4 Modelos contábeis

O planejamento financeiro é outra utilidade importante das demonstrações contábeis. A maioria

dos modelos de planejamento financeiro fornece demonstrações projetadas.9 Em nosso caso,

isso quer dizer que as demonstrações contábeis são a forma que usamos para resumir os dife-

rentes eventos projetados para o futuro.

U m modelo simples de planejamento financeiro

Podemos iniciar nossa discussão sobre os modelos de planejamento de longo prazo com um

exemplo relativamente simples. As demonstrações contábeis da Zona do Computador S/A do

ano passado são apresentadas a seguir.

Salvo indicação em contrário, os planejadores financeiros da Zona do Computador pressu-

põem que todas as variáveis estão diretamente ligadas às vendas e que as relações estão no seu

nível ideal. Isso significa que todos os itens aumentarão exatamente à mesma taxa das vendas.

Essa visão é obviamente simplificada, de forma que a utilizaremos apenas para mostrar nosso

ponto de vista.

8 A convergência para as normas internacionais (IFRS) visa a eliminar esse problema. As normas US GAAP e

IFRS tendem a convergir. FASB e IASB têm emitido vários pareceres e interpretações em conjunto.

9 Em inglês, “Pro-forma statements”. No Brasil, alguns mantém o termo pro forma na tradução; entretanto, aqui

as demonstrações pro forma somente podem tratar de efeitos de uma transação específica, como, por exemplo,

reestruturações societárias, aquisições, vendas ou cisões de negócios, mensuráveis de maneira objetiva (a partir

dos valores históricos). A apresentação de demonstrações pro forma é objeto da Orientação Técnica OCPC 06

– Apresentação de Informações Financeiras Pro Forma (Comitê de Pronunciamentos Contábeis, 2011). Assim,

adotamos “demonstrações projetadas” como tradução de “Pro-forma statements”.

ExcelMaster

cobertura

online

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 65

Z ONA DO COMPUTADOR S/A

Demonstrações contábeis

Demonstração de resultados Balanço patrimonial

Vendas $ 1.000 Ativo $ 500 Dívida $ 250

Custos 800 Patrimônio líquido 250

Lucro líquido $ 200 Total $ 500 Total $ 500

Suponha que as vendas aumentem em 20%, subindo de $ 1.000 para $ 1.200. Os planeja-

dores também preveem um aumento de 20% nos custos, de $ 800 para $ 800 3 1,2 5 $ 960.

Assim, a demonstração de resultados projetada seria:

Demonstração de

resultados projetada

Vendas $ 1.200

Custos 960

Lucro líquido $ 240

A hipótese de que todas as variáveis crescerão 20% nos permite construir facilmente o balanço

patrimonial projetado:

Balanço patrimonial projetado

Ativo $ 600 (1100) Dívida $ 300 (150)

Patrimônio líquido 300 (150)

Total $ 600 (1100) Total $ 600 (1100)

Observe que aumentamos apenas 20% em cada item. Os números entre parênteses são as varia-

ções em reais para os diferentes itens.

Agora temos de conciliar essas duas demonstrações projetadas. Por exemplo, como pode o

lucro líquido ser igual a $ 240 e o aumento do patrimônio líquido ser de apenas $ 50? A resposta

é que a Zona do Computador deve ter pago a diferença de $ 240 − $ 50 5 $ 190, provavelmente

em dividendos. Nesse caso, os dividendos são a variável “de fechamento”.

Suponha que a Zona do Computador não pague os $ 190. Nesse caso, o acréscimo à reser-

va de lucros é de $ 240. Assim, o patrimônio líquido da Zona do Computador aumentará para

$ 490, $ 250 (o montante inicial) mais $ 240 (lucro líquido), e parte da dívida deve ser resgatada

para manter o ativo total em $ 600.

Com $ 600 de ativo total e $ 490 de patrimônio líquido, a dívida terá de ser de $ 600 − 490

5 $ 110. Como iniciamos com $ 250 de dívida, a Zona do Computador terá de resgatar $ 250 −

110 5 $ 140 dela. O balanço patrimonial projetado resultante seria assim:

Balanço patrimonial projetado

Ativo $ 600 (1100) Dívida $ 110 (2140)

Patrimônio líquido 490 (1240)

Total $ 600 (1100) Total $ 600 (1100)

Neste caso, a dívida é a variável de fechamento utilizada para equilibrar os totais projetados do

ativo e do passivo.

Esse exemplo mostra a interação entre o crescimento das vendas e a política financeira.

À medida que as vendas aumentam, o total dos ativos também aumenta. Isso ocorre porque a

empresa precisa investir em ativos circulantes e ativos não circulantes para permitir níveis de

vendas mais altos. Como o ativo está aumentando, o total do passivo e do patrimônio líquido (o

lado direito do balanço patrimonial) também aumentará.

A Planware fornece

informações sobre

previsões de fluxo de caixa

em www.planware.org.

66 Parte I Visão Geral

Nesse nosso exemplo simples, é preciso observar que o modo como passivo e patrimônio

líquido mudam depende da política de financiamento da empresa e de sua política de dividen-

dos. O crescimento do ativo exige que a empresa decida como financiar esse crescimento. Essa

é uma decisão estritamente de alçada da alta administração. Observe que, em nosso exemplo, a

empresa não precisou de aportes financeiros. Em geral, esse não é o caso e, por isso, explora-

mos uma situação mais detalhada na próxima seção.

A abordagem da porcentagem de vendas

Na seção anterior, descrevemos um modelo simples de planejamento no qual todos os itens

aumentaram à mesma taxa das vendas. Esse pode ser um pressuposto aceitável para alguns ele-

mentos. Para outros, como a dívida de longo prazo, provavelmente isso não funcione, porque o

montante de dívidas de longo prazo é algo definido pela alta administração da empresa e pode

não se relacionar diretamente com as vendas.

Nesta seção, descrevemos uma versão estendida de nosso modelo simples. A ideia básica

é separar as contas da demonstração de resultados e do balanço patrimonial em dois grupos:

contas que variam de forma direta com as vendas e contas que não variam com as vendas. Dada

uma previsão de vendas, poderemos calcular o financiamento de que a empresa precisará para

sustentar o nível previsto de vendas.

O modelo de planejamento financeiro que descrevemos a seguir se baseia na abordagem da

porcentagem de vendas. Nosso objetivo é desenvolver uma maneira rápida e prática de gerar

demonstrações projetadas. Deixaremos a discussão de alguns detalhes para uma seção posterior.

A demonstração de resultados Iniciamos com nossa mais recente demonstração de resulta-

dos da Mar de Rosas S/A apresentada no Quadro 3.8. Observe que simplificamos ainda mais os

dados ao incluir custos, depreciação e juros em um único valor.

A Mar de Rosas projetou um aumento de 25% nas vendas para o próximo ano. Assim, esta-

mos prevendo vendas de $ 1.000 3 1,25 5 $ 1.250. Para gerar uma demonstração de resultados

projetada, consideramos que os custos totais continuarão sendo $ 800/$ 1.000 5 80% das ven-

das. Com essa hipótese, a demonstração de resultados projetada da Mar de Rosas é mostrada

no Quadro 3.9. Como

,

entendemos que os custos sejam uma porcentagem constante das vendas,

devemos considerar que a margem líquida seja constante. Para verificar isso, observe que a

margem líquida foi de $ 132/$ 1.000 5 13,2%. Em nossa demonstração projetada, a margem

líquida é de $ 165/$ 1.250 5 13,2%; portanto, continua inalterada.

A seguir, precisamos projetar o pagamento dos dividendos. Esse montante depende da alta

administração da Mar de Rosas (que deverá observar o mínimo estatutário). Consideraremos

que a empresa tenha uma política de distribuição de um percentual fixo do lucro líquido na for-

ma de dividendos. No ano passado, a taxa de distribuição de dividendos foi:

Taxa de distribuição de dividendos 5 Dividendos/Lucro líquido

5 $ 44/132 5 33 1/3% (3.22)

Também podemos calcular a razão entre acréscimo à reserva de lucros e lucro líquido:

Acréscimo a Reserva de lucros/Lucro líquido 5 $ 88/$ 132 5 66 2/3%

QUADRO 3.8

MAR DE ROSAS S/A

Demonstração de resultados

Vendas $ 1.000

Custos 800

Lucro tributável $ 200

Impostos (34%) 68

Lucro líquido $ 132

Dividendos $ 44

Acréscimo à reserva de lucros 88

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 67

Essa razão é chamada de taxa de retenção ou taxa de reinvestimento de lucros e é igual a 1

menos a taxa de distribuição de dividendos, porque tudo que não é distribuído é retido. Supondo

que a taxa de distribuição de dividendos seja constante, a projeção de dividendos e de acréscimo

à reserva de lucros será:

Projeção de dividendos pagos aos acionistas

Projeção de acréscimo à reserva de lucros

5 $ 165 3 1/3 5

5 $ 165 3 2/3 5

$ 55

110

$ 165

O balanço patrimonial Para gerar um balanço patrimonial projetado, começamos com a de-

monstração mais recente, como mostra o Quadro 3.10.

Em nosso balanço patrimonial, consideramos que alguns dos itens variam diretamente com

as vendas, e outros, não. Para os que variam, expressamos cada um como uma porcentagem de

vendas do ano recém-encerrado. Quando um item não varia diretamente com as vendas, escre-

vemos “n/a” para “não se aplica”.

Por exemplo, no lado do ativo, o estoque é igual a 60% das vendas ($ 600/$ 1.000) para o

ano recém-encerrado. Presumimos que essa porcentagem se aplique ao ano seguinte, e, portan-

to, para cada $ 1 em vendas, o estoque aumenta em $ 0,60. A razão entre ativo total e vendas do

ano recém-encerrado é $ 3.000/$ 1.000 5 3, ou 300%.

Essa razão entre ativo total e vendas pode ser chamada de intensidade de capital. Ela indi-

ca o montante de ativos necessário para gerar $ 1 em vendas, e, portanto, quanto mais alta, mais

intensiva em capital é a empresa. Observe também que essa razão é apenas o inverso do índice

de giro do ativo total definido anteriormente.

Para a Mar de Rosas, considerando que a intensidade de capital seja constante, são neces-

sários $ 3 em ativo total para gerar $ 1 em vendas (aparentemente, ela está em um negócio com

QUADRO 3.9

MAR DE ROSAS S/A

Demonstração de resultados projetada

Vendas (projetadas) $ 1.250

Custos (80% das vendas) 1.000

Lucro tributável $ 250

Impostos (34%) 85

Lucro líquido $ 165

QUADRO 3.10

MAR DE ROSAS S/A

Balanço patrimonial

Ativo Passivo e patrimônio líquido

$

Porcentagem

das vendas $

Porcentagem

das vendas

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa $ 160 16% Contas a pagar $ 300 30%

Contas a receber 440 44 Empréstimos de curto prazo 100 n/a

Estoque 600 60 Total $ 400 n/a

Total $ 1.200 120 Empréstimos de longo prazo $ 800 n/a

Ativo não circulante Patrimônio líquido

Ativo Imoblizado: Instalações

e equipamentos, líquidos

$ 1.800 180 Capital social e ágio recebido na

emissão de ações

$ 800 n/a

Reserva de lucros 1.000 n/a

Total $ 1.800 n/a

Ativo total $ 3.000 300% Total do passivo e do patrimônio líquido $ 3.000 n/a

68 Parte I Visão Geral

muita intensidade de capital). Portanto, se as vendas precisam aumentar em $ 100, a empresa

terá de aumentar o ativo total em três vezes esse montante, ou seja, em $ 300.

No lado do passivo do balanço patrimonial, mostramos as contas a pagar que variam com

as vendas. O motivo é que esperamos fazer mais pedidos aos nossos fornecedores à medida que

o volume de vendas aumentar, e, portanto, as contas a pagar acompanharão “espontaneamente”

as vendas. O item “Empréstimos de curto prazo”, por outro lado, refere-se a empréstimos de

curto prazo, como empréstimos bancários. Isso não varia, a menos que adotemos medidas espe-

cíficas para mudar o montante; portanto, marcamos como “n/a”.

Da mesma forma, marcamos “n/a” para os empréstimos de longo prazo, porque eles não

variam automaticamente com as vendas. O mesmo vale para o capital social e o ágio recebido

na emissão de ações. O último item da direita, a reserva de lucros, varia com as vendas, mas

não representa uma porcentagem simples delas. Em vez disso, calcularemos explicitamente a

variação da reserva de lucros com base na nossa projeção de dividendos e do lucro líquido.

Agora podemos construir um balanço patrimonial projetado parcial para a Mar de Rosas.

Fazemos isso usando as porcentagens que acabamos de calcular, sempre que possível, nos cál-

culos de montantes projetados. Por exemplo, o ativo não circulante líquido é de 180% das ven-

das. Assim, com um novo nível de vendas de $ 1.250, o montante de ativo não circulante, líqui-

do, será de 1,80 3 $ 1.250 5 $ 2.250, representando um aumento de $ 2.250 − $ 1.800 5 $ 450

em instalações e equipamentos. É importante notar que, para itens que não variam diretamente

com as vendas, não presumimos inicialmente qualquer variação e simplesmente escrevemos os

montantes originais. O resultado é mostrado no Quadro 3.11. Observe que a variação da reserva

de lucros é igual ao acréscimo de $ 110 na reserva de lucros que calculamos anteriormente.

Ao examinarmos nosso balanço patrimonial projetado, observamos que o ativo foi projeta-

do para aumentar em $ 750. Entretanto, sem financiamento adicional, o passivo e o patrimônio

líquido só aumentarão $ 185, restando uma falta de $ 750 − $ 185 5 $ 565. Denominamos esse

montante como necessidade de aporte financeiro (NAF).

Se quiséssemos, poderíamos, em vez de criar balanços projetados, calcular a NAF direta-

mente da seguinte forma:

NAF 5

Ativo

3 DVendas –

Passivos

espontâneos

3 DVendas – ML 3 Vendas projetadas 3 (1 – d)

Vendas Vendas

(3.23)

QUADRO 3.11

MAR DE ROSAS S/A

Balanço patrimonial projetado parcial

Ativo Passivo e patrimônio líquido

Próximo

ano

Variação em

relação ao

ano atual

Próximo

ano

Variação em

relação ao

ano atual

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa $ 200 $ 40 Contas a pagar $ 375 $ 75

Contas a receber 550 110 Empréstimos de curto prazo 100 0

Estoque 750 150 Total $ 475 $ 75

Total $ 1.500 $ 300 Empréstimos de longo prazo $ 800 $ 0

Ativo não circulante Patrimônio líquido

Ativo Imobilizado: Instalações

e equipamento, líquidos

$ 2.250 $ 450 Capital social e ágio recebido na

emissão de ações

$ 800 $ 0

Reserva de lucros 1.110 110

Total $ 1.910 $ 110

Ativo total $ 3.750 $ 750 Total do passivo e do patrimônio líquido $ 3.185 $ 185

Necessidade de aporte financeiro $ 565 $ 565

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 69

Nessa expressão, “DVendas” é a variação projetada das vendas (em reais). Em nosso exem-

plo, as vendas projetadas para o próximo ano são de $ 1.250, um aumento de $ 250 em rela-

ção ao ano anterior. Assim, DVendas 5 $ 250. Por “passivos espontâneos”, referimo-nos aos

passivos que aumentam e diminuem naturalmente com as vendas. No caso da Mar de Rosas

S/A, os passivos espontâneos são os $ 300 em contas a pagar. Por fim, ML e d são a margem

líquida e a taxa de distribuição de dividendos, cujos valores calculados anteriormente foram de

13,2% e 33 1/3%, respectivamente. As vendas e os ativos totalizaram, respectivamente, $ 3.000

e $ 1.000 e, portanto, temos:

NAF 5

$ 3.000

3 $ 250 –

$ 300

3 $ 250 – 0,132 3 $ 1.250 3 5 $ 565

1.000 1.000

Note que o cálculo se divide em três partes.

,

A primeira parte é o aumento projetado dos

ativos, calculado utilizando o índice de intensidade de capital. A segunda é o aumento espontâ-

neo dos passivos. A terceira parte é o produto da margem líquida e das vendas projetadas (lucro

líquido projetado), multiplicado pelo índice de retenção. Assim, a terceira parte é o acréscimo

projetado à reserva de lucros.

Um cenário em particular Nosso modelo de planejamento financeiro lembra uma daquelas

piadas da boa e da má notícia. A boa notícia é que estamos projetando um aumento de 25% nas

vendas. A má notícia é que isso não acontecerá, a menos que a Mar de Rosas consiga, de algu-

ma maneira, levantar $ 565 em novos financiamentos.

Esse é um bom exemplo de como o processo de planejamento pode indicar problemas e

conflitos em potencial. Se, por exemplo, a empresa tiver o objetivo de não tomar emprestados

fundos adicionais e não emitir novas ações, ou aportar recursos dos sócios na empresa de capi-

tal fechado, então um aumento de 25% nas vendas dificilmente será possível.

Se tomarmos como certa a necessidade de $ 565 de novos financiamentos, sabemos que exis-

tem três fontes possíveis: empréstimos de curto prazo, empréstimos de longo prazo e aporte de novo

capital próprio, com retenção de lucros ou emissão de novas ações. A escolha de uma combinação

entre essas três depende da alta administração. Ilustraremos apenas uma das várias possibilidades.

Suponhamos que a Mar de Rosas resolva tomar emprestados os fundos necessários. Nesse

caso, a empresa pode optar por tomar emprestada uma parte a curto prazo e outra parte a longo

prazo. Por exemplo, o ativo circulante aumentou em $ 300, enquanto o passivo circulante au-

mentou em apenas $ 75. Ela poderia financiar $ 300 − $ 75 5 $ 225 com empréstimos de curto

prazo e manter o capital circulante líquido total inalterado. Com os $ 565 necessários, os $ 565

− $ 225 5 $ 340 restantes teriam de vir de empréstimos de longo prazo. O Quadro 3.12 mostra

o balanço patrimonial projetado completo da Mar de Rosas.

Usamos uma combinação entre o empréstimo de curto prazo e a empréstimo de longo pra-

zo como variável de fechamento, mas enfatizamos que é apenas uma das estratégias possíveis, e

não necessariamente a melhor. Existem muitos outros cenários que poderíamos (e deveríamos)

investigar. Os diversos índices discutidos anteriormente são muito úteis nesse processo. Por

exemplo, no cenário que acabamos de observar, certamente examinaríamos o índice de liquidez

corrente e o índice de endividamento total, para saber se nos sentimos à vontade com os novos

níveis de dívida projetados.

3.5 Necessidade de aportes financeiros e crescimento

Obviamente, a necessidade de aportes financeiros (referida neste livro como NAF, ou seja,

fundos de fora da operação), e o crescimento estão relacionados. Mantendo todas as variáveis

iguais, quanto mais alta for a taxa de crescimento das vendas ou do ativo, maior será a necessi-

dade de aportes financeiros. Na seção anterior, tomamos uma taxa de crescimento como dada

e, em seguida, determinamos a quantidade de financiamento adicional necessário para permitir

aquele crescimento. Nesta seção, invertemos um pouco os fatores. As políticas financeiras da

empresa serão dadas e, em seguida, examinamos as relações entre essas políticas e a capacidade

da empresa de financiar novos investimentos e, assim, crescer.

ExcelMaster

cobertura

online

Esta seção apresentará

tabelas de dados e

gráficos.

70 Parte I Visão Geral

Enfatizamos mais uma vez que estamos nos concentrando no crescimento não porque ele

seja uma meta apropriada; no nosso caso, o crescimento é apenas um meio conveniente de exa-

minar as interações entre as decisões de investimento e de financiamento. Na verdade, conside-

ramos que tomar o crescimento como base do planejamento seja apenas um reflexo do altíssimo

nível de agregação usado no processo de planejamento.

Necessidade de Aportes Financeiros (NAF) e crescimento

Em primeiro lugar, precisamos estabelecer a relação entre NAF e crescimento. Para tanto, intro-

duzimos a demonstração de resultados e o balanço patrimonial simplificados da Hoffman S/A

no Quadro 3.13. Observe que o balanço patrimonial foi simplificado pela combinação da dívida

QUADRO 3.12

MAR DE ROSAS S/A

Balanço patrimonial projetado

Ativo Passivo e patrimônio líquido

Próximo

ano

Variação em

relação ao

ano atual

Próximo

ano

Variação em

relação ao

ano atual

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa $ 200 $ 40 Contas a pagar $ 375 $ 75

Contas a receber 550 110 Empréstimos de curto prazo 325 225

Estoque 750 150 Total $ 700 $ 300

Total $ 1.500 $ 300 Empréstimos de longo prazo $ 1.140 $ 340

Ativo não circulante Patrimônio líquido

Ativo Imobilizado: Instalações

e equipamento, líquidos

$ 2.250 $ 450 Capital social e ágio recebido na

emissão de ações

$ 800 $ 0

Reserva de lucros 1.110 110

Total $ 1.910 $ 110

Ativo total $ 3.750 $ 750 Total do passivo e do patrimônio líquido $ 3.750 $ 750

QUADRO 3.13

HOF FMAN S/A

Demonstração de resultados e balanço patrimonial

Demonstração de resultados

Vendas $ 500

Custos 400

Lucro tributável $ 100

Impostos (34%) 34

Lucro líquido $ 66

Dividendos $ 22

Acréscimo à reserva de lucros 44

Balanço patrimonial

Ativo Passivo e patrimônio líquido

$

Porcentagem

das vendas $

Porcentagem

das vendas

Ativo circulante $ 200 40% Dívida total $ 250 n/a

Ativo não circulante líquido 300 60 Patrimônio líquido 250 n/a

Ativo total $ 500 100% Total do passivo e do patrimônio líquido $ 500 n/a

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 71

de curto prazo e da dívida de longo prazo em um único número de dívida total. Na verdade,

estamos considerando que nenhuma conta do passivo circulante varie espontaneamente com

as vendas. Essa hipótese não é tão restritiva quanto parece. Se algum passivo circulante (como

contas a pagar) variar com as vendas, podemos supor que tais contas foram compensadas no

ativo circulante. Da mesma forma, combinamos depreciação, juros e custos na demonstração

de resultados.

Suponhamos que a Hoffman S/A esteja prevendo um nível de vendas de $ 600 para o pró-

ximo ano, um aumento de $ 100. Observe que o aumento da porcentagem sobre as vendas é de

$ 100/500 5 20%. Usando a abordagem da porcentagem das vendas e os números do Quadro

3.13, podemos preparar a demonstração de resultados e o balanço patrimonial projetados como

no Quadro 3.14. Como está ilustrado, a uma taxa de crescimento de 20%, a Hoffman precisa de

$ 100 em ativos novos. A projeção de acréscimo à reserva de lucros é de $ 52,8, de modo que a

necessidade de aporte financeiro (NAF) é de $ 100 − $ 52,8 5 $ 47,2.

Observe que, originalmente, o índice Dívida/Capital Próprio da Hoffman (no Quadro

3.13) era de $ 250/$ 250 5 1,0. Consideraremos que a empresa não deseja emitir novas

ações. Neste caso, é preciso tomar emprestados os $ 47,2 para cobrir a NAF. Qual será o novo

índice Dívida/Capital Próprio? Vemos no Quadro 3.14 que o patrimônio líquido é projetado

a $ 302,8. A nova dívida total será os $ 250 originais mais $ 47,2 em novo empréstimo, ou

$ 297,2 no total. O índice Dívida/Capital Próprio, portanto, cai ligeiramente de 1,0 para $

297,2/$ 302,8 5 0,98.

O Quadro 3.15 mostra a NAF para diversas taxas de crescimento. Também são fornecidas

a projeção de acréscimo da reserva de lucros e a projeção do índice Dívida/Capital Próprio para

cada cenário (você pode calcular alguns deles para praticar). Ao determinar os índices Dívida/

Capital Próprio, supomos que todos os fundos necessários foram tomados como Dívidas e tam-

bém que quaisquer fundos excedentes foram usados para pagamento de dívidas. Assim, para o

caso de crescimento zero, a dívida cai $ 44, de $ 250 para $ 206. No Quadro 3.15, observamos

que o aumento necessário de ativos é simplesmente igual ao ativo original de $ 500 multiplica-

do pela taxa de crescimento. Da mesma forma, o acréscimo à reserva de lucros é igual aos $ 44

originais

,

Registramos também as contribuições para Fundamentos de Administração Financeira que

foram aproveitadas aqui. Nossos agradecimentos aos colegas professores, alunos e profissio-

nais de mercado que nos auxiliaram de forma direta naquela obra: Airton Ribeiro de Matos,

Christian Damke, Débora Morsch, Francisco Olinto Velo Schmidt, Joaquim Dias de Castro,

Juliano Pires Godoy, Leopoldo Schneider, Mario Shinzato, Newton Akira f*ckumitsu, Paulo

Vargas, Peter Vaz da Fonseca, Ricardo Araujo Rocha, Rinaldo Pecchio Jr., Roberta dos Reis

Matheus e Tang David.

Nossos agradecimentos devem ser estendidos ao incentivo e à paciência da equipe editorial

da Bookman: Danielle Oliveira da Silva Teixeira, Verônica de Abreu Amaral e Arysinha Affon-

so. Sem a sua acolhida, as dificuldades e o esforço necessários para produzir uma adaptação ao

nosso mercado respeitando o original talvez não fossem superadas.

Certamente cada leitor encontrará nesta obra várias oportunidades de melhoria. Entrem em

contato para que possamos aperfeiçoar as próximas edições desta versão brasileira.

Roberto Lamb

rlamb@ea.ufrgs.br

O ensino e a prática da administração financeira estão mais desafiadores e envolventes do que

nunca. Na última década, foram observadas mudanças fundamentais nos mercados e nos ins-

trumentos financeiros. Nos primeiros anos do século XXI, ainda vemos anúncios na imprensa

sobre tomadas de controle, títulos especulativos, reestruturação financeira, ofertas públicas ini-

ciais, falências e derivativos. Além disso, há novos reconhecimentos de opções “reais”, private

equity e venture capital, empréstimos imobiliários de alto risco, planos de resgate financeiro

e expansão do crédito. A recente crise global do crédito e a queda do mercado de ações mos-

traram que os mercados financeiros do mundo estão mais integrados do que nunca. A teoria

e a prática das finanças corporativas estão avançando em uma velocidade incomum, e nossos

ensinamentos precisam seguir esse ritmo.

Esses avanços têm feito o ensino das finanças corporativas assumir novas responsabilida-

des. Se, por um lado, o mundo dinâmico das finanças faz com que seja mais difícil manter o

conteúdo atualizado, o professor, por outro lado, deve diferenciar o permanente do temporário

e evitar a tentação de seguir uma tendência passageira. Nossa solução para esse problema é

enfatizar os princípios modernos da teoria financeira e fazer a teoria ganhar vida por meio de

exemplos atuais que, aliás, são cada vez mais de outros países que não os Estados Unidos.

Frequentemente, os estudantes iniciantes encaram as finanças corporativas como uma

coleção de assuntos não relacionados que se encontram unidos principalmente por estarem

encadernados entre as capas de um livro. Queremos que nosso livro incorpore e reflita o prin-

cípio básico das finanças: a saber, que boas decisões financeiras agregarão valor à empresa

e aos acionistas, e más decisões financeiras destruirão valor. O segredo para entender como

agregar ou destruir valor é o fluxo de caixa. Para agregar valor, as empresas devem gerar mais

caixa do que elas utilizam. Esperamos que esse simples princípio se manifeste em todas as

partes deste livro.

O público-alvo deste livro

Este livro foi escrito para cursos introdutórios de Finanças Corporativas em nível MBA e para

disciplinas intermediárias em muitos cursos de graduação.

Supomos que a maioria dos estudantes já terá cursado – ou estará matriculado em – dis-

ciplinas de contabilidade, estatística e economia. Esta apresentação ajudará os estudantes a

entenderem alguns dos conteúdos mais difíceis. Entretanto, o livro independe de conteúdo

externo, e um conhecimento anterior nessas áreas não é imprescindível. O único pré-requisito

é álgebra básica.

Prefácio

Para professores (em inglês)

Manual do professor, aulas estruturadas em PowerPoint®,

banco de testes e banco de soluções

O manual do professor inclui sugestões para aulas com base em apresentações especialmente

elaboradas com os conteúdos do livro. As sugestões de aulas visam ajudar os professores na or-

ganização de tópicos com as principais ideias de cada capítulo. Os professores contam também

com um banco de testes com questões de múltipla escolha, além das soluções para as questões

apresentadas no livro.

Para acessar o material de apoio, visite o site da editora em www.grupoa.com.br e procure

pelo livro. Clique em Material para o Professor (o professor deverá se cadastrar para ter acesso

a esse material).

Para estudantes (em inglês)

Excel Master®, apêndices e vídeos

O Excel Master é um suplemento com dicas e técnicas para utilizar planilhas do Excel® em

questões financeiras. Estão disponíveis também apêndices complementares aos capítulos do

livro que trazem exemplos, gráficos e atividades que ajudam o aluno no desenvolvimento de

suas habilidades, além de vídeos sobre finanças.

Para acessar o material de apoio, visite o site da editora em www.grupoa.com.br e procure

pelo livro. Clique em Conteúdo online.

Material de apoio

Sumário

PARTE I Visão Geral

Capítulo 1

Introdução às Finanças Corporativas 1

1.1 O que são Finanças Corporativas? 1

O modelo do balanço patrimonial da empresa 2

O gestor financeiro 3

1.2 A empresa de capital aberto 3

A empresa individual 3

A sociedade 5

A empresa de capital aberto 6

Uma empresa de capital aberto com outro nome... 7

1.3 A importância do fluxo de caixa 7

1.4 O objetivo da administração financeira 11

Objetivos possíveis 11

O objetivo da administração financeira 12

Um objetivo mais geral 12

1.5 O problema de agência e o controle da empresa de

capital aberto 13

Relacionamentos de agência 13

Objetivos dos administradores 14

Os administradores buscam os interesses dos

acionistas? 14

Acionistas 16

1.6 Regulamentação 16

Regras de listagem em segmentos diferenciados da

BM&FBOVESPA 17

Legislação no mercado norte-americano: o Security

Act de 1933 e o Securities Exchange Act de 1934 18

Legislação no mercado norte-americano:

o Sarbanes-Oxley Act 18

Resumo e conclusões 20

Questões conceituais 20

Capítulo 2

Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa 22

2.1 O balanço patrimonial 22

Liquidez 23

Dívida versus capital próprio 24

Valor versus custo 24

2.2 Demonstração de resultados 25

Normas contábeis 26

Itens que não afetam o caixa 27

Tempo e custos 27

2.3 Tributos 28

Alíquotas tributárias sobre lucros da pessoa jurídica 28

Alíquotas tributárias médias versus marginais 29

2.4 Capital de giro 32

2.5 Fluxo de caixa financeiro 32

2.6 Demonstração de fluxos de caixa 36

Fluxo de caixa de atividades operacionais 36

Fluxo de caixa de atividades de investimento 36

Fluxo de caixa de atividades de financiamento 37

2.7 Administração do fluxo de caixa 38

Resumo e conclusões 38

Questões conceituais 39

Questões e problemas 39

Domine o Excel! 44

Capítulo 3

Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 47

3.1 Análise de demonstrações contábeis 47

Uniformização das demonstrações 47

Balanços patrimoniais de tamanho comum 48

Demonstrações de resultado de tamanho comum 49

LAJIDA e LAJIR: o que diz a CVM 49

3.2 Análises de indicadores 51

Indicadores de solvência de curto prazo ou de

liquidez 52

Indicadores de solvência de longo prazo 54

Medidas de gestão de ativos ou de giro 55

Medidas de lucratividade 57

Medidas de valor de mercado 58

3.3 A identidade DuPont 61

Um exame mais detalhado do ROE 61

Problemas com a análise das demonstrações

contábeis 63

3.4 Modelos contábeis 64

Um modelo simples de planejamento financeiro 64

A abordagem da porcentagem de vendas 66

3.5 Necessidade de aportes financeiros e crescimento 69

Necessidade de Aportes Financeiros (NAF)

e crescimento 70

Política financeira e crescimento 72

Uma observação sobre os cálculos da taxa de

crescimento sustentável 76

3.6 Alguns alertas sobre os modelos de planejamento

financeiro 77

Resumo e conclusões 78

Questões conceituais 78

Questões e problemas 80

Domine o Excel! 85

xviii Sumário

PARTE II Valor e Orçamento

de Capital

Capítulo 4

Avaliação

,

mais $ 44 multiplicados pela taxa de crescimento.

QUADRO 3.14

HOF FMAN S/A

Demonstração de resultados e balanço patrimonial projetados

Demonstração de resultados

Vendas (projetadas) $ 600,0

Custos (80% das vendas) 480,0

Lucro tributável $ 120,0

Impostos (34%) 40,8

Lucro líquido $ 79,2

Dividendos $ 26,4

Acréscimo à reserva de lucros 52,8

Balanço patrimonial

Ativo Passivo e patrimônio líquido

$

Porcentagem

das vendas $

Porcentagem

das vendas

Ativo circulante $ 240,0 40% Dívida total $ 250,0 n/a

Ativo não circulante líquido 360,0 60 Patrimônio líquido 302,8 n/a

Ativo total $ 600,0 100% Total do passivo e do patrimônio líquido $ 552,8 n/a

Necessidade de aporte financeiro $ 47,2 n/a

72 Parte I Visão Geral

O Quadro 3.15 mostra que, para taxas de crescimento relativamente baixas, a Hoffman terá

sobras de fundos, e seu índice Dívida/Capital Próprio diminuirá. Quando a taxa de crescimen-

to chega a cerca de 10%, contudo, a sobra se torna uma falta de fundos. Depois que a taxa de

crescimento exceder aproximadamente 20%, o índice Dívida/Capital Próprio ultrapassará seu

valor original de 1,0.

A Figura 3.1 ilustra com mais detalhes a conexão entre o crescimento das vendas e a

necessidade de aportes financeiros, dispondo em um gráfico as necessidades de ativos e os

acréscimos à reserva de lucros do Quadro 3.15 em relação às taxas de crescimento. Como

mostramos, a necessidade de ativos novos aumenta a uma taxa muito mais rápida do que a do

acréscimo à reserva de lucros, de forma que o financiamento interno fornecido por este desa-

parece rapidamente.

Como mostra esta discussão, o fato de uma empresa ter sobra ou falta de caixa dependerá

do seu crescimento. A Microsoft é um bom exemplo. Seu crescimento de receitas nos anos

1990 foi surpreendente, atingindo médias bem acima dos 30% ao ano na década. O crescimento

diminuiu muito no período entre 2000 e 2006, mas, mesmo assim, a combinação entre cresci-

mento e margens líquidas substanciais levou a enormes excedentes de caixa. Como a Microsoft

pagou relativamente poucos dividendos, o caixa acumulou bastante. Em 2011, o caixa e os

investimentos de curto prazo excediam os $ 50 bilhões.

Política financeira e crescimento

Com base em nossa discussão anterior, vemos que há uma ligação direta entre o crescimento e

as necessidades de aportes financeiros. Nesta seção, discutimos duas taxas de crescimento que

são particularmente úteis para o planejamento de longo prazo.

A taxa de crescimento interna A primeira taxa de crescimento importante é a taxa máxima

de crescimento que pode ser atingida sem qualquer aporte financeiro adicional. Ela recebe o

nome de taxa de crescimento interna porque é a taxa de crescimento que a empresa pode

manter somente com financiamento interno. Na Figura 3.1, ela é representada pelo ponto no

qual as duas linhas se cruzam. Nesse ponto, o aumento necessário de ativos é exatamente igual

ao acréscimo à reserva de lucros; portanto, a NAF é zero. Vimos que, no nosso exemplo, isso

acontece quando a taxa de crescimento é ligeiramente menor do que 10%. Com um pouco de

cálculo (consulte o Problema 28 no final do capítulo), podemos definir essa taxa de crescimento

com mais exatidão:

Taxa de crescimento interna 5

ROA 3 b

1 – ROA 3 b

(3.24)

onde o ROA é o retorno sobre o ativo discutido anteriormente e b é a taxa de retenção também

definida anteriormente neste capítulo.

QUADRO 3.15 Crescimento e projeção de NAF para a Hoffman S/A

Crescimento

de vendas

projetado

Aumento

necessário

de ativos

Acréscimo

à reserva

de lucros

Necessidade

de aporte

financeiro (NAF)

Projeção do

índice Dívida/

Capital Próprio

0% $ 0 $ 44,0 –$ 44,0 0,70

5 25 46,2 –21,2 0,77

10 50 48,4 1,6 0,84

15 75 50,6 24,4 0,91

20 100 52,8 47,2 0,98

25 125 55,0 70,0 1,05

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 73

Para a Hoffman S/A, o lucro líquido era de $ 66, e o ativo total era $ 500. Assim, o ROA

é $ 66/$ 500 5 13,2%. Do lucro líquido de $ 66, $ 44 foram retidos, de modo que a taxa de

retenção b é $ 44/66 5 2/3. Com esses números, podemos calcular a taxa de crescimento

interna:

Taxa de crescimento interna 5

ROA 3 b

1 – ROA 3 b

5 0,132 3 (2/3)

1 – 0,132 3 (2/3)

5 9,65%

Assim, a Hoffman S/A pode expandir à taxa máxima de 9,65% ao ano sem novos aportes fi-

nanceiros.

A taxa de crescimento sustentável Vimos que, se a Hoffman S/A quiser crescer mais do que

a taxa de 9,65% ao ano, será necessário providenciar um aporte financeiro. A segunda taxa de

crescimento importante é a taxa máxima de crescimento que uma empresa pode atingir sem

o aporte de capital adicional dos sócios (sem emitir novas ações), ao mesmo tempo em que

mantém um índice Dívida/Capital Próprio constante. Essa taxa costuma ser chamada de taxa

de crescimento sustentável, porque é a taxa de crescimento máxima que uma empresa pode

manter sem aumentar sua alavancagem financeira.

Existem vários motivos pelos quais uma empresa desejaria evitar o aporte de mais capital

próprio. Por exemplo, pode ser caro devido aos custos consideráveis envolvidos. Além disso,

os acionistas atuais podem não querer trazer novos acionistas ou contribuir com capital adi-

cional. O motivo pelo qual uma empresa poderia ver um determinado índice Dívida/Capital

Próprio como ideal será discutido posteriormente. Por enquanto, tomaremos isso como um

pressuposto.

Com base no Quadro 3.15, a taxa de crescimento sustentável para a Hoffman é de aproxima-

damente 20%, porque o índice Dívida/Capital Próprio está próximo de 1,0 a essa taxa de cres-

cimento. O valor exato pode ser calculado assim (consulte o Problema 28 no final do capítulo):

Taxa de crescimento sustentável 5

ROE 3 b

1 – ROE 3 b

(3.25)

5 10

Aumento

necessário

de ativos

Projeção de

acréscimo

à reserva

de lucros

(sobra)

Projeção de crescimento das vendas (%)

Ne

ce

ss

id

ad

es

d

e

at

iv

o

e

re

se

rv

a

de

lu

cr

os

($

)

25

50

44

75

100

125

15 20 25

(falta)

NAF 0.

NAF 0,

FIGURA 3.1 Crescimento e a necessidade de aporte financeiro para a Hoffman S/A.

Highlight

74 Parte I Visão Geral

Isso é idêntico à taxa de crescimento interna, exceto que é usado o retorno sobre o patrimônio

líquido (ROE) em vez do ROA.

Para a Hoffman, o lucro líquido era de $ 66, e o patrimônio líquido total era $ 250. O ROE,

portanto, é de $ 66/$ 250 5 26,4%. A taxa de retenção (b) ainda é de 2/3, de modo que podemos

calcular a taxa de crescimento sustentável assim:

Taxa de crescimento sustentável 5

ROE 3 b

1 – ROE 3 b

5 0,264 3 (2/3)

1 – 0,264 3 (2/3)

5 21,36%

Assim, a Hoffman S/A pode expandir à taxa máxima de 21,36% ao ano sem novos aportes dos

acionistas.

EXEMPLO 3.5 Crescimento sustentável

Suponha que a Hoffman cresça a uma taxa de crescimento sustentável de exatamente

21,36%. Como se rão as demonstrações projetadas?

A uma ta xa de crescimento de 21,36%, as vendas aumentarão de $ 500 para $ 606,8.

A demonstração de resultados projetada será assim:

HOFFMAN S/A

Demonstração de resultados projetada

Vendas (projetadas) $ 606,8

Custos (80% das vendas) 485,4

Lucro tributável $ 121,4

Impostos (34%) 41,3

Lucro líquido $ 80,1

Dividendos $ 26,7

Acréscimo à reserva de lucros 53,4

Construímos o balanço patrimonial como fizemos antes. Observe, neste caso, que o patrimônio

líquido aumentará de $ 250 para $ 303,4, porque o acréscimo à reserva de lucros é de $53,4.

HOFFMAN S/A

Balanço patrimonial projetado

Ativo Passivo e patrimônio líquido

$

Porcentagem

das vendas $

Porcentagem

das vendas

Ativo circulante $ 242,7 40% Dívida total $ 250,0 n/a

Ativo não circulante líquido 364,1 60 Patrimônio líquido 303,4 n/a

Ativo total $ 606,8 100% Total da dívida e do

patrimônio líquido

$ 553,4 n/a

Necessidade de

aporte financeiro

$ 53,4 n/a

Como ilustramos, a NAF é de $ 53,4. Se a Hoffman tomar emprestado esse montante, a

dívida total aumentará para $ 303,4, e o índice Dívida/Capital Próprio será exatamente 1,0,

,

o que confere com nosso cálculo anterior. A qualquer outra taxa de crescimento, algo teria

de mudar.

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 75

Determinantes do crescimento Anteriormente, vimos que o retorno sobre o patrimônio lí-

quido (ROE) poderia ser decomposto em seus vários componentes usando a identidade DuPont.

Como o ROE parece ser tão importante para a determinação da taxa de crescimento sustentável,

é óbvio que os fatores importantes para a determinação do ROE também sejam fatores impor-

tantes do crescimento.

Com base na nossa discussão anterior, sabemos que o ROE pode ser escrito como o produto

de três fatores:

ROE 5 Margem líquida 3 Giro do ativo total 3 Multiplicador do patrimônio líquido

Se examinarmos nossa expressão da taxa de crescimento sustentável, veremos que tudo que

aumenta o ROE aumenta também a taxa de crescimento sustentável aumentando o numerador e

reduzindo o denominador. O aumento da taxa de retenção tem o mesmo efeito.

Juntando tudo, a capacidade de uma empresa de sustentar o crescimento depende explici-

tamente destes quatro fatores:

1. Margem líquida: Um aumento na margem líquida aumenta a capacidade de a empresa gerar

fundos internamente e, desse modo, aumentar seu crescimento sustentável.

2. Política de dividendos: Uma diminuição na porcentagem do lucro líquido distribuído como

dividendos aumentará a taxa de retenção. Isso aumenta o capital próprio gerado interna-

mente, aumentando o crescimento sustentável.

3. Política financeira: Um aumento do índice Dívida/Capital Próprio aumenta a alavancagem

financeira da empresa. Como novas dívidas trazem financiamento adicional, aumenta a

taxa de crescimento sustentável.

4. Giro do ativo total: Um aumento no giro do ativo total aumenta as vendas geradas para

cada real em ativos. Isso diminui a necessidade de ativos novos para a empresa à medida

que as vendas crescem, e, portanto, aumenta a sua taxa de crescimento sustentável. Observe

que aumentar o giro do ativo total é o mesmo que diminuir a intensidade de capital.

A taxa de crescimento sustentável é um número muito útil para o planejamento. Ela ilustra

o relacionamento explícito entre as quatro principais áreas de preocupação da empresa: a efi-

ciência operacional, medida pela margem líquida, a eficiência do uso dos ativos, medida pelo

giro do ativo total, a política de dividendos, medida pela taxa de retenção, e a política finan-

ceira, medida pelo índice Dívida/Capital Próprio.

EXEMPLO 3.6 Margem de lucro e crescimento sustentável

A Missionário S/A tem um índice Dívida/Capital Próprio de 0,5, uma margem líquida de 3%,

uma taxa de distribuição de dividendos de 40% e intensidade de capital igual a 1. Qual é

a taxa de crescimento sustentável da empresa? O que você pensaria se a Missionário qui-

sesse ter uma taxa de crescimento sustentável de 10% e planejasse atingir esse objetivo

aumentando as margens de lucro?

O ROE é de 0,03 3 1 3 1,5 5 4,5%. A taxa de retenção é de 1 − 0,40 5 0,60.

O crescimento sustentável, portanto, é de 0,045(0,60)/[1 – 0,045(0,60)] 5 2,77%.

Para que a empresa atinja uma taxa de crescimento de 10%, a margem líquida terá

de subir. Para ver isso, considere que o crescimento sustentável seja igual a 10% e depois

calcule a margem líquida (ML):

0, 10 5 ML(1,5)(0,6)/[1 – ML(1,5)(0,6)]

ML 5 0,1/0,99 5 10,1%

Para que o plano seja bem-sucedido, é necessário um aumento considerável da mar-

gem líquida, de 3% para cerca de 10%. Isso talvez não seja possível.

76 Parte I Visão Geral

Se os valores para essas quatro variáveis estão dados, existe apenas uma taxa de crescimen-

to que pode ser atingida. Isso é algo importante, então vale repetir:

Se uma empresa não deseja emitir novas ações e se a margem líquida, a política de

dividendos, a política financeira e o giro do ativo total (ou a intensidade de capital)

são todos fixos, então existe apenas uma taxa de crescimento possível.

Um dos principais benefícios do planejamento financeiro é que ele assegura a consistência

interna entre os diversos objetivos da empresa. O conceito de taxa de crescimento sustentável

captura muito bem isso. Além disso, agora vemos como um modelo de planejamento financeiro

pode ser usado para testar se uma taxa de crescimento planejada é plausível. Para que as vendas

cresçam mais do que a taxa de crescimento sustentável, a empresa deve aumentar a margem

líquida, aumentar o giro do ativo total, aumentar a alavancagem financeira, aumentar a retenção

dos lucros ou emitir novas ações.

As duas taxas de crescimento, interna e sustentável, estão resumidas no Quadro 3.16.

Uma o bservação sobre os cálculos da taxa de crescimento sustentável

Usualmente, a taxa de crescimento sustentável é calculada utilizando apenas o numerador de

nossa equação, ROE 3 b. Isso causa alguma confusão, que podemos esclarecer aqui. A ques-

tão está relacionada à forma como o ROE é calculado. Lembre-se de que ele é calculado pela

divisão do lucro líquido pelo total do patrimônio líquido. Caso o patrimônio líquido total seja

tomado dos números de fim de período do balanço patrimonial (como temos feito até aqui e, em

geral, é feito na prática), nossa fórmula está correta. Entretanto, se o patrimônio líquido total

corresponde ao início do período, então a fórmula simplificada será a correta.

Em princípio, você obterá exatamente a mesma taxa de crescimento sustentável, não im-

portando a maneira como é calculada (desde que se calcule o ROE com a fórmula certa). Na

realidade, haverá algumas diferenças em virtude de complicações relacionadas à contabilidade.

A propósito, se você utilizar a média entre o patrimônio líquido inicial e final (como alguns

defendem), será necessária outra fórmula. Esses comentários também se aplicam à taxa de

crescimento interna.

QUADRO 3.16 Res umo das taxas de crescimento interna e sustentável

I. Taxa de crescimento interna

Taxa de crescimento interna 5

ROA 3 b

1 – ROA 3 b

onde

ROA

b

5 Retorno sobre o ativo 5 Lucro líquido/Ativo total

5 Taxa de retenção

5 Acréscimo à reserva de lucros/Lucro líquido

A t axa de crescimento interna é a taxa máxima de crescimento que pode ser atingida sem

qualquer aporte financeiro.

II. Taxa de crescimento sustentável

Taxa de crescimento sustentável 5

ROE 3 b

1 – ROE 3 b

onde

ROE

b

5 Retorno sobre o patrimônio líquido 5 Lucro líquido/Patrimônio líquido

5 Taxa de retenção

5 Acréscimo à reserva de lucros/Lucro líquido

A taxa de crescimento sustentável é a taxa máxima de crescimento que pode ser atingida sem

novos aportes dos acionistas ao mesmo tempo em que mantém um índice Dívida/Capital Próprio

constante.

3.6 Alguns alertas sobre os modelos

de planejamento financeiro

Nem sempre os modelos de planejamento financeiro fazem as perguntas certas. Um motivo

para isso é que eles costumam depender de relações entre dados contábeis, e não de relações en-

tre dados financeiros. Em particular, os três elementos básicos do valor da empresa geralmente

ficam de fora – o tamanho dos fluxos de caixa, o risco que é associado a eles e a alocação no

tempo desses fluxos.

Por causa disso, os modelos de planejamento financeiro, às vezes, não produzem muitas

pistas significativas sobre quais são as estratégias que levarão a aumentos de valor. Em vez

disso, eles desviam a atenção do usuário para questões relativas à associação, por exemplo, do

índice Dívida/Capital Próprio com o crescimento da empresa.

O modelo financeiro que usamos para a Hoffman S/A era simples – na verdade, simples

demais. Nosso modelo, assim como muitos que são usados, é, na sua essência, um gerador de

demonstrações contábeis. Tais modelos são úteis para indicar inconsistências e nos lembrar

das necessidades financeiras, mas eles oferecem pouca orientação sobre o que fazer a respeito

desses problemas.

Ao encerrar nossa discussão, devemos acrescentar que o planejamento financeiro é um

processo iterativo. Os planos são elaborados, reelaborados, examinados, reexaminados e mo-

dificados várias

,

vezes. O plano final é resultado da negociação entre todas as diferentes partes

envolvidas no processo. Na verdade, o planejamento financeiro de longo prazo, na maioria das

COM A PALAVRA, OS EXECUTIVOS:

Rober t C. Higgins sobre crescimento sustentável

A maioria dos executivos financeiros sabe intuitivamente que

é preciso gastar dinheiro para ganhar dinheiro. O crescimen-

to rápido das vendas exige aumento do ativo na forma de

contas a receber, estoque e imobilizações, o que, por sua

vez, requer dinheiro para pagar por esses ativos. Eles tam-

bém sabem que, se sua empresa não tiver dinheiro quan-

do necessário, ela pode realmente “quebrar”. A equação do

crescimento sustentável declara explicitamente essas verda-

des intuitivas.

O crescimento sustentável quase sempre é usado pelos

bancos e por analistas do mercado para avaliar a qualidade

de crédito de uma empresa. Eles são auxiliados nesse exer-

cício por vários software sofisticados que fornecem análise

detalhada do histórico de desempenho financeiro da empre-

sa, incluindo sua taxa de crescimento anual sustentável.

Os bancos usam essas informações de várias maneiras.

Uma comparação rápida da relação entre a taxa de cresci-

mento observada de uma empresa e sua taxa sustentável

mostra ao banco quais questões estarão no topo das preo-

cupações financeiras da administração. Se o crescimento ob-

servado exceder de forma consistente o crescimento susten-

tável, o problema dos seus administradores será onde obter

caixa para financiar o crescimento. Nesse caso, o banco pode

pensar em juros de empréstimos. Por o utro lado, se o cresci-

mento sustentável exceder de forma constante o crescimento

realizado, é melhor o banco falar sobre as alternativas para

investimentos de caixa, porque o problema da administração

da empresa será o que fazer com todo o caixa acumulado.

Os bancos também consideram útil a equação do

crescimento sustentável para explicar aos proprietários

de pequenas empresas financeiramente inexperientes e

aos empreendedores excessivamente otimistas que, para

a viabilidade de longo prazo de suas empresas, é preci-

so manter o crescimento e a lucratividade adequadamente

equilibrados.

Por último, a comparação entre a taxa de crescimento

observada e a taxa sustentável ajuda o banco a entender

por que um candidato a empréstimo precisa de dinheiro e

por quanto tempo persistirá essa necessidade. Por exem-

plo, um candidato a empréstimo solicitou $ 100.000 para

pagar vários fornecedores insistentes e prometeu pagar o

empréstimo em alguns meses, quando recebesse algumas

contas a receber com vencimento próximo. Uma análise

do crescimento sustentável revelou que a empresa vinha

crescendo de quatro a seis vezes a sua taxa de cresci-

mento sustentável e que esse padrão provavelmente con-

tinuaria no futuro próximo. Isso alertou o banqueiro para

o fato de que os fornecedores impacientes eram apenas

um sintoma da doença do crescimento rápido demais, e

um empréstimo de $ 100.000 provavelmente seria apenas

a primeira parcela de um compromisso muito maior e de

vários anos.

Rober t C. Higgins é professor de finanças na Universidade de

Washington. Ele foi pioneiro no uso do crescimento sustentável como

ferramenta de análise financeira.

78 Parte I Visão Geral

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empresas, depende daquilo que pode ser chamado de abordagem de Procusto.10 O primeiro es-

calão da administração tem um objetivo em mente, e, para atingi-lo, a equipe de planejamento

tem de trabalhar e entregar um plano que atenda a esse objetivo.

O plano final, portanto, conterá implicitamente objetivos diferentes de áreas diferentes e

também terá de atender a muitas restrições. Por esse motivo, tal plano não precisa ser uma ava-

liação isenta daquilo que pensamos que o futuro nos trará. Em vez disso, ele pode ser um meio

de conciliar planos elaborados por diferentes grupos e um modo de definir objetivos comuns

para o futuro.

O planejamento financeiro empresarial, como quer que seja feito, não deve se tornar uma

atividade exclusivamente mecânica. Se isso ocorrer, provavelmente o foco recairá sobre as ati-

tudes erradas. No entanto, a alternativa ao planejamento financeiro é dar de cara com o futuro.

Talvez o imortal Yogi Berra tenha definido isso melhor ao dizer: “É melhor tomar cuidado se

não souber aonde vai. Você pode não chegar lá.”11

Resumo e conclusões

O foco deste capítulo é o uso das informações apresentadas em demonstrações contábeis. Es-

tudamos demonstrações contábeis padronizadas, análise de índices e planejamento financeiro

de longo prazo.

1. Explicamos que as diferenças no tamanho das empresas dificultam a comparação entre

as demonstrações contábeis e discutimos como criar demonstrações de tamanho comum

para tornar as comparações mais fáceis e significativas.

2. Definimos alguns dos indicadores contábeis mais utilizados e discutimos a famosa identi-

dade DuPont.

3. Mostramos como demonstrações contábeis projetadas podem ser geradas e utilizadas no

planejamento de necessidades financeiras futuras.

Após ter estudado este capítulo, esperamos que você consiga ter uma visão sobre os usos e

abusos das demonstrações contábeis. Você também descobrirá que seu vocabulário de termos

financeiros e de negócios cresceu substancialmente.

QUESTÕE S CONCEITUAIS

1. Análise de indicadores financeiros Um indicador financeiro, por si só, não nos diz

muito sobre uma empresa, pois ele varia muito entre os setores. Existem dois métodos

básicos para analisar os indicadores financeiros de uma empresa: análise de tendência

no tempo e análise de grupo de pares. Na primeira análise, medem-se os indicadores da

empresa durante certo período (cinco anos, por exemplo) e examina-se qual foi a varia-

ção de cada indicador durante o período. Na análise de grupo de pares, os indicadores

financeiros da empresa são comparados com os dos pares dela. Por qu e os dois métodos

de análise podem ser úteis? O que cada um deles indica sobre a saúde financeira da em-

presa?

2. Indicadores de indústrias específicas As chamadas “vendas de mesma loja” são uma

medida muito importante para empresas tão diversificadas como o McDonald’s e a Sears.

Como o nome sugere, analisar as vendas de mesma loja significa comparar as receitas

de uma loja ou de um restaurante em dois momentos diferentes. Por que as empresas se

concentram nas vendas de mesma loja, e não nas vendas totais?

10 Na mitologia grega, Procusto é um gigante que ataca os viajantes e os amarra a uma cama de ferro. Ele os

estica ou corta suas pernas para que se ajustem à cama.

11 Também não temos certeza do que isso significa, mas gostamos da frase.

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 79

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3. Previsão de vendas Por que a maioria dos planos financeiros de longo prazo começa

com previsões de vendas? Em outras palavras, por que as vendas futuras são o principal

dado de entrada?

4. Crescimento sustentável No capítulo, usamos a Mar de Rosas S/A para demonstrar

como calcular a NAF. O ROE da empresa é de aproximadamente 7,3%, e a taxa de reten-

ção é cerca de 67%. Se você calcular a taxa de crescimento sustentável, descobrirá que ela

é de apenas 5,14%. Em nosso cálculo da NAF, usamos uma taxa de crescimento de 25%.

Isso é possível? (Dica: Sim. Como?)

5. NAF e taxas de crescimento A Barbosa S/A mantém uma taxa de retenção positiva e

um índice Dívida/Capital Próprio constante a cada ano. Quando as vendas aumentam

em 20%, a empresa tem uma NAF projetada negativa. O que isso diz sobre a taxa de

crescimento sustentável? Você sabe com certeza se a taxa de crescimento interna é

maior ou menor do que 20%? Por quê? O que acontece à NAF projetada quando a taxa

de retenção aumenta? E se a taxa de retenção diminuir? E se a taxa de retenção for

zero?

6. Demonstrações contábeis de tamanho comum Uma ferramenta comum na análise fi-

nanceira são as demonstrações contábeis

,

de tamanho comum. Por que, em sua opinião,

utilizam-se demonstrações de resultados e balanços patrimoniais de tamanho comum?

Observe que a demonstração de fluxos de caixa não é convertida em uma demonstração

de tamanho comum. Por que, em sua opinião, isso acontece?

7. Utilização de ativos e NAF No cálculo da necessidade de aportes financeiros, fizemos

a suposição implícita de que a empresa estivesse operando com plena capacidade. Se a

empresa estiver operando a uma capacidade inferior à total, de que forma será afetada a

necessidade de aportes financeiros?

8. Comparação entre ROE e ROA Tanto o ROA quanto o ROE medem a lucratividade.

Qual é mais útil na comparação entre duas empresas? Por quê?

9. Análise de indicadores Considere o indicador LAJIDA/Ativo. O que esse indicador nos

diz? Por que ele pode ser mais útil do que o ROA na comparação de duas empresas?

10. Retorno sobre o investimento Um indicador que é cada vez mais usado é o retorno so-

bre o investimento. Seu cálculo é feito dividindo-se o lucro líquido pela soma do passivo

não circulante e capital próprio. O que, em sua opinião, pretende-se medir com o retorno

sobre o investimento? Qual é a relação entre o retorno sobre o investimento e o retorno

sobre o ativo?

Use as informações que seguem para responder às cinco próximas questões: Uma pequena

empresa chamada Calendários da Vovó S/A começou a vender calendários personalizados com

fotos. Os calendários foram um sucesso, e as vendas logo excederam as previsões. A corrida

para comprar o produto criou um enorme acúmulo de pedidos, de modo que a empresa alugou

espaço e expandiu a capacidade, mas ainda assim não conseguiu atender à demanda. O equipa-

mento falhava por excesso de uso, e a qualidade piorou. O capital de giro foi consumido para

expandir a produção, e, ao mesmo tempo, os clientes quase sempre atrasavam o pagamento até

que o produto fosse enviado. Incapaz de atender os pedidos, a empresa sofreu com uma falta tão

grande de caixa, que faltou dinheiro para o pagamento dos salários. Sem caixa no terceiro ano,

a empresa encerrou totalmente as operações.

11. Vend as Você acha que a empresa teria o mesmo destino se o seu produto fosse menos

conhecido? Por quê?

12. Flux os de caixa A Calendários da Vovó S/A tinha um problema óbvio de fluxo de caixa.

No cont exto da análise de fluxos de caixa que desenvolvemos no Capítulo 2, qual foi o

impacto do não pagamento pelos clientes que aguardavam o envio dos pedidos?

80 Parte I Visão Geral

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13. Empréstimos para empresas Se a empresa teve tanto sucesso de vendas, por que um

banco ou outro financiador não apareceu para fornecer o caixa de que ela tanto precisava

para continuar?

14. Flux os de caixa Qual foi o principal culpado aqui: o excesso de pedidos, a falta de caixa

ou a pouquíssima capacidade de produção?

15. Flux os de caixa Quais são algumas das medidas que uma pequena empresa como a Ca-

lendários da Vovó pode adotar (além da expansão da capacidade) se ficar em uma situação

na qual o crescimento das vendas excede a capacidade de produção?

QUESTÕES E PROBLEMAS

1. Identidade DuPont Se a Jaime Ltda. tem um multiplicador do patrimônio líquido

de 1,55, giro do ativo total de 1,75 e uma margem líquida de 4,3%, qual é o ROE da

empresa?

2. Multiplicador do patrimônio líquido e retorno sobre o patrimônio líquido A Com-

panhia Nunes tem um índice Dívida/Capital Próprio de 0,80. O retor no sobre o ativo é de

9,7%, e o patrimônio líquido total é de $ 735.000. Qual é o multiplicador do patrimônio

líquido? E o retorno sobre o patrimônio líquido? E o lucro líquido?

3. Aplicação da identidade DuPont A Ano 3000 Ltda. tem vendas de $ 2.700, ativo total

de $ 1.310 e índice Dívida/Capital Próprio de 1,20. Caso o retorno sobre o patrimônio seja

de 15%, qual é o lucro líquido?

4. NAF As demonstrações contábeis mais recentes da Martin S/A são as seguintes:

Demonstração de resultados Balanço patrimonial

Vendas $ 37.300 Ativo $ 127.000 Dívida $ 30.500

Custos 25.800 Patrimônio líquido 96.500

Lucro tributável $ 11.500 Total $ 127.000 Total $ 127.000

Impostos (34%) 3.910

Lucro líquido $ 7.590

O ativo e os custos são proporcionais às vendas. Já a dívida e o patrimônio líquido não

são. A Martin pagou $ 2.500 em dividendos e deseja manter uma taxa de distribuição

de dividendos constante. As vendas do próximo ano são projetadas a $ 42.300. Qual é o

aporte financeiro necessário?

5. Vendas e crescimento As demonstrações contábeis mais recentes da Fontana S/A são as

seguintes:

Demonstração de resultados Balanço patrimonial

Vendas $ 54.000 Ativo circulante $ 31.000 Dívida de longo prazo $ 68.000

Custos 39.300 Ativo não circulante 118.000 Patrimônio líquido 81.000

Lucro tributável $ 14.700 Total $ 149.000 Total $ 149.000

Impostos (34%) 4.998

Lucro líquido $ 9.702

O ativo e os custos são proporcionais às vendas. A empresa mantém uma taxa de dis-

tribuição de dividendos constante de 30% e um índice Dívida/Capital Próprio também

constante. Qual é o aumento máximo das vendas que pode ser sustentado sem emissão de

novas ações?

BÁSICO

(Questões 1-10)

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 81

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6. Crescimento sustentável Se a Leila S/A tem um ROE de 13% e uma taxa de distribuição

de dividendos de 20%, qual é a taxa de crescimento sustentável?

7. Crescimento sustentável Supondo que os indicadores a seguir sejam constantes, qual é

a taxa de crescimento sustentável?

Giro do ativo total 5 2,20

Margem líquida 5 7,4%

Multiplicador do patrimônio líquido 5 1,40

Taxa de distribuição de dividendos 5 40%

8. Cálculo da NAF As demonstrações contábeis mais recentes da Bernardo S/A são as

seguintes (considerando não haver imposto de renda):

Demonstração de resultados Balanço patrimonial

Vendas $ 6.500 Ativo $ 17.400 Dívida $ 8.400

Custos 5.320 Patrimônio líquido 9.000

Lucro líquido $ 1.180 Total $ 17.400 Total $ 17.400

O ativo e os custos são proporcionais às vendas. Já a dívida e o patrimônio líquido não são.

Não há pagamento de dividendos. As vendas do próximo ano são projetadas a $ 7.280.

Qual é o aporte financeiro necessário?

9. Necessidade de aporte financeiro Carla Costa, diretora financeira da Floricultura En-

cantada Ltda., elaborou o balanço patrimonial projetado da empresa para o próximo ano.

O crescimento das vendas foi projetado em 10%, para um total de $ 420 milhões. O ativo

circulante, o ativo não circulante e o passivo circulante são, respectivamente, de 20%,

75% e 15% das vendas. A Floricultura Encantada distribui 30% do lucro líquido em di-

videndos. A empresa, atualmente, tem $ 120 milhões em dívidas de longo prazo e $ 48

milhões em ações com valor ao par. A margem líquida é de 9%.

a. Construa o balanço patrimonial atual da empresa utilizando o número de vendas proje-

tadas.

b. Com base na previsão de vendas feita por Carla, qual é o aporte financeiro necessário

para o próximo ano?

c. Construa o balanço patrimonial projetado para o próximo ano e confirme a necessidade

de aporte financeiro calculada no item (b).

10. Taxa de crescimento sustentável A Companhia Steiner tem um ROE de 13,1% e uma

taxa de distribuição de dividendos de 40%.

a. Qual é a taxa de crescimento sustentável da empresa?

b. É possível que a taxa de crescimento real da empresa seja diferente da taxa de cresci-

mento sustentável? Por quê?

c. De que forma a empresa pode aumentar a taxa de crescimento sustentável?

11. Retorno sobre o patrimônio líquido A empresa A e a empresa B têm índices Dívida/

Ativo Total de 35 e 55% e retorno sobre o ativo total de 9 e 7%, respectivamente. Qual

empresa tem maior retorno sobre o patrimônio?

12. Indicadores e empresas estrangeiras A Prince Albert Canning PLC teve prejuízo lí-

quido de £ 37.543 sobre as vendas de £ 345.182. Qual foi a margem líquida da empresa?

O fato de esses números estarem em moeda estrangeira

,

faz alguma diferença? Por quê?

Em dólares, as vendas foram de $ 559.725. Qual foi o prejuízo líquido em dólares? E em

reais (consulte as taxas de câmbio de reais para libras e de reais para dólares vigentes no

momento).

INTERMEDIÁRIO

(Questões 11-23)

82 Parte I Visão Geral

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13. Necessidade de aporte financeiro A Esquema Escâner S/A projetou para o próximo ano

uma taxa de crescimento nas vendas de 15%. As demonstrações contábeis atuais são as

seguintes:

Demonstração de resultados

Vendas $ 30.400.000

Custos 26.720.000

Lucro tributável $ 3.680.000

Impostos 1.288.000

Lucro líquido $ 2.392.000

Dividendos $ 956.800

Acréscimo à reserva de lucros 1.435.200

Balanço patrimonial

Ativo Passivo e patrimônio líquido

Ativo circulante $ 7.200.000 Passivo circulante $ 6.400.000

Dívidas de longo prazo 4.800.000

Ativo não circulante 17.600.000

Ações $ 3.200.000

Reserva de lucros 10.400.000

Patrimônio líquido total $ 13.600.000

Ativo total $ 24.800.000 Total do passivo e do patrimônio líquido $ 24.800.000

a. Utilizando a equação apresentada neste capítulo, calcule a necessidade de aporte finan-

ceiro necessária para o próximo ano.

b. Construa o balanço patrimonial projetado para o próximo ano e confirme a necessidade

de aporte financeiro calculada no item (a).

c. Calcule a taxa de crescimento sustentável da empresa.

d. É possível eliminar a necessidade de aporte financeiro da empresa por meio da altera-

ção de sua política de dividendos? Que outras opções a empresa tem para atingir seus

objetivos de crescimento?

14. Prazo médio de recebimento Uma empresa tem lucro líquido de $ 265.000, margem lí-

quida de 9,3% e um saldo de contas a receber de $ 145.300. Supondo que 80% das vendas

sejam a crédito, qual é o prazo médio de recebimento?

15. Indicadores e ativos imobilizados A Companhia Le Bleu tem um índice de endivida-

mento a longo prazo de 0,35 e um índice de liquidez corrente de 1,25. O passivo circulan-

te é de $ 950, as vendas são de $ 5.780, a margem líquida é 9,4% e o ROE é 18,2%. Qual

é o valor do ativo imobilizado da empresa?

16. Cálculo do índice de cobertura de caixa O lucro líquido da Titã S/A no ano passado

foi de $ 8.320. A alíquota de imposto foi 34%. A empresa pagou um total de $ 1.940 em

despesas com juros e deduziu $ 2.730 de despesas com depreciação. Qual foi o índice de

cobertura de caixa no ano?

17. Identidade DuPont A identidade DuPont apresentada neste capítulo é comumente cha-

mada de identidade DuPont de três fatores. Outra forma comum de se expressar essa

identidade é o modelo de cinco fatores, que consiste no seguinte:

ROE 5

Lucro líquido

3

LAIR

3

LAJIR

3

Vendas

3

Ativo total

LAIR LAJIR Vendas Ativo total Patrimônio líquido

D erive a identidade DuPont de cinco fatores (LAIR são os lucros antes do imposto de

renda, mas após os juros). O que cada um dos termos mede?

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 83

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18. Demonstrações contábeis de tamanho comum e de ano-base comum Além das

demonstrações contábeis de tamanho comum (também chamadas de análise vertical de

balanços), também são utilizadas as de ano-base comum (também chamadas de análise

horizontal), que são construídas dividindo-se o valor da conta no ano atual pelo valor

da conta no ano-base. Desse modo, o resultado mostra a taxa de crescimento da conta.

Utilizando as seguintes demonstrações contábeis, construa os balanços patrimoniais de

tamanho comum e de ano-base comum da empresa. Tome o ano de 2011 como base.

COMPANHA DOS JARROS

Balanços patrimoniais de 2011 e 2012

Ativo Passivo e patrimônio líquido

2011 2012 2011 2012

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa $ 8.014 $ 9.954 Contas a pagar $ 40.898 $ 45.884

Contas a receber 20.453 22.937 Dívidas de curto prazo 17.464 17.035

Estoque 36.822 41.797 Total $ 58.362 $ 62.919

Total $ 65.289 $ 74.688 Dívidas de longo prazo $ 24.000 $ 31.000

Ativo não circulante Patrimônio líquido

Instalações e

equipamentos,

líquidos

$ 215.370 $ 243.340 Capital social e ágio

recebido na emissão

de ações

$ 38.000 $ 39.200

Reserva de lucros 160.297 184.909

Total $ 198.297 $ 224.109

Ativo total $ 280.659 $ 318.028 Total do passivo e do

patrimônio líquido

$ 280.659 $ 318.028

Use as seguintes informações nos Problemas 19, 20 e 22:

A discussão sobre a NAF apresentada neste capítulo fez a suposição implícita de que

a empresa opera com capacidade máxima. Isso não costuma acontecer. Por exemplo, su-

ponhamos que a Mar de Rosas estivesse operando com 90% de sua capacidade. As vendas

em capacidade máxima seriam $ 1.000/0,90 5 $ 1.111. O balanço patrimonial indica

$ 1.800 em ativo não circulante. O índice de intensidade de capital da empresa é

Índice de intensidade de capital 5 Ativo não circulante/Vendas em capacidade máxima

5 $ 1.800/$ 1.111 5 1,62

Isso significa que a Mar de Rosas precisa de $ 1,62 em ativos não circulantes para

cada real em vendas ao atingir a capacidade máxima. Com o nível de vendas projetado de

$ 1.250, a empresa precisa de $ 1.250 3 1,62 5 $ 2.025 em ativos não circulantes, que é

$ 225 a menos em relação à nossa projeção de $ 2.250 em ativos não circulantes. Assim,

a NAF é de apenas $ 565 − 225 5 $ 340.

19. Vendas em capacidade máxima Atualmente, as Indústrias Torres Ltda. estão operando

a apenas 90% da capacidade de seu ativo imobilizado (o ativo não circulante). As vendas

atuais são de $ 725.000. Qual é o aumento máximo que as vendas podem atingir sem

acréscimo do ativo imobilizado?

20. Ativo imobilizado e uso da capacidade Para a empresa do problema anterior, suponha

que o ativo imobilizado seja de $ 690.000 e que estejam previstas vendas de $ 830.000.

Quanto em ativos novos será necessário para permitir esse crescimento das vendas?

21. Cálculo da NAF A seguir estão as demonstrações contábeis mais recentes da Turismo da

Onça S/A. As vendas de 2012 têm crescimento projetado de 20%. As despesas com juros,

a alíquota tributária e a taxa de distribuição de dividendos permanecerão constantes. Os

custos, as outras despesas, o ativo circulante, o ativo imobilizado e as contas a pagar au-

84 Parte I Visão Geral

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mentam na proporção das vendas. Se a empresa opera à capacidade máxima e não foram

emitidas ações ou assumidas novas dívidas, qual é o aporte financeiro necessário para

sustentar a taxa de crescimento de 20% nas vendas?

TURISMO DA ONÇA S/A

Demonstração de resultados de 2011

Vendas $ 836.100

Custos 650.700

Outras despesas 17.100

Lucro antes de juros e impostos $ 168.300

Despesas com juros 12.600

Lucro tributável $ 155.700

Impostos 54.495

Lucro líquido $ 101.205

Dividendos $ 30.300

Acréscimo à reserva de lucros 70.905

TURISMO DA ONÇA S/A

Balanço patrimonial de 31 de dezembro de 2011

Ativo Passivo e patrimônio líquido

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa $ 24.035 Contas a pagar $ 64.600

Contas a receber 38.665 Dívidas de curto prazo 16.150

Estoque 82.555 Total $ 80.750

Total $ 145.255 Dívidas de longo prazo $ 150.000

Patrimônio líquido

Ativo não circulante

Ativo Imobilizado: Instalações e

equipamentos, líquidos

Capital social e ágio recebido na

emissão de ações

$ 130.000

$ 392.350 Reserva de lucros 176.855

Total $ 306.855

Ativo total $ 537.605 Total do passivo e do patrimônio líquido $ 537.605

22. Uso da capacidade e crescimento No problema anterior, suponha que a empresa tenha

operado a apenas 80% da capacidade em 2011. Qual é a NAF agora?

23. Cálculo da NAF No Problema 21, suponha que a empresa queira manter seu índice Dí-

vida/Capital Próprio constante. Qual é a NAF agora?

24. NAF e crescimento interno Refaça o Problema 21 usando agora, além da taxa de cres-

cimento de vendas de 20%, as taxas de 15 e 25%. Ilustre graficamente a relação entre a

NAF e a taxa de crescimento.

25. NAF e crescimento interno Refaça o Problema

,

23 usando agora, além da taxa de cres-

cimento de vendas de 20%, as taxas de 30 e 35%. Ilustre graficamente a relação entre a

NAF e a taxa de crescimento.

26. Restrições ao crescimento A Gravadora Bolha S/A pretende manter uma taxa de cres-

cimento de 12% ao ano e um índice Dívida/Capital Próprio de 0,40. A margem líquida é

de 5,3%, e a razão entre o ativo total e as vendas se mantém constante em 0,75. É possível

essa taxa de crescimento? Para responder, determine qual deve ser a taxa de distribuição

de dividendos. Como você interpreta o resultado?

27. NAF Defina o seguinte:

V 5 Vendas do ano anterior

A 5 Total do ativo

P 5 Total do patrimônio líquido

DESAFIO

(Questões 24-30)

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 85

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g 5 Projeção de crescimento das vendas

ML 5 Margem de lucro

b 5 Taxa de retenção

Considerando constante o total das dívidas, mostre que a NAF pode ser escrita da seguinte

forma:

NAF 5 −ML(V)b 1 [A − ML(V)b] 3 g

Di ca: As necessidades de ativo serão iguais a A 3 g. O acréscimo à reserva de lucros será

igual a ML(V)b 3 (1 1 g).

28. Taxas de crescimento sustentável Com base nos resultados do Problema 27, mostre que

as taxas de crescimento interna e sustentável podem ser calculadas como indicado nas

Equações 3.23 e 3.24. (Dica: para a taxa de crescimento interna, defina NAF igual a zero

e calcule g).

29 . Taxa de crescimento sustentável Neste capítulo, discutimos um método de cálculo da

taxa de crescimento sustentável:

Taxa de crescimento sustentável 5

ROE 3 b

1 – ROE 3 b

Na prática, é possível que o método mais usado para calcular a taxa de crescimento sus-

tentável seja ROE 3 b. Essa equação fica idêntica à da taxa de crescimento sustentável

apresentada neste capítulo se o ROE for calculado utilizando-se o patrimônio líquido do

início do período. Derive essa equação a partir da apresentada neste capítulo.

30. Taxa de crescimento sustentável Utilize as equações de taxa de crescimento sus-

tentável do problema anterior para responder às seguintes questões. A Não Tem Volta

S/A tinha um ativo total de $ 285.000 e um patrimônio líquido de $ 176.000 no início

do ano. Ao final do ano, a empresa tinha um ativo total de $ 310.000. Durante o ano,

ela não emitiu novas ações. O lucro líquido foi de $ 90.000, e os dividendos foram

de $ 43.000. Qual é a taxa de crescimento sustentável da empresa? Qual é a taxa de

crescimento sustentável se você usar a fórmula ROE baseada no patrimônio líquido do

início do período?

DOM INE O EXCEL!

O planejamento financeiro pode ser mais complexo do que o indicado pela abordagem da por-

centagem de vendas. As suposições subjacentes a essa abordagem podem ter sido muito sim-

plificadas. Um modelo mais sofisticado permite a variação dos itens importantes sem serem

meramente porcentagens das vendas.

Considere um novo modelo no qual a depreciação é calculada como uma porcentagem

do ativo imobilizado inicial e as despesas com juros dependem diretamente do montante de

dívidas. A dívida ainda é a variável de fechamento. Perceba que, como a depreciação e os juros

não variam necessariamente em relação direta com as vendas, a margem líquida deixa de ser

constante. Além disso, pela mesma razão, os impostos e os dividendos deixam de ser uma por-

centagem fixa das vendas. Os parâmetros utilizados no novo modelo são:

Por centagem do custo 5 Custos / Vendas

Tax a de depreciação 5 Depreciação / Ativo imobilizado inicial

Tax a de juros 5 Juros pagos / Total da dívida

Alí quota tributária 5 Impostos / Lucro líquido

Taxa de distribuição de dividendos 5 Dividendos / Lucro líquido

Int ensidade de capital por vendas 5 Ativo imobilizado / Vendas

Índ ice de imobilização 5 Ativo imobilizado / Ativo total

86 Parte I Visão Geral

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.br MINICASO

Índices e planejamento financeiro na Iates Litoral

Daniel Rodrigues foi contratado recentemente pela Iates Li-

toral para auxiliar no planejamento financeiro de curto prazo

e na avaliação do desempenho financeiro da empresa. Daniel

se formou em administração financeira há cinco anos e, desde

então, trabalha na tesouraria de uma grande empresa.

A Iates Litoral foi fundada há 10 anos por Larissa Dias.

As operações da empresa localizam-se em Florianópolis, San-

ta Catarina, e a empresa tem uma estrutura de sociedade por

quotas com responsabilidade limitada. Durante esse período, a

empresa fabricou iates customizados de tamanho médio e alto

desempenho, e seus produtos obtiveram boas avaliações nos

quesitos segurança e confiabilidade. Recentemente, os iates da

empresa também receberam o prêmio mais importante de sa-

tisfação do cliente. Os iates são adquiridos principalmente por

clientes abastados para fins de lazer. Ocasionalmente, alguma

empresa compra o iate para fins de negócios.

O setor de iates customizados é fragmentado, com vários

fabricantes. Assim como em qualquer setor, existem líderes de

marcado, mas a natureza diversificada do setor garante que o

mercado não seja dominado por um fabricante. A competição

do setor, assim como o custo do produto, tornam necessária

a atenção aos detalhes. Por exemplo, a Iates Litoral costuma

passar de 80 a 100 horas polindo à mão o protetor de proa de

aço inoxidável (uma cobertura de metal que protege o iate de

colisões contra o cais ou contra outro barco).

Para que Daniel pudesse começar suas análises, Larissa

forneceu a ele as seguintes demonstrações contábeis. Daniel,

por sua vez, coletou dados do setor de fabricação de iates.

Os parâmetros do modelo podem ser determinados com quaisquer métodos que a empresa jul-

gar apropriados. Por exemplo, poderiam ter como base valores médios dos últimos anos, pa-

drões do setor, análises subjetivas ou mesmo metas da empresa. Como alternativa, podem ser

usadas técnicas estatísticas sofisticadas para estimá-los.

A C ompanhia Lopes está preparando as demonstrações contábeis projetadas para o próxi-

mo ano utilizando este modelo. As demonstrações resumidas são apresentadas abaixo.

Crescimento das vendas 20%

Alíquota tributária 34%

Demonstração de resultados

Vendas $ 780.000

Custos 415.000

Depreciação 135.000

Juros 68.000

Lucro tributável $ 162.000

Impostos 55.080

Lucro líquido $ 106.920

Dividendos $ 30.000

Acréscimos à reserva de lucros 76.920

Balanço patrimonial

Ativo Passivo e patrimônio líquido

Ativo circulante $ 240.000 Dívida total $ 880.000

Ativo imobilizado líquido 1.350.000 Patrimônio líquido 710.000

Ativo total $ 1.590.000 Total da dívida e do patrimônio líquido $ 1.590.000

a. Calcule cada um dos parâmetros necessários para construir o balanço patrimonial pro-

jetado.

b. Construa o balanço patrimonial projetado. Qual é o aporte financeiro necessário para

equilibrar o balanço?

c. Neste modelo de planejamento financeiro, prove que é possível calcular o valor de

novos empréstimos.

Capítulo 3 Análise de Demonstrações e Modelos Contábeis 87

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IATES LITORAL

Demonstração de resultados de 2012

Vendas $ 234.300.000

Custos 165.074.000

Outras despesas 27.991.000

Depreciação 7.644.000

Lucro antes de juros e impostos (LAJIR) $ 33.591.000

Juros 4.212.600

Lucro tributável $ 29.378.400

Impostos (40%) 11.751.360

Lucro líquido $ 17.627.040

Dividendos $ 5.288.112

Acréscimo à reserva de lucros $ 12.338.928

IATES LITORAL

Balanço patrimonial de 31 de dezembro de 2012

Ativo Passivo e patrimônio líquido

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa $ 3.650.700 Contas a pagar $ 7.753.000

Contas a receber 6.567.600 Dívidas de curto prazo 15.936.300

Estoque 7.363.700

Total $ 17.582.000 Total $ 23.689.300

Ativo não circulante Dívidas de longo prazo $ 40.480.000

Ativo imobilizado: Instalações

e equipamentos, líquidos

$ 112.756.900

Patrimônio líquido

Ações subscritas $ 6.200.000

Reserva de lucros 59.969.600

Patrimônio líquido total $ 66.169.600

,

Ativo total $ 130.338.900 Total do passivo e do patrimônio líquido $ 130.338.900

Índices do setor de iates

Quartil inferior Mediana Quartil superior

Índice de liquidez corrente 0,5 1,43 1,89

Índice de liquidez imediata 0,21 0,38 0,62

Giro do ativo total 0,68 0,85 1,38

Giro do estoque 6,85 9,15 16,13

Giro de contas a receber 6,27 11,81 21,45

Índice de endividamento 0,44 0,52 0,61

Índice dívida/capital próprio 0,79 1,08 1,56

Multiplicador do patrimônio líquido 1,79 2,08 2,56

Cobertura de juros 5,18 8,06 9,83

Margem líquida 4,05% 6,98% 9,87%

Retorno sobre o ativo (ROA) 6,05% 10,53% 15,83%

Retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) 9,93% 16,54% 28,14%

88 Parte I Visão Geral

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1. Calcule para a Iates Litoral todos os índices que estão lis-

tados no quadro do setor.

2. Compare o desempenho da Iates Litoral com o do setor

como um todo. Para cada índice, comente por que ele se-

ria visto como positivo ou negativo em relação ao setor.

Suponhamos que você crie um índice de estoques calcu-

lado dividindo o estoque pelo passivo circulante. Como

você interpreta esse número? Qual é a situação da empre-

sa em relação à média do setor?

3. Calcule a taxa de crescimento sustentável da Iates Litoral.

Calcule a necessidade de aporte financeiro (NAF) e pre-

pare demonstrações de resultados e balanços patrimoniais

projetados, supondo que o crescimento seja igual à taxa de

crescimento sustentável. Recalcule os índices da questão

anterior. O que você observa?

4. Na prática, dificilmente a Iates Litoral estará disposta

a buscar aportes de novos acionistas, em larga medida

porque os proprietários não querem diluir suas posições

atuais de propriedade e controle. Contudo, a empresa

está planejando ter uma taxa de crescimento de 20% no

próximo ano. Quais são as suas conclusões e recomen-

dações quanto à viabilidade dos planos de expansão da

Iates Litoral?

5. A maioria dos ativos pode ser aumentada como uma por-

centagem das vendas. Por exemplo, qualquer montante

pode ser acrescido ao caixa. Entretanto, o ativo imobili-

zado, muitas vezes, precisa ser aumentado em montantes

específicos, porque é impossível, na prática, comprar par-

te de uma fábrica nova ou de uma máquina nova. Nesta

situação, a estrutura de custos fixos da empresa é “em

degraus”. Suponhamos que a Iates Litoral esteja produ-

zindo a 100% de sua capacidade. Assim, para expandir a

produção, a empresa precisa construir uma nova linha de

montagem ao custo de $ 30 milhões. Calcule a nova NAF

a partir dessa hipótese. Qual é a implicação para a utiliza-

ção da capacidade da empresa no próximo ano?

Va

lo

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O

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en

to

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Ca

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ta

l

PA

RT

E

IIA assinatura de contratos de atletas famosos

normalmente é acompanhada de grande alarde,

mas os números às vezes enganam. Por exem-

plo, no fim de 2010, o receptor Victor Martinez

chegou a um acordo com a equipe de beise-

bol do Detroit Tigers, assinando um contrato

com um valor informado de $ 50 milhões. Nada

mau, especialmente para alguém que ganha a

vida utilizando as “ferramentas da ignorância”

(jargão de atletas para o equipamento de um

receptor). Outro exemplo é o contrato assina-

do por Jayson Werth, do Washington Nationals,

que tinha um valor declarado de $ 126 milhões.

Parece que Victor e Jayson se deram muito

bem, mas depois houve Carl Crawford, que assi-

nou um contrato para jogar à frente da nação Red

Sox de Boston. O contrato de Carl tinha um valor

anunciado de $ 142 milhões, mas essa quantia, na

verdade, era pagável ao longo de vários anos. O

contrato consistia em um bônus de assinatura de

$ 6 milhões, juntamente com $ 14 milhões no pri-

meiro ano mais $ 122 milhões em futuros salários

a serem pagos nos anos de 2011 a 2017. Os paga-

mentos de Victor e Jayson foram similarmente

espalhados ao longo do tempo. Como os três

contratos exigiam pagamentos que seriam feitos

em datas futuras, devemos considerar o valor do

dinheiro no tempo, o que significa que nenhum

desses jogadores recebeu as quantias citadas.

Quanto eles realmente ganharam? Este capítulo

fornece as “ferramentas de conhecimento” para

responder a essa pergunta.

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4.1 Avaliação: caso de um período

Carlos Silva está tentando vender uma área de terra virgem no Amapá. Ontem foram ofere-

cidos $ 10.000 pela propriedade. Ele estava praticamente pronto para aceitar a oferta quando

outra pessoa ofereceu $ 11.424. No entanto, a segunda oferta seria paga daqui a um ano.

Carlos convenceu-se de que ambos os compradores são honestos e financeiramente solven-

tes, portanto não tem receio de que a oferta que venha a selecionar dê problema. Essas duas

ofertas estão representadas como fluxos de caixa na Figura 4.1. Qual oferta Carlos deve

escolher?

Miguel Teixeira, o consultor financeiro de Carlos, salienta que, se Carlos ficar com a pri-

meira oferta, pode investir os $ 10.000 no banco a uma taxa prefixada de 12%. Ao final do

primeiro ano, terá:

$ 10.000 1 (0,12 3 $ 10.000) 5 $ 10.000 3 1,12 5 $ 11.200

Restituição Juros

de capital

Como isso é menos do que os $ 11.424 que Carlos poderia receber da segunda oferta, Miguel

recomenda que ele opte por esta última. Essa análise utiliza o conceito de valor futuro (VF) ou

Avaliação por Fluxos de

Caixa Descontados 4

90 Parte II Valor e Orçamento de Capital

valor composto, que é o valor de uma soma depois de investimento por um ou mais períodos.

O valor composto ou futuro de $ 10.000 a 12% é $ 11.200.

Um método alternativo emprega o conceito de valor presente (VP). Pode-se determinar o

valor presente fazendo a seguinte pergunta: Quanto dinheiro Carlos deve colocar no banco hoje

a fim de que tenha $ 11.424 no ano que vem? Podemos escrever isso algebricamente como:

VP 3 1,12 5 $ 11.424

Queremos encontrar VP, a quan tia de dinheiro que rende $ 11.424 se investida a 12% hoje.

Calculando VP, temos:

A fórmula p ara VP pode ser escrita como se segue:

Valor presente de um investimento:

(4.1)

em que C1 é o fluxo de caixa na data 1 e r é a taxa de retorno que Carlos requer na venda de seu

terreno. Algumas vezes, ela é chamada de taxa de desconto.

A análise do valor presente nos informa que um pagamento de $ 11.424 a ser recebido

no ano seguinte tem um valor presente de $ 10.200 hoje. Em outras palavras, a uma taxa de

juros de 12%, Carlos é indiferente entre $ 10.200 hoje ou $ 11.424 no próximo ano. Dando-lhe

$ 10.200 hoje, ele poderia colocá-los no banco e receber $ 11.424 no próximo ano.

Como a segunda oferta tem um valor presente de $ 10.200, enquanto a primeira oferta é de

apenas $ 10.000, a análise de valor presente também indica que Carlos deve escolher a segunda

oferta. Em outras palavras, ambas as análises, a de valor futuro e a de valor presente, levaram

à mesma decisão. Como se viu, as análises de valor presente e de valor futuro sempre devem

levar à mesma decisão.

Por mais simples que seja esse exemplo, ele contém os princípios básicos com os quais

iremos trabalhar ao longo dos próximos capítulos. Agora utilizamos outro exemplo para desen-

volver o conceito de valor presente líquido.

EX EMPLO 4.1 Valor presente

Diana, uma analista financeira da Kaufman Imóveis, uma imobiliária líder, está pensando

em recomendar que a Kaufman invista em um terreno que custa $ 85.000. Ela está segura

de que, no próximo ano, o terreno valerá $ 91.000, um ganho certo de $ 6.000. Dado que a

taxa de juros em investimentos alternativos similares é de 10%, a Kaufman deveria fazer o

investimento no terreno? A escolha de Diana está descrita na Figura 4.2 com o gráfico de

fluxos de caixa no tempo.

Um momento de reflexão deve ser o suficiente

,

para convencê-la de que esse não

é um negócio atraente. Investindo $ 85.000 no terreno, ela terá $ 91.000 disponíveis no

próximo ano. Suponhamos, em vez disso, que a Kaufman coloque os mesmos $ 85.000

0 1

R$ 10.000 R$ 11.424Alternativas de

preços de venda

Ano:

FIGURA 4.1 Fluxo de caixa para a venda de Carlos Silva.

Capítulo 4 Avaliação por Fluxos de Caixa Descontados 91

em investimentos alternativos similares. Com taxa de juros de 10%, esses $ 85.000 iriam

aumentar para:

(1 1 0,10) 3 $ 85.000 5 $ 93.500

no próximo ano.

Seria tolice com prar o terreno quando investir os mesmos $ 85.000 em inv estimen-

tos a lternativos similares produziria um extra de $ 2.500 (i.e., $ 93.500 do banco menos

$91.000 do investimento no terreno). Esse é um cálculo de valor futuro.

Alternativamente, ela poderia calcular o valor presente do preço de venda no ano

seguinte como:

Valor presente

Como o valor presente do preço de venda do próximo a no é menor do qu e o preço de com-

pra de $ 85.000 deste ano, a análise de valor presente também indica que ela não deveria

recomendar a compra do imóvel.

Frequentemente, analistas financeiros querem determinar o custo ou benefício exato de

uma decisão. No Exemplo 4.1, a decisão de comprar neste ano e vender no seguinte pode ser

avaliada como:

Custo do

terreno hoje

Valor presente do

preço de venda no

próximo ano

A fórmula para o VPL pode ser escrita como segue:

Valor presente líquido de um investimento:

VPL 5 2 Custo 1 VP (4.2)

A Equação 4.2 informa que o valor do investim ento é 2$ 2.273, com todos os benefícios e

to dos os custos na data 0. Dizemos que 2$ 2.273 é o valor presente líquido (VPL) do inves-

timento. Isto é, o VPL é o valor presente dos fluxos de caixa futuros menos o valor presente do

custo do investimento. Como o valor presente líquido é negativo, Diana não deveria recomendar

a compra do terreno.

Os exemplos de Carlos e Diana consideram um alto grau de certeza. Isto é, Carlos Silva

sabe com um alto grau de certeza que ele pode vender seu terreno por $ 11.424 no próximo

ano. Da mesma forma, Diana sabe com um alto grau de certeza que a Kaufman Imóveis poderia

receber $ 91.000 pela venda de seu terreno. Infelizmente, os empresários frequentemente não

sabem os fluxos de caixa futuros. Essa incerteza é abordada no próximo exemplo.

0 1

2$ 85.000

$ 91.000Fluxo de entrada de caixa

Tempo

Fluxo de saída de caixa

FIGURA 4.2 Fluxos de caixa para investimen to em terreno.

92 Parte II Valor e Orçamento de Capital

EXEMPLO 4.2 Incerteza e avaliação

A Professional Artes Ltda. é uma empresa que especula no mercado de pinturas modernas.

O gerente está pensando em comprar um Picasso original por $ 400.000 com a intenção de

vendê-lo ao final de um ano. Ele espera que a pintura valha $ 480.000 em um ano. Os fluxos

de caixa relevantes estão representados na Figura 4.3.)

0 1

2$ 400.000

$ 480.000Fluxo de entrada de caixa esperado

Tempo

Fluxo de saída de caixa

FIGURA 4.3 Fluxos de caixa para o investimento na pintura.

Claro, i sso é apenas uma expectativa – a pintura poderia valer mais ou menos do que

$480.000. Suponha que a empresa tenh a a garantia de empréstimos de bancos à taxa de

juros de 10%. A empresa deveria comprar a obra de arte?

Nossa primeira ideia poderia ser descontar na taxa de juros, resultando:

Como $ 436.364 é mais do que $ 400.000, parece à p rimeira vista que a pintura deve-

ria ser comprada. No entanto, 10% é o retor no que s e pode obter em um investimento de

baixo risco. Como o investimento na pintura é bastante arriscado, uma taxa de desconto

maior é exigida. O gerente escolhe uma taxa de 25% para refletir esse risco. Em outras pa-

lavras, ele argumenta que um retorno esperado de 25% é uma compensação justa para um

investimento tão arriscado quanto o nessa pintura.

O valor presente da pintura se torna:

Assim, o gerente acredita que a pintura está excessivamente cara atualmente a $ 400.000

e n ão faz a compra.

A análise anterior é t ípica da tomada de decisão nas empresas atualmente, embora os exem-

plos do mundo real sejam muito mais complexos. Infelizmente, qualquer ex emplo com risco

levanta um problema não enfrentado em um exemplo sem riscos. Conceitualmente, a taxa de

desconto correta para um fluxo de caixa esperado é o retorno esperado disponível no mercado

em outros investimentos de mesmo risco. Essa é a taxa de desconto apropriada a aplicar, pois

representa um custo de oportunidade econômico aos investidores. É o retorno esperado que eles

exigem antes de comprometerem fundos para um projeto. Contudo, a seleção da taxa de des-

conto para um investimento arriscado é uma tarefa bastante difícil. Simplesmente não sabemos

neste ponto se a taxa de desconto do investimento na pintura no Exemplo 4.2 deveria ser 11%,

15%, 25% ou alguma outra percentagem.

Pelo fato de a escolha de uma taxa de desconto ser tão difícil, queríamos trazer uma sim-

ples abordagem ao assunto aqui. Precisamos esperar até que o material específico sobre risco

e retorno seja tratado nos capítulos posteriores antes de uma análise ajustada aos riscos poder

ser apresentada.

4.2 O caso de vários períodos

A seção anterior apresentava o cálculo de valor futuro e valor presente apenas para um período.

Agora iremos realizar os cálculos para o caso de vário s p eríodos.

Capítulo 4 Avaliação por Fluxos de Caixa Descontados 93

Valor futuro e capi talização composta

Suponha que uma pessoa tomasse um empréstimo de $ 1. No término do primeiro ano, o mutu-

ário (aquele que toma o empréstimo) deveria ao mutuante ( o que concede o empréstimo) o valor

principal de $ 1 mais os juros no empréstimo à taxa de juros r. Para o caso específico em que a

taxa de juros seja, digamos, 9%, o mutuário deve ao mutuante:

$ 1 3 (1 1 r) 5 $ 1 3 1,09 5 $ 1,09

No final do ano, no entanto, o mutuante tem duas opções. Ele pode sacar o $ 1,09 – ou, mais

genericamente, (1 1 r) – do mercado financeiro ou pode deixá-lo e emprestá- lo de novo por um

segundo ano. O processo de manter o dinheiro no mercado financeiro e emprestá-lo por outro

ano é chamado de capitalização composta.

Suponha que o mutuante decida capitalizar o resultado de seu empréstimo por outro ano.

Ele o faz aplicando o principal e as receitas de seu primeiro empréstimo de um ano, $ 1,09, em-

prestando essa quantia para o ano seguinte. No final do próximo ano, então, o mutuário desse

empréstimo deverá:

$ 1 3 (1 1 r) 3 (1 1 r) 5 $ 1 3 (1 1 r)2 5 1 1 2r 1 r2

$ 1 3 (1,09) 3 (1,09) 5 $ 1 3 (1,09)2 5 $ 1 1 $ 0,18 1 $ 0,0081 5 $ 1,1881

Esse é o total que o emprestador receberá daqui a dois anos pela capitalização do valor emprest ado.

Em outras palavras, o mercado de capitais ao proporcionar uma oportunidade imediata de

realizar empréstimos, permit e que o investidor transforme $ 1 hoje em $ 1,1881 ao final de dois

anos. Ao final de três anos, o dinheiro será $ 1 3 (1,09)3 5 $ 1,2950.

O ponto mais importante a notar é que a quantia total que o mutuante recebe não é apenas

o $ 1 que emprestou mais o valor dos juros de dois anos sobre $ 1:

2 3 r 5 2 3 $ 0,09 5 $ 0,18

O mutuante também recebe de volta uma quantia de r2, que são os juros no segundo ano sobre

os juros que foram auferidos no primeiro ano. O termo 2 3 r representa os juros simples ao

longo dos dois anos, e o termo r2 é chamado de juros sobre juros. Em nosso exemplo, essa últi-

ma quantia é exatamente:

r2 5 ($ 0,09)2 5 $ 0,0081

É importante mencionar que, no Brasil, a cobrança de juros sobre juros não é permitida pela

legislação, exceto quando houver estipulação contratual que a autorize. A cobrança de juros

sobre juros aqui é chamada de anatocismo.

Quando o dinheiro é investido a juros compostos, cada pagamento de juros é reinvestido.

Com juros simples, os juros não são reinvestidos. Em outras palavras, quando a incidência de

juros é composta, o emprestador não recebe os juros do período, somente no vencimento do

contrato. Com juros simples, o tomador paga e o emprestador recebe

,

juros a cada período.

A declaração de Benjamin Franklin “Dinheiro faz dinheiro, e o dinheiro que o dinheiro faz

faz mais dinheiro” é uma maneira divertida de explicar os juros compostos. A diferença entre

os juros compostos e os juros simples é ilustrada na Figura 4.4. Nesse exemplo, a diferença não

chega a muito, porque o empréstimo é de $ 1. Se o empréstimo fosse de $ 1 milhão, o mutuante

receberia $ 1.188.100 em dois anos. Dessa quantia, $ 8.100 são de juros sobre juros não pagos.

A lição é que aqueles números pequenos além do ponto decimal podem chegar a grandes quan-

tias quando as operações forem de grandes somas. Além disso, quanto maior for o prazo do

empréstimo, mais importante os juros sobre juros se tornam.

A fórmula geral para um investimento por muitos períodos pode ser escrita como segue:

Valor futuro de um investimento:

VF 5 C0 3 (1 1 r)T (4.3)

em que C0 é o dinheiro a ser investido na data 0 (p. ex., hoje), r é a taxa de juros por período e T

é o número de períodos ao longo dos quais o dinheiro será investido.

94 Parte II Valor e Orçamento de Capital

EXEMPLO 4. 3 Juros so bre juros

Sara colocou R$ 500 em uma poupança no Banco da Pr aia. A co nta poupança paga 7%,

compostos anualmente. Quanto Sara terá ao final de três anos? A resposta é:

R$ 500 3 1,07 3 1,07 3 1,07 5 R$ 500 3 (1,07)3 5 $ 612,52

A Figura 4.5 ilustra o crescimento da conta de Sara.

0 01 12 23 3

$ 612,52

$ 500R

ea

is

Tempo Tempo

R$ 612,52

2R$ 500

FIGURA 4.5 Poupança da Sara.

EXEMPLO 4.4 Crescimento composto

Jaime Rodrigues investiu R$ 1.000 nas ações da SDH S/A. A empresa paga um dividendo

atual de R$ 2, que se espe ra que cresça em 20% por ano pelos próximos dois anos. Qual

será o dividendo da SDH d epois de dois anos? Um cálculo simples dá:

R$ 2 3 (1,20)2 5 R$ 2,88

A Figura 4.6 ilustra o valor crescente dos dividendos da SDH.

0 21

$ 2,00

R

ea

is

TempoTempo

0 1 2

R$ 2,88

$ 2,40

$ 2,88

R$ 2,40

R$ 2,00

Fluxos de

entrada de

caixa

FIGURA 4.6 Crescimento dos dividendos da SDH.

$ 1,295

$ 1,270

$ 1,188

$ 1,180

$ 1,09

$1

1 ano 2 anos 3 anos

A área sombreada indica a diferença entre juros compostos e simples.

A diferença é substancial ao longo de períodos de muitos anos ou décadas.

FIGURA 4.4 Juros simples e compostos.

Capítulo 4 Avaliação por Fluxos de Caixa Descontados 95

Os dois exemplos anteriores podem ser calcula dos de diversas forma s. Os cálculos podem

ser feitos a mão, com calculadora, planilha ou com a ajuda de uma tabela. Apresentaremos as

pl anilhas em breve e mostra mos como usar uma ca lculad ora no Apêndice 4B, disponível n o

site. A tabela apropriada é a Tabela A.3, também disponível no site. Essa tabela apresenta o va-

lor futuro de $ 1 ao final de T períodos. A tabela é utilizada localizando a taxa de juros apropria-

da na horizontal e o número apropriado de períodos na vertical. Por exemplo, Sara examinaria

a seguinte parte da Tabela A.3:

Taxa de juros

Período 6% 7% 8%

1 1,0600 1,0700 1,0800

2 1,1236 1,1449 1,1664

3 1,1910 1,2250 1,2597

4 1,2625 1,3108 1,3605

Ela poderia calcular o valor futuro de seus $ 500 como:

$ 500 3 1,2250 5 $ 612,50

Investimento

inicial

Valor futuro

de $ 1

No exemplo de Sara, demos o investimento inicia l e a taxa de juros e pedimos que fosse

calculado o valor futuro. Em outra situação, a taxa de juros poderia ser desconhecida, como

mostrado no exemplo a seguir.

EXEMPLO 4.5 Descobrir a taxa

Carlos Voigt, que recentemente ganhou $ 10.000 na loteria, quer comprar um carro em cin-

co anos. Carlos estima que o carro custará $ 16.105 em cinco anos. Os fluxos de caixa dele

são mostrados na Figura 4.7.

Que taxa de juros ele deve auferir para poder comprar o carro?

5

2$ 16.105

Fluxo de entrada de caixa

Tempo

Fluxo de saída de caixa

$ 10.000

FIGURA 4.7 Fluxos de caixa para a compra do carro de Carlos Voigt.

O quociente do preço de compra para o valor inicial é:

Portanto, ele precisa auferir uma taxa de juros que permi ta que $ 1 se torne $ 1,6105 em cinco

anos. A Tabela A.3 nos informa que uma taxa de juros de 10% permitirá que ele compre o carro.

Podemos expressar o problema algebrica mente como:

$ 10.000 3 (1 1 r)

5 5 $ 16.105

em que r é a taxa de juros necessária para comprar o carro. Uma vez que $ 16.105/$ 10.000

5 1,6105, temos:

(1 1 r)5 5 1,6105 r 5 10%

A tabela, uma planilha ou uma calculadora manual nos permitem resolver r.

96 Parte II Valor e Orçamento de Capital

O poder de capitalização composta: u ma digressão

A maioria das pessoas que tiveram algu ma experiência com capitalização composta fica impres-

sionada com seu poder em longos períodos. Pegue o mercado de ações, por exemp lo. Ibbotson

e Sinquefield calcularam o que o mercado de ações retornou como um todo de 1926 até 2010

n o mercado norte-americano.1 Eles descobriram que um dólar colocado em ações de grandes

empresas dos Estados Unidos no início de 1926 valeria US$ 2.982,24 no final de 2010. Isso são

9,87% compostos anualmente por 85 anos – isto é, (1,0987)85 5 US$ 2.982,24, ignorando um

pequeno erro de arredondamento.

O exemplo ilustra a grande diferença entre os juros compostos e simples. A 9,87%, os

juros simples em US$ 1 são 9,87 centavos de dólar por ano. Os juros simples por 85 anos são

US$ 8,39 (585 3 US$ 0,0987). Isto é, uma retirada individual de 9,87 centavos de dólar a

cada ano teria retirado US$ 8,39 (585 3 $ 0,0987) por 85 anos. Isso é bastante abaixo dos

US$ 2.982,24 que foram obtidos pelo reinvestimento de todo o principal e rendimento.

Os resultados são mais impressionantes por períodos ainda mais longos. Uma pessoa sem

experiência em capitalização composta poderia pensar que o valor de US$ 1 ao final de 170 anos

seria duas vezes o valor de US$ 1 ao final de 85 anos se a taxa de retorno anual continuasse a

mesma. Na verdade, o valor de US$ 1 ao final de 170 anos seria o quadrado do valor de US$ 1

ao final de 85 anos. Isto é, se a taxa de retorno anual permanecesse a mesma, um investimento

de US$ 1 em ações valeria US$ 8.893.755,42 (5US$ 1 3 2.982,24 3 2.982,24).

Há alguns anos, um arqueólogo desenterrou uma relíquia, declarando que Júlio César em-

prestou o equivalente romano a uma unidade monetária ($ 1) a alguém. Como não havia re-

gistro de o dinheiro jamais ter sido pago, o arqueólogo se perguntou quais seriam os juros e o

principal se um descendente de César os tentasse arrecadar de um descendente do devedor no

século XX. O arqueólogo pensou que uma taxa de 6% seria apropriada. Para sua surpresa, o

principal e os juros devidos depois de mais de 2.000 anos seriam muito maiores do que toda a

riqueza na Terra.

O poder da capitalização composta pode explicar por que os pais de famílias prósperas

frequentemente legam riqueza a seus netos em lugar de seus filhos. Isto é, eles pulam uma

geração. Os pais preferem tornar os netos muito ricos a tornar os filhos moderadamente ricos.

Descobrimos que, nessas famílias, os netos têm uma visão mais positiva do poder da capitaliza-

ção composta do que os filhos.

EXEMPLO 4.6 Quanto custa aquela ilha?

Algumas pessoas disseram que foi o melhor negócio imobiliário da história. Peter Minuit,

diretor-geral da Novos Países Baixos, a colônia holandesa da Companhia das Índias Oci-

dentais na América do Norte, em 1626, supostamente comprou a Ilha de Manhattan dos na-

tivos pelo valor de 60 florins em joias de pequeno valor. Em 1667, os holandeses fo ram for-

çados pelos britânicos a trocá-la pelo Suriname (talvez o pior negócio imobiliário de todos

os tempos). Isso soa barato, mas será que os holandeses realmente se saíram melhor na

transação? Há relatos de que 60 florins valiam cerca de US$24 na taxa de câmbio vigente.

Se os nativos tivessem vendido as joias a um valor justo de mercado e investido os US$24

a 5% (livre de impostos), eles valeriam agora, cerca de 385 anos depois, mais de US$3,45

bilhões. Hoje, Manhattan sem dúvida vale mais do que US$3,45 bilhões, portanto, a uma

taxa de retorno de 5%,

,

os nativos ficaram com o pior da transação. No entanto, se investida

a 10%, a quantia de dinheiro que receberam valeria cerca de:

US$ 24(1 1 r)T 5 24 3 1,1385 > US$ 207 quatrilhões

Isso é muito dinheiro. De fato, US$ 207 quatrilhões são mais do que valem hoje todos os

imóveis do mundo. Note que ninguém na história do mundo jamais conseguiu encontrar um

investimento que rendesse 10% a cada ano por 385 anos.

1 Ibbotson SBBI 2011 Valuation Year book: Market results for Stocks, Bonds, Bills, and Inflation, 1926-2010.

Chicago: Morningstar, 2011. 210 p.

Capítulo 4 Avaliação por Fluxos de Caixa Descontados 97

Valor presente e desconto

Sabemos agora que uma taxa de juros anual de 9% permite que o investidor transforme R$ 1

hoje em R$ 1,1881 daqui a dois anos. Além disso, gostaríamos de saber o seguinte:

Quanto um investidor precisaria emprestar hoje a fim de que pudesse receber R$ 1 daqui a

dois anos?

Algebricamente, podemos escrever isso como:

VP 3 (1,09)2 5 R$ 1

Na equação anterior, VP é o valor presente, a quantia d e dinheiro que precisamos emprestar

hoje para receber R$ 1 em dois anos.

Resolvendo VP nessa equação, temos:

Esse processo de cálculo do valor presente de um flux o de caixa futuro é chamado de desconto.

Ele é o oposto da capitalização composta. A diferença entre capitalização composta e desconto

é ilustrada na Figura 4.8.

Pa ra ter certeza de que R$ 0,84 é, de fato, o valor presente de R$ 1 a ser recebido em dois

anos, precisamos verificar se, emprestando R$ 0, 84 hoje e estendendo o empréstimo por do is

a no s, receberíamos exatamente R$ 1 de volta. Se esse fosse o caso, os mercados de capitais es-

tariam dizendo que R$ 1 recebido em dois anos é o equivalente a ter R$ 0,84 hoje. Verificando

os números exatos, obtemos:

R$ 0,84168 3 1,09 3 1,09 5 R$ 1

Em outras palavras, quando temos mercados de capitais com uma taxa de juros certa de

9%, somos indiferentes entre receber R$ 0,84 hoje ou R$ 1 em dois anos. Não temos motivo

para tratar essas duas opções diferentemente uma da outra, pois, se tivéssemos R$ 0,84 hoje e

os emprestássemos por dois anos, receberíamos de volta R$ 1 no final desse período. O valor de

0,84 [51/(1,09)2] é chamado de fator de valor present e. Esse é o fator utilizado para calcular

o valor presente de um fluxo de caixa futuro.

Anos futuros

R$ 1.000

101

Desconto

a 9%

R$ 2.367,36

Juros compostos Capitalização

composta a 9%

R$ 422,41

R$ 1.900

Juros simples

R$ 1.000

2 3 4 5 6 7 8 9

A linha de cima mostra o crescimento de R$ 1.000 a juros compostos

com os fundos investidos a 9%: R$ 1.000 3 (1,09)10 5 R$ 2.367,36.

Os juros simples são mostrados na próxima linha. Eles são

R$ 1.000 1 [10 3 (R$ 1.000 3 0,09)] 5 R$ 1.900. A linha de baixo

mostra o valor descontado de R$ 1.000 se a taxa de juros for 9%.

FIGURA 4.8 Capitalização composta e desconto.

98 Parte II Valor e Orçamento de Capital

Em um caso de vários períodos, a fórmula para VP pode ser escrita como segue:

Valor presente de investimento:

(4.4)

Aqui, CT é o fluxo de caixa na data T, e r é a taxa de desconto apropriada.

EXEMPLO 4.7 Desconto por vários períodos

Bernardo Dumas receberá R$ 10.000 daqui a três anos. Bernardo p ode aufe rir 8% em seus

investi mentos, portanto a taxa de desconto apropriada é 8%. Qual é o valor presente de seu

fluxo de caixa futuro? A resposta é:

A Figura 4.9 ilustra a aplicação do fator de valor presente ao investimento de Bernardo.

0 1 2

R$ 7.938

Tempo

0 3

R$ 10.000

R$ 10.000

Fluxos de entrada

de caixa

1 2

3 Tempo

FIGURA 4.9 Desconto da oportunidade de Bernardo Dumas.

Qua ndo seus investimentos crescem a uma taxa de juros de 8%, Bernardo Dumas

está igualmente inclinado a receber R$ 7.938 agora ou receber R$ 10.000 em três anos.

Afinal, ele poderia conver te r o s R$ 7.983 que receber hoje em R$ 10.000 em três anos

emprestando-os a uma taxa de juros de 8%.

Bernardo Dumas poderia ter realizado seu cálculo de valor presente de diversas for-

mas. O cálculo po deria te r sido feito a mão, com calculadora, com uma planilha ou com a

ajuda da Tabela A.1, disponível n o site. Essa tabela apresenta o valor presente de $ 1 a ser

recebido depois de T períodos. A tabela é utilizada localizando a taxa de juros apropriada

na horizontal e o número apropriado de períodos na vertical. Por exemplo, Bernardo Dumas

examinaria a seguinte parte da Tabela A.1:

Taxa de juros

Período 7% 8% 9%

1 0,9346 0,9259 0,9174

2 0,8734 0,8573 0,8417

3 0,8163 0,7938 0,7722

4 0,7629 0,7350 0,7084

O fator de valor presente apropriado é 0,7938.

No exemplo anterior, demos a taxa de juros e o fluxo de caixa futuro. Em outra situação, a

taxa de juros poderia ser desconhecida.

Capítulo 4 Avaliação por Fluxos de Caixa Descontados 99

EXEMPLO 4.8 Como descobrir a taxa

Um cliente da Barkassa S/A que comprar um rebocador hoje. Em vez de pagar imedia-

tamente, ele pagará $ 50.000 em três anos. A Barkassa terá um custo de $ 38.610 para

construir o rebocador imediatamente. Os fluxos de caixa relevantes para a Barkassa são

mostrado s na Figura 4.10. Qual taxa de juros a Barkassa cob raria para não ganhar nem

perder na venda?

2$ 38.610

$ 50.000Fluxos de entrada de caixa

Tempo

Fluxos de saída de caixa

3

FIGURA 4.10 Fluxos de caixa para rebocador.

O quociente do custo de construção (valor presente) para o preço de venda (valor

futuro) é:

Precisamos determinar a taxa de juros que permite que $ 1 a ser recebido em três anos

tenha um valor presente de $ 0,7722. A Tabela A.1 nos informa que essa taxa de juros é 9%.

Como enco ntrar o número de períodos

Suponha que queiramos comprar um ativ o que custa $ 50.000. No momento, temos $ 25.000.

Se pudermos ganhar 12% sobre esses $ 25.000, quant o tempo levaria até termos $ 50.000? A

resposta envolve a solução da última variável da equação de valor presente, o número de perío-

dos. Você já sabe como obter uma resposta aproximada para esse problema específico. Observe

que precisamos dobrar nosso dinheiro. A partir da Regra de 72 (consulte o Problema 74 ao final

do capítulo), isso levará cerca de 72/12 5 6 anos a 12%.

Para chegar à resposta exata, podemos manipular novamente a equação básica do valor pre-

sente. O valor presente é de $ 25.000, e o valor futuro é de $ 50.000. Com uma taxa de desconto

de 12%, a equação do valor presente assume uma das seguintes formas:

$ 25.000 5 $ 50,000/1,12t

$ 50.000/25.000 5 1,12t 5 2

Assim, temos um fator de valor futuro de 2 para uma taxa de 12%. Agora, precisamos calcular t.

Se consultar a coluna correspondente a 12% na Tabela A.3, você verá que um fator de valor

futuro de 1,9738 ocorre em seis períodos. Assim, serão necessários cerca de seis anos, como

calculamos. Para obter a resposta exata, temos de calcular explicitamente t (utilizando uma

calculadora financeira ou a planilha mostrada a seguir). Se o fizer, você verá que a resposta é

6,1163 anos e, portanto, nossa aproximação chegou bem perto nesse caso.

100 Parte II Valor e Orçamento de Capital

EXEMPLO 4.9 Esperando Godot

Você está economizando para comprar a Godot S/A. O custo total será de $ 10 milhões. No

momento, você tem cerca de $ 2,3 milhões. Se puder ganhar 5% sobre seu dinheiro, quanto

tempo terá de esperar? A 16%, quanto tempo precisará esperar?

A 5%, você terá de esperar muito tempo. Partindo da equação do valor presente:

$ 2,3 milhõe s 5 $ 10 milhões/1,05t

1,05t 5 4,35

t 5 30 anos

A 16%, as coi sas ficam um pouco melhores. Verifique você mesmo que a espera levará

cerca de 10 anos.

Frequentemente, um investidor ou um negócio receberá mais do que um fluxo de caixa. O

valor presente de um conjunto de fluxos de caixa é simplesmente a soma dos valores presentes

dos fluxos de caixa individuais. Isso é ilustrado nos dois exemplos a seguir.

Aprenda

mais so bre como usar o

Excel para cálculos de

valor temporal e outros

em www.studyfinance.

com.

ESTRATÉGIAS DE PLANILHA

Uso de uma planilha eletrônica

,

por Fluxos de Caixa Descontados 89

4.1 Avaliação: caso de um período 89

4.2 O caso de vários períodos 92

Valor futuro e capitalização composta 93

O poder de capitalização composta: uma digressão 96

Valor presente e desconto 97

Como encontrar o número de períodos 99

A fórmula algébrica 102

4.3 Períodos de capitalização composta 102

Diferença entre taxa de juros nominal anual e taxa

efetiva anual 104

Taxas do mercado financeiro brasileiro 105

Capitalização composta por muitos anos 105

Capitalização contínua 106

4.4 Simplificações 107

Perpetuidade 107

Perpetuidade crescente 108

Anuidade 1 1 1

Anuidade crescente 116

4.5 Amortização de empréstimos 117

4.6 O que vale uma empresa? 120

Resumo e conclusões 122

Questões conceituais 123

Questões e problemas 124

Domine o Excel! 133

Capítulo 5

Valor Presente Líquido e Outras Regras

de Análise de Investimentos 136

5.1 Por que utilizar o valor presente líquido? 136

5.2 O método do período de payback 139

Definição da regra 139

Problemas com o método de payback 140

Perspectiva dos gestores 141

Resumo do payback 141

5.3 O método do período de payback descontado 142

5.4 Taxa interna de retorno 142

5.5 Problemas com a abordagem da TIR 145

Definição de projetos independentes e mutuamente

excludentes 145

Dois problemas gerais que afetam projetos

independentes e mutuamente excludentes 145

Problemas específicos para projetos mutuamente

excludentes 149

As qualidades que redimem a TIR 153

Um teste 154

5.6 Índice de lucratividade 154

Cálculo do índice de lucratividade 154

5.7 Prática do orçamento de capital 156

Resumo e conclusões 159

Questões conceituais 159

Questões e problemas 161

Domine o Excel! 168

Capítulo 6

Decisões de Investimento de Capital 170

6.1 Fluxos de caixa incrementais: a chave para o

orçamento de capital 170

Fluxos de caixa – Não lucro contábil 170

Custos irrecuperáveis 171

Custos de oportunidade 172

Efeitos colaterais 172

Custos alocados 173

6.2 Companhia Baldwin: um exemplo 173

Capital de giro 174

Depreciação 174

Cálculo de depreciação 175

Análise do projeto 177

Qual conjunto de livros? 181

Observação sobre o capital de giro 182

Observação sobre a depreciação 183

Depreciação acelerada 184

Despesa com juros 185

6.3 Inflação e orçamento de capital 185

Taxas de juros e inflação 185

Fluxos de caixa e inflação 186

Desconto: nominal ou real? 187

6.4 Definições alternativas de fluxo de caixa operacional 189

Abordagem de cima para baixo 190

Abordagem de baixo para cima 190

Abordagem do benefício fiscal 191

Conclusão 192

6.5 Alguns casos especiais de análise por fluxos

de caixa descontados 192

Avaliação de propostas de redução de custos 192

Definição do preço em uma licitação 194

Investimentos com vidas úteis diferentes:

método do custo anual equivalente 196

Resumo e conclusões 198

Questões conceituais 198

Questões e problemas 199

Domine o Excel! 208

Capítulo 7

Análise de Riscos, Opções Reais e Orçamento

de Capital 210

7.1 Análise de sensibilidade, análise de cenários

e análise de ponto de equilíbrio 210

Análise de sensibilidade e análise de cenários 211

Análise de ponto de equilíbrio 214

7.2 Simulação de Monte Carlo 217

Etapa 1: Especificar o modelo básico 218

Etapa 2: Especificar uma distribuição para cada

variável do modelo 218

Etapa 3: O computador extrai um resultado 220

Etapa 4: Repetir o procedimento 221

Etapa 5: Calcular o VPL 221

Sumário xix

7.3 Opções reais 222

Opção de expansão 222

Opção de abandono 223

Opções de espera 225

7.4 Árvores de decisão 226

Resumo e conclusões 228

Questões conceituais 228

Questões e problemas 229

Domine o Excel! 235

Capítulo 8

Taxas de Juros e Avaliação de Títulos de Dívida 238

8.1 Títulos de dívida e sua avaliação 239

Características e preços dos títulos de dívida 239

Valores e retornos dos títulos de dívida 239

Risco da taxa de juros 243

Como encontrar o retorno até o vencimento:

mais tentativa e erro 244

Títulos de cupom zero 246

8.2 Títulos públicos e títulos corporativos 248

Títulos públicos 248

Títulos de dívida corporativos 249

Classificação de risco de títulos de dívida 251

8.3 Mercados de títulos de dívida 252

Como os títulos de dívida são comprados e

vendidos 252

Relatórios de preços de títulos de dívida 253

Uma observação sobre cotações de preços dos

títulos de dívida 256

8.4 Inflação e taxas de juros 256

Taxas reais versus taxas nominais 257

Risco de inflação e títulos de dívida indexados à

inflação 258

O efeito Fisher 259

8.5 Determinantes dos retornos de títulos de dívida 260

A estrutura a termo das taxas de juros 260

Retornos de títulos de dívida e a curva de retornos:

montando o quebra-cabeça 263

8.6 Características gerais dos títulos de dívida

brasileiros 265

Títulos públicos federais 265

Negociação, registro e liquidação de títulos públicos 266

Tipos gerais de títulos públicos brasileiros 268

Denominação de títulos públicos, contagem de

dias e expressão de taxas 269

Principais títulos de dívida corporativa no Brasil 270

Títulos de dívida ou títulos de crédito? 270

Títulos de dívida emitidos por empresas brasileiras

no exterior 272

Operações estruturadas 272

Classificação de risco de títulos de dívida no Brasil 274

Conclusão 276

Resumo e conclusões 276

Questões conceituais 276

Questões e problemas 277

Domine o Excel! 281

Capítulo 9

Avaliação de Ações 283

9.1 Valor presente de ações 283

Dividendos versus ganhos de capital 283

Avaliação de diferentes tipos de ações 284

9.2 Estimativas de parâmetros no modelo de

descontos de dividendos 288

De onde vem g? 288

De onde vem R? 290

Ceticismo saudável 291

Dividendos ou lucros: qual descontar? 291

Empresa sem dividendos 292

9.3 Oportunidades de crescimento 292

VPLOCs de empresas do mundo real 294

Crescimento de lucros e dividendos versus

oportunidades de crescimento 295

9.4 Avaliação com empresas comparáveis 296

Índice Preço/Lucro 296

Índices de valor da empresa 298

9.5 Avaliação da empresa como um todo 299

9.6 Mercados de ações 301

Dealers e corretores 301

Organização da Nyse 301

Operações da Nasdaq 303

Relatórios do mercado de ações 304

Operações da BM&FBOVESPA 305

Sistemas de negociação e processamento de

operações 306

Câmara de arbitragem do mercado 307

Participantes 308

Corretoras 309

Mercados do segmento BOVESPA 309

O funcionamento do pregão e do after-market 310

Leilões 311

Formas de liquidação 313

Central depositária 315

Situações especiais 316

Índices 317

Aluguel de ativos 318

Considerações finais 319

Resumo e conclusões 320

Questões conceituais 320

Questões e problemas 321

Domine o Excel! 326

PARTE III Risco

Capítulo 10

Risco e Retorno: Algumas lições da história do

mercado de capitais 329

10.1 Retornos monetários 329

Retornos percentuais 331

10.2 Retornos nos períodos de investimento 333

O caso do mercado brasileiro 336

10.3 Estatísticas de retornos 338

xx Sumário

10.4 Retornos médios de ações e retornos sem risco 342

O retorno sem risco no mercado brasileiro 343

10.5 Estatística dos riscos 344

Variância 344

Distribuição normal e suas implicações para o

desvio padrão 345

10.6 Mais informações acerca dos retornos médios 346

Média aritmética versus média geométrica 346

Cálculo dos retornos médios geométricos 347

Retorno médio aritmético ou retorno médio

geométrico? 348

10.7 Prêmio pelo risco de ações dos Estados Unidos:

perspectivas históricas e internacionais 349

A evolução do mercado brasileiro 351

10.8 O ano de 2008: uma das piores crises financeiras 354

Resumo e conclusões 355

Questões conceituais 355

Questões e problemas 356

Domine o Excel! 359

Capítulo 11

Retorno e Risco: Modelo de precificação

de ativos financeiros (CAPM) 362

11.1 Títulos individuais 362

11.2 Retorno esperado, variância e covariância 363

Retorno esperado e variância 363

Covariância e correlação 365

11.3 Retorno e risco para carteiras 368

Retorno esperado de uma carteira 368

Variância e desvio padrão de uma carteira 369

11.4 Conjunto eficiente formado por dois ativos 372

11.5 Conjunto eficiente formado por vários títulos 376

Variância e desvio padrão

,

para calcular o valor do dinheiro no tempo

Cada vez mais, profissionais de diversas áreas (não apenas de finanças e de contabilidade) utilizam

planilhas para fazer os diferentes tipos de cálculos que surgem no mundo real. Assim, nesta seção,

mostraremos como utilizar uma planilha para tratar dos diversos problemas de valor do dinheiro no

tempo que apresentamos neste capítulo. Utilizaremos o Microsoft Excel™, mas os comandos são simi-

lares aos de outros tipos de software . Presumimos que você já conheça as operações básicas de uma

planilha.

Como vimos, você pode calcular qualquer uma das seguintes quatro

incógnitas em potencial: valor futuro, valor presente, taxa de desconto ou

número de períodos. Em uma planilha, há uma fórmula para cada uma de-

las. Para o Excel, elas são mostradas no quadro ao lado:

Nessas fórmulas, vp e vf são os valores presente e futuro, nper é o

número de períodos e taxa é a taxa de desconto ou de juros.

Aqui duas coisas são um pouco complicadas. Primeiro, diferentemen-

te de uma calculadora financeira, a planilha exige que a taxa seja inserida

como um decimal. Segundo, assim como na maioria das calc uladoras fi-

nanceiras, é preciso inserir um sinal negativo no valor presente ou no valor futuro para calcular a taxa

ou o número de períodos. Pela mesma razão, se você calcular um v alor presente, a resposta terá um

sinal negativo, a menos que se insira um valor futuro negativo. O mesmo vale quando se calcula um

valor futuro.

Para ilustrar como se pode utilizar essas fórmulas, voltaremos a um exemplo do capítulo. Se investir

$ 25.000 a 12% ao ano, em quanto tempo você terá $ 50.000? Pode-se começar uma planilha assim:

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

A B C D E F G H

o número desconhecido de períodos, então usamos a fórmula NPER (taxa, pgto, vp, vf).

Valor presente (vp): $ 25.000

Valor futuro (vf): $ 50.000

Taxa (taxa):

Períodos: 6,1162554

A fórmula inserida na célula B11 é 5NPER(B9,0,2B7,B8), note que pgto é zero e que vp tem um

sinal negativo. Note também que a taxa é inserida como decimal, e não como percentagem.

Uso de uma planilha eletrônica para calcular o valor do dinheiro no tempo

0,12

Se investirmos $ 25.000 a 12%, em quanto tempo teremos $ 50.000? Precisamos calcular

Para descobrir Digite esta fórmula

Valor futuro 5 VF (taxa, nper, pgto, vt)

Valor presente 5 VP (taxa, nper, pgto, vf)

Taxa de desconto 5 TAXA (nper, pgto, vp, vf)

Número de períodos 5 NPER (taxa, pgto, vp, vf)

Capítulo 4 Avaliação por Fluxos de Caixa Descontados 101

EXEMPLO 4.10 Avali ação de fluxos de caixa

Maria das Sortes ganhou na loteria e será paga em parcelas, recebendo o seguinte conjunto

de fluxos de caixa pelos próximos dois anos:

Ano Fluxos de caixa

1 $ 20.000

2 50.000

A Sra. Maria pode, no momento, auferir 6% em sua conta de poupança, portanto a taxa de

desconto apropriada é 6%. O valor presente dos fluxos de caixa é:

Ano Fluxo de caixa 3 Fator do valor presente 5 Valor presente

1

2

Em outras palavras, a Sra. Maria está igualmente inclinada a receber $ 63.367,70 hoje e a

receber $ 20.000 e $ 50.000 nos próximos dois anos.

EXEMPLO 4.11 VPL

A Finanças S/A tem uma oportunidade para investir em um novo computador de alta velo-

cidade que custa $ 50.000. O computador irá gerar fluxos de caixa (em economia de cus-

tos) de $ 25.000 daqui a um ano, $ 20.000 daqui a dois anos e $ 15.000 daqui a três anos.

O computador não terá valor depois de três anos, e não ocorrerá qualquer fluxo de caixa

adicional. A Finanças determinou que a taxa de desconto apropriada é 7% para esse inves-

timento. Ela deveria fazer esse investimento em um novo computador de alta velocidade?

Qual é o valor presente líquido do investimento?

Os fluxos de caixa e os fatores do valor presente para o computador proposto são os

seguintes:

Fluxos de caixa Fator do valor presente

Ano 0 2$ 50.000 1 5 1

1 $ 25.000

2 $ 20.000

3 $ 15.00 0

O valor pr esente dos fluxos de caixa é:

Fluxos de caixa 3 Fator do valor presente 5 Valor presente

Ano 0 2$ 50.000 3 1 5 2$ 50.000

1 $ 25.000 3 0,93 46 5 $ 23.365

2 $ 20.00 0 3 0,8734 5 $ 17.468

3 $ 15 .000 3 0,8163 5 $ 12.244,50

Total: $ 3.077,50

A Finanças S/A deveria investir no novo computador de alta velocidade, porque o valor

presente de seus fluxos de caixa futuros é maior do que o seu custo. O VPL é $ 3.077,50.

102 Parte II Valor e Orçamento de Capital

A fórmula algébrica

Para derivar uma fórmula algébrica para o valor presente líquido de um fluxo de caixa, lembre-

-se de que o VP de recebimento de um fluxo de caixa daqui a um ano é:

VP 5 C1/(1 1 r)

e o VP de recebimento de um fluxo d e caixa daqui a dois anos é:

VP 5 C2/(1 1 r)2

Podemos escrever o VPL de um projet o de T períodos c omo:

VLP

(4.5)

Presume-se que o fluxo inicial, 2C0, seja negativo, po rque representa um investimento. O o é

a abreviatura para a soma da série.

Fechamos esta seção respondendo à pergunta que fizemos no início do capítulo em relação

ao contrato do jogador de beisebol Carl Crawford. Lembre-se de que o contrato pedia um bônus

de assinatura de $ 6 milhões e $ 14 milhões em 2011. Os $ 122 milhões restantes deveriam ser

pagos como $ 19,5 milhões em 2012, $ 20 milhões em 2013, $ 20,25 milhões em 2014, $ 20,5

milhões em 2015, $ 20,75 milhões em 2016 e $ 21 milhões em 2017. Se 12% for a taxa de juros

apropriada, qual o valor do contrato que o defensor do Red Sox conseguiu?

Para responder, podemos calcular o valor presente descontando o salário de cada ano até

o presente, como segue (observe que presumimos que todos os pagamentos são feitos ao final

do ano):

US$ US$

US$

US$

US$

US$

US$

US$

US$

US$

Se preencher as linhas que f altam e somar (faça-o para praticar), verá que o contrato de Carl

tinha um valor presente de cerca de US$ 92,8 milhões, ou apenas cerca de 65% do valor anun-

ciado de US$ 142 milhões (mas ainda muito bom).

4.3 Períodos de capitalização composta

Até aqui, presumimos que a capitalização c ompos ta e o desconto ocorrem anualmente. Algu-

mas vezes, a capitalização composta pode ocorrer com maior frequência do que apenas uma

vez por ano. Por exemplo, imagine que um banco pague uma taxa de juros de 10% “capitalizada

semestralmente”. Isso significa que um depósito de $ 1.000 no banco valeria $ 1.000 3 1,05 5

$ 1.050 depois de seis meses e $ 1.050 3 1,05 5 $ 1.102,50 no final do ano.

O montante do final do ano pode ser escrito como:

É claro que um depósito de $ 1.000 valeri a $ 1.100 (5$ 1.000 3 1,10) com a capitalização

anual. Note que o valor futuro no final de um ano é maior com a capitalização semestral do que

com a anual. Com a capitalização anual, os $ 1.000 originais são a base de investimento para o

Capítulo 4 Avaliação por Fluxos de Caixa Descontados 103

ano inteiro. Com a capitalização semestral, os $ 1.000 originais são a base de investimento ape-

nas para os primeiros seis meses. A base pelos seis meses seguintes é $ 1.050. Por esse motivo,

obtém-se juros sobre juros com a capitalização semestral.

Uma vez que $ 1.000 3 1,1025 5 $ 1.102,50, 10% compostos semestralmente são o mes-

mo que 10,25% capitalizados anualmente. Em outras palavras, para uma investidora racional,

não importaria se fosse fixada uma taxa de 10% capitalizada semestralmente ou uma taxa de

10,25% capitalizada anualmente.

A capitalização trimestral a 10% produz rendimentos ao final de um ano de:

M ais genericamente, a capitalização composta de um investimento m vezes por ano propor-

ciona u m rendimento ao final d o ano de:

(4.6)

em que C0 é o investimento inicial e r é a taxa de juros anual nominal. A taxa de juros anual

nominal é a taxa de juros anual sem considerar a capitalização composta, uma taxa cujo período

não coincide com o período de capitalização. Os bancos e outras instituições financeiras podem

utilizar outros nomes para a taxa de juros anual nominal. Taxa percentual anual (TPa) talvez

possa ser um sinônimo. Doravante,

,

de uma carteira de vários

ativos 377

A fronteira eficiente no mercado brasileiro 379

11.6 Diversificação 379

Componentes previstos e inesperados das notícias 380

Risco: sistemático e não sistemático 380

A essência da diversificação 381

11.7 Tomar e conceder empréstimos sem risco 382

A carteira ótima 384

11.8 Equilíbrio de mercado 386

Definição de carteira de equilíbrio de mercado 386

Definição de risco quando os investidores têm a

carteira de mercado 387

Fórmula do beta 389

Um teste 389

11.9 Relação entre risco e retorno esperado (CAPM) 390

Retorno esperado do mercado 390

Retorno esperado de um título individual 391

Resumo e conclusões 393

Questões conceituais 394

Questões e problemas 395

Domine o Excel! 401

Capítulo 12

Teoria de Precificação por Arbitragem: Uma

perspectiva diferente sobre risco e retorno 403

12.1 Introdução 403

12.2 Risco sistemático e betas 403

12.3 Carteiras e modelos fatoriais 406

Carteiras e diversificação 408

12.4 Betas, arbitragem e retornos esperados 410

Relação linear 410

Carteira de mercado e fator único 411

12.5 Modelo de precificação de ativos e teoria de

precificação por arbitragem 412

Diferenças pedagógicas 412

Diferenças na aplicação 413

12.6 Abordagens empíricas para precificação de ativos 414

Modelos empíricos 414

Carteiras estilizadas 415

Resumo e conclusões 417

Questões conceituais 417

Questões e problemas 418

Domine o Excel! 422

Estudos do modelo de quatro fatores no

mercado brasileiro 423

Capítulo 13

Risco, Custo de Capital e Avaliação 424

13.1 Custo de capital 424

13.2 Estimativa do custo do capital próprio com o CAPM 425

Taxa sem risco 427

Prêmio pelo risco de mercado 428

13.3 Estimativa de beta 429

Betas do mundo real 429

Estabilidade de beta 431

Uso do beta de um setor 432

13.4 Determinantes de beta 433

Ciclicidade das receitas 433

Alavancagem operacional 433

Alavancagem financeira e beta 434

13.5 Abordagem do modelo de descontos de dividendos 435

Comparação entre MDD e CAPM 436

O modelo CAPM no mercado brasileiro 436

Como encontrar exemplos de avaliações de

empresas no mercado brasileiro 437

13.6 Custo de capital para divisões e projetos 437

13.7 Custo de títulos de renda fixa 439

Custo da dívida 439

Custo das ações preferenciais 440

13.8 Custo médio ponderado de capital 441

13.9 Avaliação com RCMPC 443

Avaliação de projetos e o RCMPC 443

Avaliação da empresa com o RCMPC 443

13.10 Estimativa do custo de capital da Eastman Chemical 446

Sumário xxi

13.11 Custos de emissão e custo médio

ponderado de capital 447

Abordagem básica 448

Custos de emissão e VPL 449

Capital interno e custos de emissão 450

Resumo e conclusões 450

Questões conceituais 451

Questões e problemas 452

Estudos de estimação do custo de capital

no mercado brasileiro 458

PARTE IV Estrutura de Capital e

Política de Dividendos

Capítulo 14

Eficiência do Mercado de Capitais e Desafios

Comportamentais 459

14.1 As decisões de financiamento podem criar valor? 459

14.2 Uma descrição dos mercados de capital eficientes 462

Bases da eficiência do mercado 463

14.3 Os tipos diferentes de eficiência 465

A forma fraca 465

As formas semiforte e forte 465

Algumas concepções erradas comuns sobre a

hipótese dos mercados eficientes 467

14.4 As evidências 468

A forma fraca 468

A forma semiforte 470

A forma forte 474

14.5 O desafio de Finanças Comportamentais para a

eficiência do mercado 474

14.6 Desafios empíricos para a eficiência de mercados 476

14.7 Revisando as diferenças 482

14.8 Consequências para Finanças Corporativas 483

1. Escolhas contábeis, escolhas financeiras e a

eficiência de mercado 483

2. A escolha do momento da decisão 484

3. Especulação e mercados eficientes 487

4. A informação nos preços do mercado 488

Resumo e conclusões 489

Questões conceituais 491

Questões e problemas 494

Capítulo 15

Financiamento de Longo Prazo: Uma introdução 498

15.1 Algumas características das ações ordinárias e

preferenciais 498

Características de ações ordinárias 498

Eleição de conselheiros de administração de

empresas no Brasil 499

Conselho fiscal 503

Características de ações preferenciais 503

Espécies, classes, preferências e vantagens 505

Ações ordinárias 505

Ações preferenciais 506

Segmentos especiais de listagem 506

Novo mercado 507

Nível 2 508

Nível 1 508

BOVESPA MAIS 508

15.2 Dívidas de longo prazo emitidas por empresas 509

É dívida ou capital próprio? 509

Dívida de longo prazo: o básico 510

A escritura de emissão 512

O mercado de debêntures no Brasil 515

15.3 Alguns tipos diferentes de títulos de dívida 516

Títulos com taxa flutuante 516

Outros tipos de títulos 517

Cenário brasileiro – títulos de longo prazo com taxa

flutuante 517

15.4 Empréstimos bancários 519

15.5 Padrões de financiamento 519

15.6 Tendências recentes na estrutura de capital nos

Estados Unidos 521

O que é melhor: valor contábil ou de mercado? 523

Resumo e conclusões 523

Questões conceituais 524

Questões e problemas 525

Capítulo 16

Estrutura de Capital: Conceitos básicos 527

16.1 O problema da estrutura de capital e a teoria

da pizza 527

16.2 Maximização do valor da empresa versus

maximização da participação dos acionistas 528

16.3 Alavancagem financeira e valor da empresa: um

exemplo 530

Alavancagem e retornos para os acionistas 530

Escolha entre dívida e capital próprio 532

Pressuposto fundamental 534

16.4 Modigliani e Miller: Proposição II (sem tributos) 534

O risco para os acionistas sobe com a alavancagem 534

Proposição II: o retorno exigido para os acionistas

sobe com a alavancagem 535

M&M: interpretação 540

16.5 Tributos 543

A ideia básica 543

Valor presente do benefício fiscal 544

Valor da empresa alavancada 545

Retorno esperado e alavancagem com tributos

sobre lucros da pessoa jurídica 547

Custo médio ponderado de capital, RCMPC,

com tributos sobre o lucro da pessoa jurídica 548

Preço da ação e alavancagem com tributos sobre

lucros da pessoa jurídica 549

Resumo e conclusões 551

Questões conceituais 551

Questões e problemas 552

xxii Sumário

Capítulo 17

Estrutura de Capital: Limites para o uso de dívida 558

17.1 Custos de dificuldades financeiras 559

Risco de falência ou custo de falência? 559

17.2 Descrição de custos de dificuldades financeiras 561

Custos diretos de dificuldades financeiras: custos

legais e administrativos de recuperação judicial 561

Custos indiretos de dificuldades financeiras 562

Custos de agência 563

17.3 Os custos de endividamento podem ser reduzidos? 566

Cláusulas protetoras 566

Consolidação da dívida 568

17.4 Integração de efeitos fiscais e custos de

dificuldades financeiras 568

A pizza de novo 569

17.5 Sinalização 571

17.6 Negligências, regalias e investimentos ruins:

uma observação acerca do custo de agência

do capital próprio 573

Efeito dos custos de agência do capital próprio sobre

o financiamento por dívida ou capital próprio 575

Fluxo de caixa livre 575

17.7 Teoria da ordem hierárquica de financiamento 576

Regras da ordem hierárquica de financiamento 577

Implicações 578

17.8 Tributos sobre a renda da pessoa física 579

Princípios básicos dos tributos sobre a renda de

pessoas físicas 579

Efeito dos tributos de pessoa física sobre a estrutura

de capital nos EUA 579

Efeito dos tributos de pessoa física sobre a estrutura

de capital no Brasil 581

17.9 Como as empresas estabelecem a estrutura

de capital 582

17.10 Estrutura de capital no Brasil 585

Resumo e conclusões 591

Questões conceituais 592

Questões e problemas 592

Capítulo 18

Avaliação e Orçamento de Capital da Empresa

Alavancada 597

18.1 A abordagem do valor presente ajustado 597

18.2 A abordagem do fluxo de caixa para o acionista 600

Etapa 1: Cálculo do fluxo de caixa alavancado (FCA) 600

Etapa 2: Cálculo de RS 600

Etapa 3: Avaliação 601

18.3 O método do custo médio ponderado de capital 601

18.4 A comparação das abordagens de VPA, FPA e CMPC 602

Diretriz sugerida 603

18.5 Avaliação quando a taxa de desconto precisa ser

estimada 605

18.6 Exemplo de VPA 607

18.7 Beta e alavancagem 610

,

Projeto que não é de aumento de escala 611

Resumo e conclusões 613

Questões conceituais 613

Questões e problemas 613

Capítulo 19

Dividendos e Outras Formas de

Distribuição de Lucros 619

19.1 Diferentes tipos de distribuição de lucros 619

19.2 Método padrão de distribuição de dividendos 620

19.3 Dividendos na legislação societária brasileira 623

Juros sobre o capital próprio 626

19.4 Caso de referência: uma ilustração da

irrelevância da política de dividendos 629

Política atual: dividendo no valor do fluxo de caixa 630

Política alternativa: dividendo inicial maior

que o fluxo de caixa 630

A proposição de indiferença 630

Dividendos caseiros 631

Um teste 632

Dividendos e a política de investimentos 632

19.5 Recompra de ações 633

Recompras de ações nos Estados Unidos 633

Recompras de ações no Brasil 634

Dividendo versus recompra: exemplo conceitual 635

Dividendos versus recompras: considerações do

mundo real 636

Recompras de ações no Brasil 637

19.6 Impostos para pessoa física, dividendos e

recompra de ações 637

Empresas sem dinheiro suficiente para pagar

dividendos 638

Empresas com dinheiro suficiente para pagar

dividendos 639

Dividendos sobre o lucro fiscal ou sobre o lucro

societário? 641

Resumo dos impostos para pessoa física nos EUA 642

19.7 Fatores reais que apoiam uma política

de dividendos elevados 642

Desejo de renda corrente 642

Finanças comportamentais 643

Custos de agência 644

Conteúdo informacional e sinalização com

dividendos 645

19.8 O efeito clientela: uma solução para os fatores do

mundo real? 647

19.9 O que sabemos e o que não sabemos sobre políticas

de dividendos 649

Dividendos corporativos são substanciais 649

Menos empresas pagam dividendos 650

Empresas suavizam os dividendos 651

Algumas evidências de pesquisas sobre os

dividendos 653

O caso brasileiro dos diferentes tipos de payouts 654

Sumário xxiii

19.10 Montando o quebra-cabeça 655

19.11 Bonificação em ações e desdobramento de ações 657

Alguns detalhes sobre os desdobramentos de ações e

as bonificações em ações nos EUA 658

Valor dos desdobramentos de ações e das

bonificações em ações 659

Grupamento de ações 660

Resumo e conclusões 661

Questões conceituais 662

Questões e problemas 664

Dividendos no Brasil: leituras sugeridas 670

PARTE V Financiamentos de Longo

Prazo

Capítulo 20

Captação de Recursos 671

20.1 Financiamento inicial e venture capital 671

Venture capital 672

Estágios de financiamento 674

Algumas verdades sobre o venture capital 675

Investimentos de venture capital e condições

econômicas 675

Histórico de venture capital no Brasil 676

20.2 Emissão pública 677

Cenário brasileiro 679

Modernização regulatória 681

20.3 Métodos alternativos de emissão 681

20.4 Oferta de ações 683

Bancos de investimento 686

O preço de oferta 688

Subprecificação: uma explicação possível 688

20.5 Anúncios de emissão de novas ações e valor da

empresa 690

20.6 Custos das novas emissões 691

Os custos de abertura de capital: um estudo de caso 692

Os custos de abertura de capital no Brasil 694

A organização de um processo de emissão

subsequente 696

20.7 Direitos de subscrição 697

A mecânica de uma oferta de direitos 699

Preço de subscrição 699

Número de direitos necessários para comprar uma

ação 700

Efeito da oferta de direitos no preço da ação 700

Efeitos sobre os acionistas 702

Processo de subscrição em uma emissão de direitos 702

20.8 O quebra-cabeça dos direitos 702

20.9 Diluição 703

Diluição da propriedade proporcional 703

Diluição do preço da ação 704

Valor contábil 704

Lucros por ação 705

Conclusão 705

20.10 Registro de prateleira 706

20.11 Como abrir o capital de uma empresa no Brasil 707

Os segmentos de listagem das ações na

BM&FBOVESPA 708

Ofertas para investidores residentes no exterior 710

Definição das características da emissão 710

Período de silêncio 710

Anúncio da oferta 711

20.12 Emissão de dívida de longo prazo 712

Empréstimos do BNDES 713

BNDES Finame 714

BNDES Finame Agrícola 715

Clientes 715

Itens financiáveis 715

Resumo e conclusões 716

Questões conceituais 716

Questões e problemas 719

Capítulo 21

Arrendamento Mercantil (Leasing) 723

21.1 Tipos de arrendamento mercantil 723

Noções básicas 723

Arrendamentos mercantis operacionais 724

Arrendamentos mercantis financeiros 725

21.2 Contabilidade e arrendamento 726

Arrendamento pela norma norte-americana (FASB) 726

Arrendamento pela norma brasileira (IFRS) 727

Arrendamento nas demonstrações contábeis do

arrendatário 728

Arrendamento mercantil nas demonstrações

contábeis do arrendador 729

Transação de venda e retroarrendamento

(leaseback) conforme a norma IFRS 729

Arrendamento: convergência entre IASB E FASB para

normas de contabilização 729

21.3 Arrendamentos e tributos 729

21.4 Os fluxos de caixa do arrendamento 730

21.5 Um desvio por fluxos de caixa descontados e

capacidade de endividamento com tributação sobre

lucros 732

Valor presente de fluxos de caixa sem risco 732

Nível ótimo de dívida e fluxos de caixa sem risco 733

21.6 Análise do VPL da decisão entre compra ou

arrendamento 734

A taxa de desconto 735

21.7 Substituição de dívidas e avaliação de

arrendamentos 735

Um conceito básico de substituição de

endividamento 735

Nível ótimo de endividamento no exemplo

da Xomox 736

21.8 O arrendamento pode compensar? O caso base 738

21.9 Motivos para arrendar 739

Bons motivos para arrendar 740

Maus motivos para arrendar 742

xxiv Sumário

21.10 Algumas questões não respondidas 744

Os usos de arrendamentos e de endividamento são

complementares? 744

Por que os arrendamentos são oferecidos tanto por

fabricantes quanto por terceiras partes arrendadoras? 744

Por que alguns ativos são mais arrendados do que

outros? 744

Resumo e conclusões 745

Questões conceituais 746

Questões e problemas 747

PARTE VI Opções, Futuros e

Finanças Corporativas

Capítulo 22

Opções e Finanças Corporativas 751

22.1 Opções 751

As opções na BM&FBOVESPA 752

22.2 Opções de compra 754

Valor de uma opção de compra no vencimento 754

22.3 Opções de venda 755

Valor de uma opção de venda no vencimento 756

22.4 Venda de opções 756

A venda de opções na BM&FBOVESPA 758

22.5 Cotações de opções 758

As cotações das opções na BM&FBOVESPA 759

Opções exóticas (opções flexíveis) 760

22.6 Combinações de opções 761

22.7 Avaliação de opções 764

Determinando os limites do valor de uma

opção de compra 764

Fatores que determinam os valores da opção de

compra 765

Breve discussão sobre os fatores que

determinam os valores da opção de venda 768

22.8 Fórmula de cálculo do preço da opção 769

Modelo binomial 769

Modelo Black-Scholes 772

22.9 Ações e títulos de dívida como opções 776

A empresa expressa em termos de opções

de compra 777

A empresa expressa em termos de opções

de venda 779

Conciliação das duas visões 779

Uma nota sobre garantias para empréstimos 781

22.10 Opções e decisões corporativas: algumas aplicações 782

Fusões e diversificação 782

Opções e orçamento de capital 783

22.11 Investimento em projetos e opções reais 785

Resumo e conclusões 787

Questões conceituais 788

Questões e problemas 789

Domine o Excel! 796

Capítulo 23

Opções e Finanças Corporativas: Extensões e

aplicações 799

23.1 Opções de ações para executivos (stock options) 799

Por que opções? 799

Os desafios do incentivo de longo prazo no Brasil 801

Avaliação da remuneração dos executivos 802

23.2 Avaliação de empresas em estágio inicial 804

23.3 Mais sobre o modelo binomial 807

Óleo para aquecimento 807

23.4 Decisões de fechamento e reabertura 813

Avaliação de uma mina de ouro 813

Decisões de abandono e abertura 814

Avaliação da mina de ouro simples 815

Resumo e conclusões 820

Questões conceituais 820

Questões e problemas 821

Capítulo 24

Bônus de Subscrição e Títulos Conversíveis 824

24.1 Bônus de subscrição 824

24.2 Diferença entre bônus de subscrição e opções

de compra 825

Como a empresa pode prejudicar os titulares

de bônus de subscrição 828

24.3 Precificação de bônus de subscrição

e o modelo Black-Scholes

,

828

24.4 Títulos de dívida conversíveis 829

24.5 Valor dos títulos de dívida conversíveis 830

Valor do título de dívida não conversível 830

Valor de conversão 831

Valor da opção 831

24.6 Motivos para emitir bônus de subscrição

e títulos conversíveis 833

Dívida conversível versus dívida pura 833

Dívida conversível versus ações 834

O mito do “almoço grátis” 835

O mito do “almoço caro” 835

Uma conciliação 836

24.7 Por que bônus de subscrição e títulos

conversíveis são emitidos? 836

Casamento de fluxos de caixa 836

Sinergia de riscos 836

Custos de agência 837

Capital próprio indireto 837

24.8 Política de conversão 837

Caso da Light S/A 839

Caso da Minerva S/A 839

Caso da Iochpe-Maxion S/A 839

Resumo e conclusões 843

Questões conceituais 844

Questões e problemas 844

Sumário xxv

Capítulo 25

Derivativos e Seus Riscos 847

25.1 Derivativos, hedge e risco 847

25.2 Contratos a termo 848

25.3 Contratos de futuros 849

25.4 Hedge 854

25.5 Contratos de futuros de taxa de juros 856

Precificação de títulos do Tesouro dos EUA 856

Precificação de contratos a termo 856

Contratos de futuros 858

Hedge em futuros de taxa de juros 858

25.6 Hedge de duração 863

Caso dos títulos de dívida com cupom zero 863

Caso de dois títulos de dívida com o mesmo

vencimento, porém com cupons diferentes 864

Duração 865

Casamento de passivos com ativos 866

25.7 Contratos de swap 869

Swaps de taxa de juros 869

Swaps de moedas 871

Swaps de crédito (CDS) 871

Derivativos exóticos 872

25.8 Uso de derivativos na prática 874

Resumo e conclusões 875

Questões conceituais 875

Questões e problemas 877

Capítulo 26

Derivativos no Mercado Brasileiro 881

26.1 Breve histórico das bolsas brasileiras 881

26.2 Funcionamento dos mercados de derivativos

brasileiros 882

26.3 Benefícios e riscos no uso de derivativos 882

26.4 Operacionalização do mercado de derivativos na

BM&FBOVESPA 884

26.5 Contratos derivativos negociados na BM&FBOVESPA 888

26.6 Contratos de futuros de taxa de juros 890

Taxas a termo (forward) 894

O ajuste diário 895

Taxas implícitas no PU de DI-1 898

Liquidação no vencimento e ajuste diário 899

Ajustes diários no hedge 900

Operações de hedge e arbitragem com contratos

de futuros DI-1 900

Usos mais frequentes do DI 903

Resultados do hedge no mercado de DI 904

26.7 Estrutura temporal, inflação e taxas de juros no Brasil:

instrumentos para gestão e análise das taxas de juros 905

A distinção entre estrutura a termo de taxas de juros e

curva de retornos 907

Inflação implícita e arbitragem entre curvas 911

26.9 Operações de swap no Brasil 913

26.10 Derivativos agropecuários 916

O risco de base 918

Hedge de compra com risco de base 920

Hedge de venda com risco de base 921

26.11 Derivativos negociados fora de Bolsa no Brasil 921

26.12 Derivativos e tributação 922

26.13 Derivativos e governança 923

Divulgação de derivativos 923

Governança do processo decisório em derivativos 924

Resumo e conclusões 925

Questões conceituais 926

Questões e problemas 926

PARTE VII Finanças de Curto Prazo

Capítulo 27

Planejamento e Finanças de Curto Prazo 929

27.1 No caminho do caixa e do capital de giro 930

Uma visão integrada do capital de giro 932

27.2 Ciclo operacional e ciclo financeiro 935

Definição dos ciclos operacional e financeiro 935

O ciclo operacional e o organograma da empresa 937

Cálculo dos ciclos operacional e financeiro 937

Interpretando o ciclo financeiro 940

Exame dos ciclos operacional e financeiro 940

27.3 Alguns aspectos da política financeira

de curto prazo 941

O tamanho do investimento de uma empresa em

ativos circulantes 941

Políticas alternativas de financiamento para ativos

circulantes 943

Qual é melhor? 945

27.4 Orçamento financeiro de curto prazo 946

Saídas de caixa 947

O saldo de caixa 948

27.5 Plano financeiro de curto prazo 948

Empréstimos bancários para capital de giro 948

Empréstimos para capital de giro com garantia de

recebíveis 950

Garantias para linhas de crédito 952

Operações de fomento comercial (Factoring) 952

Financiamento de estoques 952

27.6 O capital de giro e o crescimento sustentável 952

Crescimento sustentável versus efeito tesoura 957

Resumo e conclusões 959

Questões conceituais 960

Questões e problemas 961

Domine o Excel! 970

Capítulo 28

Gestão do Caixa 972

28.1 Motivos para manter saldos de caixa 972

Os motivos especulação e precaução 972

O motivo transação 973

xxvi Sumário

Saldos médios 973

Custos de manter saldos de caixa 973

Gestão de caixa versus gestão da liquidez 973

Reservas bancárias 974

As taxas Selic e DI 974

Data de transação e data de liquidação financeira 975

Exemplos de datas de liquidação financeira em

negócios usuais 976

O Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB 976

Infraestrutura do sistema de pagamentos brasileiro 977

Instrumentos de pagamento no Brasil 978

Canais de atendimento 981

28.2 O float 983

Float de desembolso 983

Float de cobrança e float líquido 984

Administração do float 985

Transferência eletrônica de dados: o fim do float? 990

28.3 Cobrança e concentração de caixa 991

Componentes do prazo de recebimento 991

Cobrança 991

28.4 Administração dos desembolsos de caixa 992

Aumento do float de desembolso 992

Controle de desembolsos 992

28.5 Investimento do caixa ocioso 993

Excedentes temporários de caixa 994

Aplicações financeiras de curto prazo 994

Alguns tipos diferentes de títulos do mercado

monetário 995

Mais estratégias de gestão do caixa 997

Resumo e conclusões 998

Questões conceituais 999

Questões e problemas 1000

Capítulo 29

Administração de Crédito e de Estoques 1002

29.1 Crédito e contas a receber 1002

Componentes da política de crédito 1003

Fluxos de caixa da concessão de crédito 1003

O investimento em contas a receber 1004

29.2 Condições de venda 1004

A forma básica 1004

Prazo do crédito 1005

Descontos 1007

Instrumentos de crédito 1009

29.3 Análise da política de crédito 1010

Efeitos da política de crédito 1011

Avaliação de uma política de crédito proposta 1011

29.4 Política de crédito ótima 1013

A curva do custo total do crédito 1013

Organização da função de crédito 1014

29.5 Análise de crédito 1015

Quando o crédito deve ser concedido? 1015

Informações de crédito 1016

Avaliação e classificação de crédito 1017

29.6 Política de cobrança 1017

Monitoramento de contas a receber 1017

Esforço de cobrança 1018

29.7 Gestão de estoques 1019

O administrador financeiro e a política de estoques 1019

Tipos de estoque 1019

Custos do estoque 1020

29.8 Técnicas de gestão de estoques 1020

A abordagem ABC 1020

O modelo do lote econômico 1021

Extensões do modelo do lote econômico 1025

Gestão dos estoques de demanda derivada 1025

Resumo e conclusões 1027

Questões conceituais 1028

Questões e problemas 1029

PARTE VIII Tópicos Especiais

Capítulo 30

Fusões, Aquisições e Desinvestimentos 1033

30.1 Formas básicas de aquisição 1033

Fusão ou incorporação 1033

Aquisição de ações 1034

Aquisição de ativos 1035

Esquema de classificação 1035

Observação sobre tomadas de controle (takeovers) 1036

30.2 Sinergia 1037

30.3 Fontes de sinergia 1039

Aumento de receitas 1039

Redução de custos 1040

Ganhos de impostos 1041

Redução das necessidades de capital 1044

30.4 Dois efeitos colaterais financeiros de aquisições 1045

Crescimento de lucros 1045

Diversificação 1046

30.5 Custo para acionistas com a redução de riscos 1046

Caso base 1047

Ambas as empresas têm dívidas 1047

Como os acionistas podem reduzir seus prejuízos

advindos do efeito de cosseguro? 1049

30.6 VPL de uma fusão 1049

Caixa disponível 1049

Ações 1050

Dinheiro versus ações 1051

30.7 Tomadas de controle amigáveis versus hostis 1052

30.8 Táticas defensivas 1055

Dissuasão de tomadas de controle antes

de a empresa estar em jogo 1055

Dissuasão de uma tomada de controle

depois de a empresa estar em jogo 1057

30.9 As fusões agregam valor? 1060

Retornos para as ofertantes 1061

Empresas-alvo 1062

Gestores versus acionistas 1062

30.10 Formas tributárias de aquisições 1064

Tributação em fusões e aquisições no Brasil 1066

Sumário

,

xxvii

30.11 Contabilização de aquisições 1067

30.12 Fechamento de capital e aquisições alavancadas 1068

30.13 Desinvestimentos 1070

Venda 1070

Distribuição de capital em ações de controlada 1071

Captação de recursos com emissão de ações de

controlada 1071

Ações de monitoramento 1072

Resumo e conclusões 1072

Questões conceituais 1073

Questões e problemas 1074

Capítulo 31

Dificuldades Financeiras 1081

Primeira parte: considerações gerais sobre

recuperação judicial e práticas nos Estados Unidos 1082

31.1 O que são dificuldades financeiras? 1082

31.2 O que acontece quando há dificuldades

financeiras? 1084

31.3 Liquidação e reorganização judicial nos Estados

Unidos 1086

Liquidação judicial 1086

Reorganização judicial 1088

31.4 Acordo privado ou recuperação judicial: qual é

melhor? 1091

A empresa média 1092

Obstruções ao processo de recuperação 1092

Complexidade 1093

Falta de informação 1093

31.5 Recuperação judicial programada 1093

31.6 Previsão de falências de empresas: o modelo z-score 1094

Segunda parte: considerações gerais sobre

recuperação judicial e falência no Brasil 1096

31.7 O caso brasileiro: recuperação judicial, liquidação

e falência de empresas 1096

A dificuldade em sair da recuperação judicial 1099

O caso Busscar 1100

Resumo e conclusões 1101

Questões conceituais 1102

Questões e problemas 1102

Capítulo 32

Finanças Corporativas Internacionais 1104

32.1 Terminologia 1105

32.2 Mercados de câmbio e taxas de câmbio 1107

Taxas de câmbio 1108

32.3 Paridade do poder de compra 1112

Paridade do poder de compra absoluta 1112

Paridade do poder de compra relativa 1114

32.4 Paridade de taxa de juros, taxas a termo não

viesadas e o efeito Fisher Internacional 1116

Arbitragem de juros coberta 1116

Paridade da taxa de juros 1117

Taxas a termo e taxas à vista no futuro 1118

Montando o quebra-cabeça 1118

32.5 Orçamento internacional de capital 1120

Método nº 1: abordagem da moeda doméstica do

investidor 1121

Método nº 2: abordagem da moeda estrangeira 1121

Fluxos de caixa bloqueados 1122

O custo do capital para empresas com atuação

internacional 1122

32.6 Risco da taxa de câmbio 1123

Exposição a curto prazo 1123

Exposição a longo prazo 1124

Exposição à conversão de demonstrações contábeis 1125

Administração do risco da taxa de câmbio 1127

32.7 Risco político 1128

32.8 Captação de recursos e gestão do caixa no exterior 1128

Captações locais por subsidiárias e controladas no

exterior 1133

Visão geral do mercado dos Estados Unidos 1133

Aplicações de caixa 1136

Sistema de pagamentos 1136

Gestão de desembolsos de caixa 1138

Tópicos de gestão de contas a receber

nos Estados Unidos 1140

Como acelerar as cobranças: um exemplo 1141

Aumento do float de desembolso 1142

Gestão de caixa internacional 1142

Organização da função de crédito 1143

Resumo e conclusões 1144

Questões conceituais 1145

Questões e problemas 1146

Domine o Excel! 1149

Referências 1151

Glossário 1157

Índice 1175

V

is

ão

G

er

al

PA

RT

E

I

1.1 O que são Finanças Corporativas?

Suponha que você decida co meçar uma empresa para fabricar bolas de tênis. Para isso, você

contrata gestores que comprarão a matéria-prima e monta uma força de trabalho para a produção

e venda do produto final. Na linguagem das finanças, você faz um investimento em ativos como

estoque, maquinário, terreno e no pagamento de trabalhadores. A quantidade de dinheiro que

você investir em ativos deve corresponder à igual quantidade de dinheiro que você precisa levan-

tar para financiar esses ativos. Quando você começar a vender bolas de tênis, sua empresa gerará

caixa. Essa é a base da criação de valor. O objetivo da empresa é criar valor para você, o proprie-

tário. O valor está refletido na estrutura do modelo simples de balanço patrimonial da empresa.

Introdução às Finanças

Corporativas

A remuneração dos executivos passou a ser

uma questão de interesse dos investidores

no mercado brasileiro e continua sendo uma

questão complicada nos Estados Unidos. Em

2013, muitas companhias abertas brasileiras

ainda não divulgavam a remuneração dos seus

executivos, o que é exigido pelas normas da

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) desde

2009. Nos Estados Unidos, é de conhecimen-

to geral que a remuneração de um diretor-

-presidente cresceu a níveis exorbitantes (pelo

menos em alguns casos); parece que esse ain-

da não é caso no Brasil. Nos EUA, em julho de

2012, a Dodd – Frank Wall Street Reform and

Consumer Protection Act (Lei Dodd-Frank de

Reforma de Wall Street e Proteção ao Consu-

midor) entrou em vigor. A seção da lei que diz

respeito ao direito de os acionistas opinarem

sobre a política de remuneração (say on pay)

exige que, a partir de janeiro de 2011, as empre-

sas norte-americanas com um valor de merca-

do acima de $ 75 milhões permitam o voto de

acionistas sobre o pacote de remuneração dos

executivos (observe que, como a lei se aplica

a empresas de capital aberto, ela não permite

que eleitores decidam os honorários de sena-

dores e representantes norte-americanos).

Especificamente, a Dodd-Frank permite

que acionistas de empresas norte-americanas

opinem sobre os planos de remuneração dos

executivos de uma companhia norte-ame-

ricana. Como a lei não vincula a decisão dos

executivos, ela não permite que acionistas ve-

tem um pacote de remuneração e não impõe

limites à remuneração dos executivos. Em fe-

vereiro de 2011, os acionistas do Beazer Homes

USA e o grupo Jacobs Engineering tornaram-

-se os primeiros a votar contra a remuneração

dos executivos sob a nova lei. Um analista

previu que as duas companhias não estariam

sozinhas. Ele previu que muitas companhias

receberiam votos negativos de acionistas no

futuro próximo.

Entender como uma empresa estabelece

a remuneração dos executivos e qual o papel

dos acionistas no processo nos remete a ques-

tões envolvendo a organização, o objetivo e

o controle de uma empresa de capital aberto.

Todas essas questões serão estudadas neste

capítulo.

1

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matheus.paiva

Realce

2 Parte I Visão Geral

O modelo do balanço patrimonial da empresa

Imagine que capturamos uma imagem instantânea das finanças e das atividades da empresa

em um dado momento. A Figura 1.1 mostra o balanço patrimonial graficamente e o ajudará na

introdução às Finanças Corporativas.

Os ativos da empresa encontram-se ao lado esquerdo do balanço patrimonial. Esses ati-

vos podem ser considerados circulantes e não circulantes. Ativos não circulantes são aqueles

que terão uma duração prolongada, como prédios. Alguns ativos não circulantes são tangíveis,

como máquinas e equipamentos, classificados na Contabilidade como Ativo Imobilizado. Ou-

tros ativos não circulantes são intangíveis, como patentes e marcas registradas, classificados na

Contabilidade como Ativo Intangível. A outra categoria de ativos – os ativos circulantes – com-

preende aqueles de curta duração – um estoque, por exemplo. As bolas de tênis que sua empresa

produziu, mas ainda não vendeu, são parte do estoque. A menos que você tenha produzido em

excesso, elas deixarão a empresa em pouco tempo.

Antes que uma empresa possa investir em um ativo, ela deve arranjar o seu financia-

mento, o que significa que ela deve levantar fundos para pagar pelo investimento. As formas

de financiamento estão representadas no lado direito do balanço patrimonial. Uma empresa

emitirá (venderá) pedaços de papel chamados de títulos de dívida (títulos representativos de

empréstimos) ou ações (certificados de participação patrimonial). Assim como os ativos são

classificados como de curta ou longa duração, os passivos são classificados da mesma forma.

Uma dívida de curto prazo é chamada de passivo circulante. Dívidas de curto prazo repre-

sentam empréstimos e outras obrigações que precisam ser pagas dentro de um ano. Dívidas

de longo prazo

ROSS et al - Administracao Financeira - Gestão Financeira (2024)
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Author: Pres. Lawanda Wiegand

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Name: Pres. Lawanda Wiegand

Birthday: 1993-01-10

Address: Suite 391 6963 Ullrich Shore, Bellefort, WI 01350-7893

Phone: +6806610432415

Job: Dynamic Manufacturing Assistant

Hobby: amateur radio, Taekwondo, Wood carving, Parkour, Skateboarding, Running, Rafting

Introduction: My name is Pres. Lawanda Wiegand, I am a inquisitive, helpful, glamorous, cheerful, open, clever, innocent person who loves writing and wants to share my knowledge and understanding with you.